Reunião da cúpula
econômica do mundo
- Por Éder Israel
Disponível
em: < https://cdn-images-1.medium.com/max/1219/1*MaCBxo2bi_72zav72QbQsw.jpeg
> Acesso em 10 jun. 2018
Nesse
início de junho de 2018 as maiores potências econômicas mundiais se reuniram em
Quebec, no Canadá, para discutir os rumos da economia do planeta, porém a
reunião acontece em meio a dois grandes furacões: o primeiro se refere à
postura dos Estados Unidos em relação aos seus parceiros comerciais, tendo
elevado as tarifas alfandegárias para produtos importantes como o aço e o
alumínio; enquanto o segundo se refere à intransigência do presidente
estadunidense, Donald Trump, em relação aos tratados e acordos internacionais
assinados ou em discussão.
Como
era de se esperar, a postura do presidente dos Estados Unidos se manteve dentro
de sua normalidade anormal, tal qual fora visto anteriormente na cúpula mundial
sobre o meio ambiente, realizada em Paris, quando o fato de o governante ter
tirado seu país do acordo internacional anteriormente firmado, a respeito da
redução das emissões de gases poluentes para a atmosfera, dessa vez quando as
discussões tomavam o viés comercial, a respeito da liberalização comercial, defendida
pelos demais membros e condenada por Trump, o debate emperrava; principalmente
depois da recente elevação dos tributos sobre commodities importadas pela
potência americana...
Os
participantes da reunião, ocorrida nos dias 08 e 09 do referido mês, (Estados
Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália, França, e Canadá) tinham como
intuito debater as questões relativas às regras comerciais, porém o pano de
fundo de toda a questão é a crise econômica global, iniciada em 2008 e
alastrada pelo mundo, que contra as previsões de economistas não tem se
resolvido tão rapidamente. Em um momento de crise e recessão, tudo que as
principais potências econômicas buscam são meios para que suas mercadorias
circulem por todo o mundo e seus lucros sejam cada vez mais exponenciais.
Porém, a maior de todas essas potências tem tomado o caminho diametralmente
oposto, se isolando e dispensando acordos internacionais de todas as espécies.
Disponível
em: < http://usnnetwork.com/wp-content/uploads/2017/04/Donald-Trump-Smiling-660x330.jpg>
Acesso em 10 jun. 2018
Como
anfitrião, o Premiê canadense, Justin Trudeau, tomou a frente das discussões e
das propostas da conferência e atacou duramente a decisão unilateral dos
Estados Unidos em relação às tarifas do aço e do alumínio, e angariou apoio
para que ao final do encontro fosse firmado um acordo multilateral no sentido
de reduzir as barreiras protecionistas no mercado global, afinal, a
globalização depende principalmente do aumento das trocas comerciais e do
estabelecimento de acordos e parcerias interdependentes entre as nações.
Como
os rumos da cúpula apontavam para um sentido totalmente oposto aos interesses
estadunidenses, o presidente americano (de modo unilateral, como tem sido
rotina...) resolveu abandonar o encontro antes do seu término, e mais do que
isso, saiu pela porta dos fundos e “atirando para todos os lados”,
principalmente para o lado do Premiê canadense, ao qual ele chamou de fraco e
desonesto, por conta deste ter afirmado que a postura de Trump a respeito das
questões protecionistas, intitulando-a como um acinte aos princípios do livre
mercado.
Após
a saída pela tangente de Donald Trump, formou-se um consenso entre as outras
potências do encontro, de que a postura do governante estadunidense não
contribui em absolutamente nada para a busca da solução para a crise econômica
global, e mais do que isso, pode gerar uma reação em cadeia negativa de todas
as outras nações do mundo que poderiam, em retaliação a esse aumento tarifário
dos Estados Unidos, aumentar também as suas tarifas alfandegárias, o que
atravancaria ainda mais o comércio no mundo, trazendo ainda mais dificuldades
para as economias ainda abaladas pela crise de 2008.
Mas
do que não aceitar as posturas econômicas das outras nações a respeito das
questões tarifárias mundiais, a saída antecipada (porém muito bem planejada) de
Trump se deu ante da parte final da cúpula do G7, quando as nações iniciariam
os debates a respeito das questões ambientais, e o mundo já havia percebido no
Acordo Climático de Paris que a postura dos Estados Unidos é de rompimento com
as questões relativas à busca de um modelo econômico pautado pela
sustentabilidade ambiental e a redução das emissões de gases nocivos ao efeito
estufa e ao aquecimento global. Embora tenha abandonado as discussões, Donald
Trump orientou aos representantes estadunidenses que não assinassem qualquer
acordo proposto ao fim do encontro.
Disponível
em:< https://f.i.uol.com.br/fotografia/2018/06/09/15285873285b1c64401b7e8_1528587328_3x2_lg.jpg>
Acesso em 11 jun. 2018
Além
disso, Trump sinalizou que poderá ampliar as barreiras protecionistas, dessa
vez em direção às indústrias automobilísticas alemãs, as quais ele acusa de
concorrência desleal no mercado estadunidense. Em suma, a postura do presidente
americano apenas reforça um direcionamento que o mesmo vem tomando nos últimos
meses, seja em relação à cúpula climática de Paris, ou ao acordo nuclear do
Irã, tratados dos quais ele retirou seu país e desfez os compromissos outrora
firmados.
Até
mesmo nações que não participavam da conferência econômica se manifestaram a
respeito dos impasses geopolíticos ali observados. O Primeiro Ministro da
China, Xi Jinping afirmou que a postura do presidente estadunidense em relação
ao comércio internacional é inaceitável e que as tarifas implementadas sobre o
aço e o alumínio pelo presidente Donald Trump não contribuem em nada para o
livre comércio e para a integração global entre as nações. Xi Jinping ameaçou
ainda retaliações econômicas e tributárias bilionárias, caso os Estados Unidos
mantenham sua postura unilateral e intransigente a respeito das trocas
comerciais no mundo. Cabe lembrar que China e Estados Unidos travam batalhas
relativas a disputas por mercados nos últimos anos, e que as vitórias nessas
batalhas tem sido predominantemente favoráveis ao país asiático...
Por
outro lado a Rússia, que desde 2014 tem sido excluída das reuniões do G7 por
conta da anexação dos territórios da Criméia na Ucrânia, se manifestou através
do presidente Vladimir Putin que afirmou que embora os membros do grupo ali
reunidos tenham feito grandes propostas acerca de liberalização comercial e
acordos multilaterais, pouco ofereceram de concreto a respeito da formação de
um mercado verdadeiramente global. A (re)inclusão da Rússia na verdade foi uma
das poucas propostas concretas realizadas por Donald Trump, a qual foi
rejeitada pelos demais membros. Até 2014 a nação do Leste Europeu participava
das reuniões do G7, quando o grupo passava a ser chamado de G8, porém o
recrudescimento da política externa intervencionista de Moscou acabou por
afastar o país de grupo.
Saindo
mais cedo da conferência que se realizava no Canadá, a justificativa do
presidente dos Estados Unidos foi de que o foco político do país no momento é a
reunião planejada para o dia 12 de junho em Cingapura, quando haverá um
encontro histórico entre Donald Trump e Kim Jong-Un, presidente ditador da
Coreia do Norte, que travou nos últimos meses uma guerra de ameaças veladas
sobre um suposto programa nuclear do país socialista do sudeste asiático. Muito
se espera sobre essa reunião, porém a postura intransigente dos dois chefes de
Estado nos leva a crer que pouco se deve avançar de modo produtivo em termos
geopolíticos mundiais. Resta esperar...
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