Questão 47
A
história da Maré começa nos anos 40. No final dessa década, já havia palafitas
– barracos de madeira sobre a lama e a água. Surgem as comunidades da Baixa do
Sapateiro, Parque Maré e Morro do Timbau – este em terra firme. A construção da
avenida Brasil, concluída em 1946, foi determinante para a ocupação da área,
que prosseguiu pela década de 50. Nos anos 60, um novo fluxo de ocupação teve
início, quando moradores da Praia do Pinto, Morro da Formiga, Favela do
Esqueleto e desabrigados das margens do rio Faria-Timbó foram transferidos para
moradias “provisórias” construídas na Maré. O início dos anos 80, quando a Maré
das palafitas era símbolo da miséria nacional, marca a primeira grande
intervenção do governo federal: o Projeto Rio, que previa o aterramento e a
transferência dos moradores das palafitas para construções pré-fabricadas. Em
1988, foi criada a 30ª Região Administrativa (R.A.), abarcando a área da Maré.
A primeira R.A. da cidade a se instalar numa favela marcou seu reconhecimento
como um bairro.
Adaptado
de museudamare.org.br. BAIXA DO SAPATEIRO, MARÉ, DÉCADAS DE 1950-1960 MARÉ,
INÍCIO DO SÉCULO XXI museudamare.org.br buala.org
Composta
hoje por 16 comunidades, a Maré é o maior complexo de favelas do Rio de
Janeiro. Sua história, em parte, está relacionada com as transformações na
cidade entre meados do século XX e o momento atual.
Considerando
tais transformações, a análise das fotos e do texto permite concluir que a
história da Maré é marcada pelo seguinte processo urbano:
a)
estabilização das políticas públicas em regiões insalubres
b)
integração das vias de transporte em logradouros periféricos
c)
expansão de habitações populares em espaços desvalorizados
d)
manutenção de obras de recuperação em ambientes degradados
Resposta:
C
Comentário:
O processo de estabelecimento do
Complexo da Maré encontra-se diretamente relacionado ao modelo adotado para a
urbanização do território brasileiro a partir do início do século XX,
principalmente para a região sudeste do país, a qual concentrava a maior parte
da população e da vida econômica da nação naquele momento histórico.
No Rio de Janeiro, capital nacional
até a construção de Brasília no final da década de 1950, houve grande atração
das populações rurais em direção às áreas urbanas, fruto da combinação de duas
forças distintas, porém complementares: a primeira é o surgimento do processo
de industrialização durante o governo Getúlio Vargas, que trazia ao povo a
ilusão da vida próspera e do sucesso econômico na área urbana para todos; e a
segunda foi a quebra do modelo agroexportador, como resultado da crise de 1929,
que criou grandes ondas de êxodo rural em direção aos grandes centros urbanos
regionais.
Porém, um traço marcante deste
processo tardio de urbanização foi a falta de planejamento das cidades para
receber as populações provenientes do campo, uma vez que ele emerge de uma
profunda crise econômica, o que limita grandemente o poder investidor do
Estado, incapaz de ofertar condições mínimas e básicas para as populações
egressas do campo. Assim, essa camada mais pobre acabou por ser excluída do
processo urbano, empurrada para zonas cada vez mais periféricas e desprovidas
dos serviços mais essenciais à sua vivência.
Questão 48
Avião levantou voo em
2018 e aterrou em 2017
Um
avião das linhas aéreas do Havaí fez uma espécie de viagem ao passado, ao sair
da Nova Zelândia quando já passava da meia-noite de 1º de janeiro e chegar ao
Havaí quando ainda era manhã de 31 de dezembro. Tudo se explica com o sistema
de fusos horários do globo.
Adaptado
de sicnoticias.sapo.pt, 01/01/2018.
A
“viagem ao passado” relatada na reportagem é explicada pelo percurso do avião,
que fez necessariamente a seguinte trajetória:
a)
do hemisfério sul para o hemisfério norte
b)
do hemisfério norte para o hemisfério sul
c)
do hemisfério oeste para o hemisfério leste
d)
do hemisfério leste para o hemisfério oeste
Resposta:
D
Comentário:
O fato mencionado pelo texto da
questão se relaciona a sistema mundial de fusos horários, correspondentes a
faixas longitudinais de 15º, medidas a partir do Meridiano de Greenwich (0º).
No caso específico da questão, o referido avião cruzou o fuso que fica na
antípoda do Meridiano de Greenwich, o qual se localiza na longitude de 180º, e
é chamado de Linha Internacional da Data (LID). No caso relatado na questão,
como o avião atravessou a LID e retornou um dia no calendário, portanto pode-se
inferir que o sentido da viagem foi de leste para oeste.
