sábado, 28 de novembro de 2015

A GEOPOLÍTICA DO SÉCULO XXI SENDO ESCRITA EM TEMPO REAL (parte 2)

Em resposta à ação terrorista a França pode ter iniciado uma guerra de grandes proporções

Por Éder Israel


Disponível em: < http://midia.gruposinos.com.br/_midias/jpg/2015/11/16/torre_eiffel_afp-1182984.jpg> Acesso em 28 nov. 2015

"Será que desta vez conseguimos?" Possivelmente perguntavam-se os terroristas, representantes de uma minoria absoluta do mundo islâmico, enquanto contabilizavam os ganhos e as perdas da ação, enquanto os franceses juntavam os cacos no centro de Paris e planejavam a reação aos ataques sofridos, assim como o planejamento das ações para evitar ou pelo menos prevenir que outros ataques possam ocorrer.

Após as mortes, uma onda global de comoção se espalhou pela Europa e pelo mundo, e apoio aos franceses e em repúdio ao Estado Islâmico. Porém, esta comoção não chegou ao lugar em que deveria de fato, que é a Organização das Nações Unidas - ONU, ou mesmo à Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN, uma força militar criada durante a Guerra Fria para cobater a ameaça bélica da União Soviética, mas que serve nos dias atuais para a defesa (ou ataque, na maioria das vezes) dos países signatários, em sua maior parte potências mundiais.

De fato o clamor não alcançou as esferas dos mecanismos supranacionais, mas motivou os franceses a ampliar suas ações militares autônomas contra o Estado Islâmico na Síria, ações estas que ocorrem desde setembro de 2015, em resposta aos ataques realizados pelos terroristas na revista Charlie Hebdo em janeiro deste ano. No dia seguinte a França já planejava como aumentar seu poder de fogo na Síria, sem ferir os direitos nacionais e a autonomia da nação do Oriente Médio, se é que isto seria de algum modo possível.

Grande parte do "cuidado" francês nestas ações era por conta da preocupação de não "sujar" a imagem do país, matando mais civis do que seria necessário, fato que poderia dificultar a adesão de outras nações ao projeto bélico da nação europeia. Dito e feito. No domingo, dois dias depois da ação terrorista em Paris, os aviões da potência europeia iniciaram os bombardeios sobre alvos atribuídos ao Estado Islâmico no país do Oriente Médio. A resposta, segundo o presidente francês, deveria ser rápida, eficiente e certeira.


Disponível em: < http://i0.wp.com/wp.radioshiga.com/wp-content/uploads/2015/11/bombardeio.jpg?w=696> Acesso em 28 nov. 2015

As forças de segurança da ONU e a própria OTAN se mostraram inertes às ações francesas, em um misto de preocupação com os resultados futuros dos bombardeios, e ao mesmo tempo de alívio, em saber que nãoprecisariam agir contra um inimigo tão perigoso como os extremistas islâmicos.

Enquanto franceses bombardeavam o Estado Islâmico em alvos estratégicos, uma verdadeira caçada humana se desenvolvia na União Europeia, inicialmente na França e posteriormente na Bélgica, em busca de provas e indícios que apresentassem uma ponta de fio solta neste novelo emaranhado de extremismo desmedido e ações terroristas descabidas que assolam o continente.

Na França as buscas se concentraram em locais por onde os terroristas possam ter passado e/ou planejado as ações terroristas. Já na Bélgica estas ações de busca tentam ligar um dos terroristas, sabidamente belga, a outras pessoas que pudessem fazer parte de alguma célula europeia do grupo extremista, que estejam planejando novos atentados em solo europeu.


Disponível em: < http://e-c4.sttc.net.br/uploads/RTEmagicC_f39b423dd2.jpg.jpg> Acesso em 28 nov. 2015

O trabalho da polícia antiterror da França, criada após os ataques de janeiro, é mais complicado do que parece, pois os terroristas possuem o péssimo hábito de morrer durante suas ações... Isso dificulta bastante a necessidade de se saber o próximo passo dessas células. Assim, se torna praticamente uma procura de uma agulha em um palheiro, quando o "procurador" da agulha é cego. Nesse caso, é uma questão de esperar que a tal agulha espete o seu dedo para localizá-la.

Poderia parecer mais eficiente esperar que os terroristas dessem algum sinal de onde se encontram, porém quando eles fazem isso as pessoas envolvidas (inclusive os próprios terroristas) acabam morrendo. Portanto, a ação francesa se mostra sensata, embora na pareça em um primeiro momento eficaz.

Talvez o maior problema para se prever as ações terroristas de grupos como o Estado Islâmico é o fato de não existir um padrão de fenótipo de um homem bomba (ou atirador). Não dá para "bater o olho" e identificar o inimigo, como se faz em uma guerra convencional, em que na maior parte das vezes este inimigo usa uma roupa diferente daquela que você e seu exército usam. É difícil achá-los e apanhá-los com vida. E esta tem sido a árdua tarefa dos serviços de inteligência militar das forças armadas da França.


Continua...

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