sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A GEOPOLÍTICA DO SÉCULO XXI SENDO ESCRITA EM TEMPO REAL (parte 1)

Em Paris, a história se repete e o terrorismo se mostra real e vivo na Europa

Por Éder Israel



Disponível em: <http://www.austinchronicle.com/binary/a31a/republique-francaise.png> Acesso em 27 nov. 2015

"Mais uma sexta feira 13", diria um otimista e bem humorado francês naquela data que é tida como sinônimo de acontecimentos ruins. Porém em 2015 a mística em torno da referida data pode passar a fazer sentido de modo um pouco mais dramático e concreto para os franceses em geral, em especial os parisienses. A data, no mês de novembro deste ano marcou a ocorrência de um daqueles inesperados muito esperados do mundo. Um atentado para a capital desta grande nação europeia.

Inesperado, pelo fato de tratar-se do modus operandi dos covardes facínoras terroristas, que buscam no caos o estabelecimento de uma (des)ordem, a qual nem mesmo para eles mesmos faz algum sentido. Esperado, porque foi uma espécie de retomada dos ataques à revista Charlie Hebdo, do início deste mesmo ano, quando outros facínoras desta alcateia de loucos sanguinários, sedentos por uma fé que não têm ou não acreditam, invadiram a redação do periódico francês, matando aqueles que realizavam sátiras (desrespeitosas, concordo) sobre o mundo islâmico; porém, não publicação "humorística" que justifique assassinatos...

A França após os ataque de janeiro enfatizou sua primazia às liberdades individuais e coletivas, principalmente no que se refere à liberdade de expressão e direito de livre manifestação de ideias e pensamentos. Ora, isso foi considerado uma afronta aos islâmicos (na verdade uma parte deles), que esperavam que os assassinatos da Charlie Hebdo servissem a seus dois propósitos principais: primeiramente impor o temor/terror à população francesa, através do medo disseminado, e em segundo lugar, acabar de vez com o folhetim satírico, raiz de toda a "discórdia" (atual!) entre franceses e muçulmanos (nem todos, em ambos os grupos).

Deu errado!


Disponível em: <http://www.oabcdacomunicacao.com.br/admin/upload/post/550815f2f1c2d.jpg> Acesso em 27 nov. 2015.

A Al Qaeda conseguiu disseminar o pânico nos Estados Unidos após o 11 e setembro de 2001, com os ataques às Torres Gêmeas; medo que até hoje povoa os "sonhos" de grande parte da população estadunidense. Mas o Estado Islâmico nãofoi capaz de suprimir as liberdades individuais e coletivas dos franceses, como se observou anteriormente na adoção do "Decreto Patriótico" pelo governo estadunidense, que eliminou grande parte dos direitos básicos e da privacidade da população daquele país.

A França não se curvou! Embora devamos levar em consideração que foram atentados de magnitudes, intenções e motivações diferentes. Os franceses na verdade ampliaram as suas liberdades individuais, ou pelo menos tornaram o seu uso cada vez mais ostensivo/intensivo, incentivando a continuação das publicações da Charlie Hebdo, e mais que isso, ampliando a tiragem da revista, que se tornou um sucesso típico daqueles pós tragédias. E os terroristas ficaram putinhos...

Daí, era de se esperar novas ações terroristas em solo francês, como forma de retaliação à manutenção da postura da população do país europeu (e dos países vizinhos, que apoiaram os franceses), de continuarem a satirizar o islamismo, assim como fazem (e há tempos já faziam) com o cristianismo e demais religiões. É a liberté em sua mais pura essência.

Os franceses, de fato já esperavam que algo de ruim pudesse acontecer, mas quando o esperado acontece acaba pegando muita gente de surpresa... Pois bem, os terroristas voltaram a atacar o ventre da sociedade que prega a igualdade e a fraternidade (lembro que pregar algo está distante de praticar este algo...).

Os alvos desta vez foram locais públicos, diferente de janeiro, quando as ações se deram na sede de uma revista privada. Atacaram a case de shows Bataclán, um restaurante no centro de Paris, e o principal estádio do país, onde acontecia um jogo entre a seleção nacional e a seleção alemã.


Disponível em: <http://www.brasil.rfi.fr/sites/brasil.filesrfi/imagecache/rfi_43_large/sites/images.rfi.fr/files/aef_image/fd3475da353c92472a51f9b1a10342342a95e7cf.jpg> Acesso em 27 nov. 2017

Quase 200 vidas perdidas imediatamente e quase outra centena de feridos, em sua maioria em estado grave. Será que dessa vez o caos e o terror domina os sentimentos dos franceses? se perguntaram atônitos os terroristas...


Continua... 

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