Questão 51
O que compõe a Pegada?
A
Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa corresponde ao
tamanho das áreas produtivas de terra e de mar necessárias para gerar produtos,
bens e serviços que sustentam determinados estilos de vida. Em outras palavras,
é uma forma de traduzir, em hectares, a extensão de território que uma pessoa
ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar. O carbono é um
dos componentes da Pegada Ecológica.
Adaptado
de wwf.org.br.
Tendo
em vista a posição da maioria da comunidade científica, a situação retratada
nos quadrinhos contribui diretamente para o agravamento do seguinte problema
ambiental:
a)
erosão dos solos
b)
aquecimento global
c)
contaminação lacustre
d)
assoreamento dos rios
Resposta:
B
Comentário:
O referido quadrinho faz menção à
queima de combustíveis fósseis pelos meios de transportes terrestres e a
consequente liberação de poluentes para a atmosfera por conta deste processo.
Sabe-se que a sociedade moderna é amplamente dependente dos meios de transportes,
e que a queima de fontes não renováveis de energia (principalmente com a função
de combustíveis veiculares) aumentou de maneira massiva durante o século XX, e
automaticamente houve também a ampliação da concentração de poluentes na
atmosfera.
O problema ambiental que vem sendo
agravado por essa prática se refere ao aumento da quantidade dos chamados Gases
do Efeito Estufa – GEEs, o que ocasiona o aumento da retenção do calor na
atmosfera terrestre, e consequentemente as temperaturas médias do planeta. Esse
aumento do calor agrava o efeito estufa e causa a ocorrência do chamado
aquecimento global.
Questão 53
O
processo de globalização das últimas décadas vem redefinindo os fluxos de bens
entre os países. A partir do gráfico, a mudança dos locais de origem dos bens
pode ser explicada pela seguinte característica do processo de globalização:
a)
difusão espacial das fontes de matéria-prima
b)
integração nacional dos centros de tecnologia
c)
redistribuição territorial das atividades industriais
d)
concentração regional dos mercados consumidores
Resposta:
C
Comentário:
As mudanças observadas no gráfico da
questão podem ser explicadas pelo reordenamento dos processos produtivos em
escala global, diretamente relacionado com o processo de desconcentração
industrial que ocorre nas nações mais desenvolvidas do mundo, através do qual
as indústrias começam a sair das nações mais ricas, onde os custos produtivos
se elevam constantemente e era nesse local onde se dava a maior parte da
produção algumas décadas atrás.
Estas indústrias que se
desconcentraram passara a se instalar nas nações mais pobres, onde os custos
produtivos são mais baixos e as margens de lucro se tornam mais amplas,
tornando estes locais mais atrativos às indústrias multinacionais. Isso explica
porque atualmente a maior parte da produção de mercadorias hoje é oriunda
destas nações, outrora não industriais.
Questão 55
Os
modais de transporte possuem diferentes níveis de adequação aos tipos de carga.
Considere a tabela abaixo:
De
acordo com a lógica econômica capitalista, para o transporte dos produtos A e
D, os modais mais adequados são, respectivamente:
a)
aéreo e ferroviário
b)
rodoviário e aéreo
c)
ferroviário e marítimo
d)
marítimo e rodoviário
Resposta:
B
Comentário:
A partir da análise da tabela
apresentada, onde se mostram quatro modais de transportes, com seus referidos
custos e eficiência, assim como os custos relativos da movimentação de cargas
por uma determinada distância, pode-se afirmar que o modal representado pela
letra A é o transporte rodoviário, que apresenta elevado custo
de utilização, porém se mostra eficiente para distâncias mais curtas e para
produtos que demandam certa urgência. Já o modal B é relativo ao transporte ferroviário,
adequado para produtos não urgentes e tem como vantagem os custos baixos a
longas distâncias. Enquanto o modal C,
que se mostra bastante interessante para distâncias muito extensas e por
apresentar os custos mais baixos, se refere ao transporte hidroviário. Por fim, o modal referido pela letra D retrata o transporte aeroviário, que funciona bem para
distâncias intercontinentais para transportes urgentes e rápidos, porém se
custo é o mais elevado de todos.
Questão 57
O
cartaz acima foi utilizado como instrumento de propaganda do Plano Marshall,
principal iniciativa dos Estados Unidos para a reconstrução dos países aliados
após a Segunda Guerra Mundial.
