Ato 2: HAY QUE ENDURECER PERO SIN PERDER LA TERNURA!
Por Éder Israel
Em
1944, após falir economicamente o governo de Cuba durante seu mandato
presidencial, Fulgêncio Batista abandona a ilha e passa a viver na Flórida
(nenhuma surpresa; seria quase como uma aposentadoria prêmio por serviços
prestados a Washington DC durante sua estada na presidência cubana...), Por
incrível que pareça, Batista que era aficionado pelo poder e fez de tudo para
conseguir o controle do governo em Cuba se mantém à distância e quase inerte
aos acontecimentos políticos no país durante os governo de San Martín e em
grande parte do governo de Socarrás.
Porém,
subitamente em 1952 o General Batista retorna a Cuba e inicia um processo “político”
que acabaria por derrubar Socarrás, que após a deposição é mandado ao exílio
pelo governo golpista.
De
volta ao poder, Fulgêncio dá início a uma severa ditadura militar no país,
novamente com amplo apoio estadunidense, porém o próprio governo de Washington
DC se via temoroso com a postura autoritária e o uso desmedido da força contra
seus opositores, a ponto de relatórios enviados ao governo dos Estados Unidos
alertarem para o risco de Batista poder fugir ao controle da potência
norte-americana, tamanha a brutalidade nele presente. Porém, como o governo
ditatorial seguia até o momento os preceitos e determinações da “nova
metrópole” não havia por que se opor ao brother
Fulgêncio...
Na
busca de apoio para a manutenção do poder e uso irrestrito do aparato militar,
Batista tem como um de seus primeiros atos o aumento substancial dos salários dos
membros das forças militares cubanas, assim como o aumento de seu próprio
salário, que no período passou a ser maior até que o salário do então
presidente estadunidense Harry Truman! Mesmo assim, os Estados Unidos
reconhecem em 1952 oficialmente o governo de Fulgêncio, e vai além, assinando
acordos de “cooperação” militar com o Estado cubano.
Embora
contasse com apoio de quase todo o aparato militar do país, e carta branca dos
Estados Unidos para implantar sua ditadura na ilha centro-americana, haviam
setores nacionais que eram contrários ao governo golpista estabelecido no país,
principalmente setores estudantis e aqueles ligados à juventude (excetuando
aqueles tendenciosos às forças armadas...). Um dos líderes mais vultosos desses
movimentos contrários ao governo do General era o advogado (até certo ponto sem
muita experiência factual na profissão) Fidel Castro, que já em meados de 1953
inicia um conjunto de ações que buscavam dar um golpe no governo golpista de
Fulgêncio Batista.
A
primeira ação de Fidel é a tentativa de tomar o Quartel de La Moncada em 1953.
Uma tremenda “mancada”, pois tratava-se do segundo maior estabelecimento
militar de Cuba, fortemente protegido pelas forças armadas, que sem grandes
dificuldades debelou o movimento e massacrou a grande maioria das cerca de duas
centenas de ‘insurgentes’ liderados pelos irmãos Fidel e Raul Castro. Um
fiasco...
Porém
os líderes do movimento (os irmãos Castro) não tombaram frente ao exército em
La Moncada, porém se entregaram às forças militares posteriormente e foram
condenados a 15 anos de prisão pelo governo de Fulgêncio Batista. Entretanto,
talvez por pressão da opinião pública cubana, talvez em uma tentativa de
melhorar sua imagem política, o então ditador acabou por anistiar os irmãos
Castro ainda em 1955, o que os deixou livres para partirem para o território
mexicano e teoricamente abandonarem a aposição, inicialmente clandestina, ao
governo ditatorial do país, que se mantinha no poder às custas de manobras
políticas tais como a eleição fantasiosa vencida por Batista em 1954...
Contudo,
começava a avultar uma nova ameaça segundo o ditador, que era o Comunismo(sic)
e as ideias que começavam a rodar o mundo a partir da União Soviética. Mas
‘calma lá’ Fulgêncio Batista era meio que ‘mano’ do governo de Moscou, haja
visto o comércio significativo de açúcar entre as duas nações desde o início da
década de 1940... Opa, algo mudou...
