quarta-feira, 20 de junho de 2018

TRUMP x G7...


Reunião da cúpula econômica do mundo

- Por Éder Israel


Disponível em: < https://cdn-images-1.medium.com/max/1219/1*MaCBxo2bi_72zav72QbQsw.jpeg > Acesso em 10 jun. 2018

Nesse início de junho de 2018 as maiores potências econômicas mundiais se reuniram em Quebec, no Canadá, para discutir os rumos da economia do planeta, porém a reunião acontece em meio a dois grandes furacões: o primeiro se refere à postura dos Estados Unidos em relação aos seus parceiros comerciais, tendo elevado as tarifas alfandegárias para produtos importantes como o aço e o alumínio; enquanto o segundo se refere à intransigência do presidente estadunidense, Donald Trump, em relação aos tratados e acordos internacionais assinados ou em discussão.

Como era de se esperar, a postura do presidente dos Estados Unidos se manteve dentro de sua normalidade anormal, tal qual fora visto anteriormente na cúpula mundial sobre o meio ambiente, realizada em Paris, quando o fato de o governante ter tirado seu país do acordo internacional anteriormente firmado, a respeito da redução das emissões de gases poluentes para a atmosfera, dessa vez quando as discussões tomavam o viés comercial, a respeito da liberalização comercial, defendida pelos demais membros e condenada por Trump, o debate emperrava; principalmente depois da recente elevação dos tributos sobre commodities importadas pela potência americana...

Os participantes da reunião, ocorrida nos dias 08 e 09 do referido mês, (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, Itália, França, e Canadá) tinham como intuito debater as questões relativas às regras comerciais, porém o pano de fundo de toda a questão é a crise econômica global, iniciada em 2008 e alastrada pelo mundo, que contra as previsões de economistas não tem se resolvido tão rapidamente. Em um momento de crise e recessão, tudo que as principais potências econômicas buscam são meios para que suas mercadorias circulem por todo o mundo e seus lucros sejam cada vez mais exponenciais. Porém, a maior de todas essas potências tem tomado o caminho diametralmente oposto, se isolando e dispensando acordos internacionais de todas as espécies.


Disponível em: < http://usnnetwork.com/wp-content/uploads/2017/04/Donald-Trump-Smiling-660x330.jpg> Acesso em 10 jun. 2018

Como anfitrião, o Premiê canadense, Justin Trudeau, tomou a frente das discussões e das propostas da conferência e atacou duramente a decisão unilateral dos Estados Unidos em relação às tarifas do aço e do alumínio, e angariou apoio para que ao final do encontro fosse firmado um acordo multilateral no sentido de reduzir as barreiras protecionistas no mercado global, afinal, a globalização depende principalmente do aumento das trocas comerciais e do estabelecimento de acordos e parcerias interdependentes entre as nações.

Como os rumos da cúpula apontavam para um sentido totalmente oposto aos interesses estadunidenses, o presidente americano (de modo unilateral, como tem sido rotina...) resolveu abandonar o encontro antes do seu término, e mais do que isso, saiu pela porta dos fundos e “atirando para todos os lados”, principalmente para o lado do Premiê canadense, ao qual ele chamou de fraco e desonesto, por conta deste ter afirmado que a postura de Trump a respeito das questões protecionistas, intitulando-a como um acinte aos princípios do livre mercado.

Após a saída pela tangente de Donald Trump, formou-se um consenso entre as outras potências do encontro, de que a postura do governante estadunidense não contribui em absolutamente nada para a busca da solução para a crise econômica global, e mais do que isso, pode gerar uma reação em cadeia negativa de todas as outras nações do mundo que poderiam, em retaliação a esse aumento tarifário dos Estados Unidos, aumentar também as suas tarifas alfandegárias, o que atravancaria ainda mais o comércio no mundo, trazendo ainda mais dificuldades para as economias ainda abaladas pela crise de 2008.

Mas do que não aceitar as posturas econômicas das outras nações a respeito das questões tarifárias mundiais, a saída antecipada (porém muito bem planejada) de Trump se deu ante da parte final da cúpula do G7, quando as nações iniciariam os debates a respeito das questões ambientais, e o mundo já havia percebido no Acordo Climático de Paris que a postura dos Estados Unidos é de rompimento com as questões relativas à busca de um modelo econômico pautado pela sustentabilidade ambiental e a redução das emissões de gases nocivos ao efeito estufa e ao aquecimento global. Embora tenha abandonado as discussões, Donald Trump orientou aos representantes estadunidenses que não assinassem qualquer acordo proposto ao fim do encontro.


Disponível em:< https://f.i.uol.com.br/fotografia/2018/06/09/15285873285b1c64401b7e8_1528587328_3x2_lg.jpg> Acesso em 11 jun. 2018

Além disso, Trump sinalizou que poderá ampliar as barreiras protecionistas, dessa vez em direção às indústrias automobilísticas alemãs, as quais ele acusa de concorrência desleal no mercado estadunidense. Em suma, a postura do presidente americano apenas reforça um direcionamento que o mesmo vem tomando nos últimos meses, seja em relação à cúpula climática de Paris, ou ao acordo nuclear do Irã, tratados dos quais ele retirou seu país e desfez os compromissos outrora firmados.

Até mesmo nações que não participavam da conferência econômica se manifestaram a respeito dos impasses geopolíticos ali observados. O Primeiro Ministro da China, Xi Jinping afirmou que a postura do presidente estadunidense em relação ao comércio internacional é inaceitável e que as tarifas implementadas sobre o aço e o alumínio pelo presidente Donald Trump não contribuem em nada para o livre comércio e para a integração global entre as nações. Xi Jinping ameaçou ainda retaliações econômicas e tributárias bilionárias, caso os Estados Unidos mantenham sua postura unilateral e intransigente a respeito das trocas comerciais no mundo. Cabe lembrar que China e Estados Unidos travam batalhas relativas a disputas por mercados nos últimos anos, e que as vitórias nessas batalhas tem sido predominantemente favoráveis ao país asiático...

Por outro lado a Rússia, que desde 2014 tem sido excluída das reuniões do G7 por conta da anexação dos territórios da Criméia na Ucrânia, se manifestou através do presidente Vladimir Putin que afirmou que embora os membros do grupo ali reunidos tenham feito grandes propostas acerca de liberalização comercial e acordos multilaterais, pouco ofereceram de concreto a respeito da formação de um mercado verdadeiramente global. A (re)inclusão da Rússia na verdade foi uma das poucas propostas concretas realizadas por Donald Trump, a qual foi rejeitada pelos demais membros. Até 2014 a nação do Leste Europeu participava das reuniões do G7, quando o grupo passava a ser chamado de G8, porém o recrudescimento da política externa intervencionista de Moscou acabou por afastar o país de grupo.

Saindo mais cedo da conferência que se realizava no Canadá, a justificativa do presidente dos Estados Unidos foi de que o foco político do país no momento é a reunião planejada para o dia 12 de junho em Cingapura, quando haverá um encontro histórico entre Donald Trump e Kim Jong-Un, presidente ditador da Coreia do Norte, que travou nos últimos meses uma guerra de ameaças veladas sobre um suposto programa nuclear do país socialista do sudeste asiático. Muito se espera sobre essa reunião, porém a postura intransigente dos dois chefes de Estado nos leva a crer que pouco se deve avançar de modo produtivo em termos geopolíticos mundiais. Resta esperar...

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