Considerando
a imagem e seu contexto histórico, um objetivo do governo estadunidense ao
implementar esse plano foi:
a)
estatizar o setor industrial continental
b)
estabelecer o mercado comum europeu
c)
consolidar o bloco geopolítico ocidental
d)
preservar o interesse colonial metropolitano
Resposta:
C
Comentário:
O Plano Marshall correspondeu a uma
importante estratégia adotada pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra
Mundial, no contexto de início da bipolaridade que surgiria no período da
Guerra Fria. Por tratar-se de um momento de disputas ideológicas entre duas
potências hegemônicas. Estas potências, Estados Unidos e União Soviética,
defendiam a implantação em caráter global do capitalismo e do socialismo,
respectivamente.
Nesse período, a potência americana
lança uma estratégia de combate ao regime socialista, que seria chamada de
Doutrina Truman, que consistia em realizar acordos políticos e econômicos com
nações parceiras ou candidatas a parceiras do bloco capitalista, através
principalmente da realização de empréstimos financeiros, como se observou na
Europa com o Plano Marshall ou na Ásia com o Plano Colombo.
Questão 59
Os
225,8 km de água enlameada que cruzam a Floresta Amazônica anunciam a tragédia
adiante: megagarimpos ilegais encravados na Terra Indígena Munduruku e na
Floresta Nacional do Crepori, no sudoeste do Pará. Mas, ao contrário do rio
Doce, a destruição do remoto rio das Tropas acontece de forma oculta – menos
para os índios. Cansados de esperar uma intervenção do Estado, guerreiros e
lideranças da etnia, incluindo o cacique geral, Arnaldo Kaba, organizaram uma
expedição para expulsar os garimpeiros não indígenas do local. Em seis lanchas,
dezenas viajaram armados com flechas e espingardas de caça, incluindo mulheres,
crianças e idosos.
Adaptado
de Folha de São Paulo, 04/02/2018
A
reportagem aborda conflitos que simbolizam as muitas diferenças culturais entre
grupos na região amazônica, como indígenas e garimpeiros, em especial no que
diz respeito à relação com o ecossistema.
O
uso da terra e de seus recursos nas sociedades indígenas é baseado no seguinte
princípio:
a)
estabilidade climática
b)
preservação ambiental
c)
hierarquização produtiva
d)
sustentabilidade comercial
Resposta:
B
Comentário:
As sociedades indígenas que habitam
regiões florestais do norte do Brasil têm entrado em conflitos frequentemente
contra grupos que começam a ocupar essa região, atraídas pela expansão da
fronteira econômica nacional. Esse choque de culturas distintas coloca também,
frente a frente, pensamentos a respeito dos recursos naturais que são
diametralmente opostos.
Por um lado se tem a visão desenvolvimentista
do chamado “homem branco”, que visa a exploração máxima dos recursos naturais,
tendo em vista apenas a lucratividade econômica de sua utilização, independente
do impacto ambiental que essa prática possa causar, enquanto por outro lado
tem-se a visão dos grupos indígenas, que pautam sua utilização dos recursos
naturais na sua manutenção para as próximas gerações, consumindo-os de modo
racional, não os levando à extinção completa. Dentre as alternativas
apresentadas, a que mais se aproxima com esse modo de vida é a preservação
ambiental, embora de modo mais correto, a utilização desses recursos pelos
indígenas se aproxime do conceito da conservação ambiental.
Questão 60
Fronteiras reais
As
fronteiras reais desrespeitam fronteiras cartográficas e geopolíticas e
serpenteiam pelo mundo, dividindo povos e classes. Para cruzar uma fronteira
real, não é preciso passaporte ou qualquer outra formalidade. Com um passo,
você atravessa uma fronteira econômica, às vezes sem nem se dar conta. Num país
como o Brasil, para usar um triste exemplo, pode-se sair de um mundo e entrar
em outro ao dobrar uma esquina. Botswana aqui, Miami logo ali.
LUIS
FERNANDO VERISSIMO O Globo, 10/09/2015.
Com
base na reflexão do escritor, um exemplo de fronteira real dos dias atuais está
presente em:
a)
b)
c)
d)
Resposta:
D
Comentário:
Com base no texto apresentado na
questão, uma fronteira real é delimitada principalmente por um quadro latente e
visível de desigualdade socioeconômica em um determinado território. Portanto,
as fronteiras reais mencionadas pelo autor não se relacionam a limites
territoriais nacionais, fisicamente demarcados entre diferentes nações no
mundo.
Antes, essas fronteiras emergem dos
problemas internos de uma nação, como a concentração de renda, a exclusão
social, a segregação espacial, a especulação imobiliária, a gentrificação
(...). Portanto, na imagem mostrada no item D da questão, nota-se claramente um
espaço de segregação social no Brasil, onde uma favela desprovida dos mais
básicos recursos para a população faz “fronteira” com um condomínio de alto
padrão e elevado valor de mercado, denunciando assim um quadro de péssima
distribuição de renda no país.
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