Talvez
por pressão dos Estados Unidos, que viam agora de fato o Comunismo(sic) como
uma ameaça à sua busca por hegemonia, talvez por algumas influências
socialistas que os irmãos Castro mesclaram ao ideário nacionalista e
anti-imperialista que foram demonstrados na ‘mancada de La moncada’, a ditadura
cubana criou em parceria com os Estados Unidos o primeiro órgão estatal formal
de repressão ao Comunismo(sic) na ilha, o discurso do presidente endureceu de
vez contra as ideias vindas do leste europeu. Porém, o “estrago” estava feito,
pois a ida de Fidel e Raul para o México deu-lhes tempo e tranquilidade para
arquitetar uma nova tentativa de golpe ao golpe em Cuba, o que foi demonstrado
quando estes retornaram a Cuba em 1956, agora na companhia de Ernesto Che
Guevara para tentar novamente destituir Fulgêncio Batista.
Outro
fiasco do ponto de vista militar. O que viria a ser conhecido posteriormente
como Movimento Revolucionário 26 de julho (M-26-7) foi prontamente debelado
pelas tropas de Batista e seus líderes, Fidel, Raul e Ernesto se viram
obrigados a se refugiarem precariamente na região da Sierra Mestra.
Ao
mesmo tempo que os Estados Unidos viam um parceiro político fiel na figura de
Fulgêncio, em Havana aumentava o nível de repressão aos opositores do governo e
a escalada de violência do Estado assustava sistematicamente os analistas
estadunidenses, mas segundo Washington DC, “deixa rolar” enquanto estiver nos
beneficiando...
Em
1957 outra tentativa de destituir Fulgêncio Batista fracassou. Dessa vez um
grupo de membros do Diretório Estudantil invadiu o palácio do governo com o
intuito de assassinar o presidente, porém foram, assim como seus antecessores,
impiedosamente massacrados pelas tropas do ditador, entretanto dessa vez algo
ocorreu em contrapartida ao fracasso teórico desse movimento de 13 de março de
1957. A opinião pública em Cuba, e mesmo até alguns setores nos Estados Unidos
aparentemente se solidarizaram com os revolucionários, e ao mesmo tempo
passaram a se preocupar de fato com o uso extremado do aparato militar do
governo Batista.
Mas
contudo, os anos seguintes foram de agravamento da violência por parte do
Estado, mesmo com a opinião pública nacional e internacional, assim como os representantes
estadunidenses alertando Washington DC sobre a situação em Cuba o governo dos
Estados Unidos se mostravam inertes à situação, e mantinham o apoio às forças
militares e políticas do Fulgêncio Batista, o que ficou claro quando o
‘ex-presidente’ Socarrás que sofreu o golpe em 1952 preso e Miami, onde se
refugiava, sob a acusação de estar organizando um movimento opositor com o
intuito de derrubar Fulgêncio do poder.
Enquanto
Batista eliminava todo e qualquer foco de resistência e oposição ao seu
governo, nos rincões da floresta em Sierra Mestra os insurgentes, divididos em
três frentes de combate distintas, sobe comando e Fidel Castro, Raul Castro e
Camilo Cienfuegos conseguiam capitalizar importantes vitórias contra as forças
militares do Estado, e conquistar paulatinamente territórios em direção a
Havana. Era a técnica de guerrilha produzindo estragos nas tropas de Fulgêncio
Batista, que se saia melhor nos conflitos em áreas urbanas.
A
marcha dos insurgentes contrários ao governo de Batista teve ânimo e folego decisivos ao
longo do percurso ao passo que recebiam o apoio das populações do interior do
país, que tanto perderam ou foram subjugados pelo aparato militar ou a
corrupção (ou ambos...) que permearam de modo progressivo o governo ditatorial
do General. Assim, em 1959 as colunas dos guerrilheiros marcham sobre Havana,
onde encontram um resquício de exército estatal sem comando ou organização, uma
vez que assim como Fulgêncio Batista os altos escalões do exército haviam
fugido no dia anterior à chegada de Fidel, Raul, Ernesto e Camilo à capital.
A
desorganização das forças militares do governo (que já não existia naquele
momento) foi um importante facilitador da vitória dos guerrilheiros, que deram
como concluída a Revolução Cubana, no dia 01 de Janeiro de 1959. Abria-se assim
um novo e importante período político e econômico em Cuba, cujos desdobramentos
futuros culminariam no anúncio de Barack Obama em dezembro de 2014...
Continua...
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