domingo, 22 de fevereiro de 2015

SIMPLIFICANDO O ORIENTE MÉDIO PARA O VESTIBULAR - Parte 2: Mais povos


Parte 2: Mais povos
Por Éder Israel

Creio que Xiitas, Sunitas e Curdos sejam apenas a ponta de um enorme iceberg de povos, grupos étnicos que vivem ou têm origem nessa região do Oriente Médio. Porém uma das grandes complicações pode surgir quando se discute a respeito de Árabes, Islâmicos e Muçulmanos, pois são tratados comumente como sinônimos, mas a coisa não é bem assim não, José...

Tentemos portanto colocar os pingos em seus devidos “is”...

Os Islâmicos são representados por aqueles que seguem a religião criada por volta do século VII por Maomé, e portanto utilizam o Alcorão como Livro Sagrado e parâmetro de regra para seu modo de vida. Assim, Xiitas e Sunitas são duas vertentes distintas dentro do Islamismo, conforme fora discutido no texto anterior. O povo islâmico porém extravasa os limites territoriais do Oriente Médio, pois o islamismo se expande de modo acentuado e contínuo para a África (principalmente sua porção norte) e Ásia (principalmente Índia e Indonésia).

O termo Muçulmano sim pode ser utilizado como similar ao islâmico, pois representa o indivíduo que segue os ensinamentos descritos pelo Profeta Maomé no Alcorão. Em tempo, cabe ainda mencionar que o livro sagrado para os Muçulmanos também pode ser chamado simplesmente de Corão. Assim, se cria muita confusão quando os meios de mídia utilizam os termos islâmico e muçulmano muitas vezes na mesma reportagem/documento, pois nesse caso dá a entender que são povos diferentes dentro da religião profetizada por Maomé, mas na verdade é apenas apresentador/repórter/jornalista tentando mostrar que sabe demais e manja dos termos do Mundo Árabe... nada a ver, mas paciência, eu também fiz muito isso quando estava começando a dar aula, dava a ideia de que eu sabia mais sobre o assunto. Besteira...

Entretanto, nota-se ainda a utilização do termo Árabe como sendo sinônimo de Muçulmano ou Islâmico, mas aí se recorre em um grande erro conceitual, posto que embora grande parte dos muçulmanos/Islâmicos sejam Árabes, existe uma grande quantidade de Árabes que não são Muçulmanos/Islâmicos. Por Árabe se entente o grupo de pessoas que se originaram ou se encontram estabelecidas em algum país cujo idioma seja o árabe e/ou seja essa pessoa afeita ou adepta aos costumes típicos desses países árabes. De modo genérico, o chamado Mundo Árabe se estende desde países banhados pelo Oceano Atlântico até o Mar da Arábia, tendo como limite norte o Mar mediterrâneo, área demarcada em amarelo no mapa a seguir.


Disponível em: < http://c6.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/od5066bfb/8080057_AVzPt.jpeg> acesso em 22 fev. 2015

Com isso, deve-se desfazer a ideia equivocada de que o mundo e as populações árabes se restringem ao Oriente Médio, ou menos ainda ao Golfo Pérsico.

Ou seja, existem mais Árabes no mundo que Muçulmanos/Islâmicos, embora tenhamos que reforçar a ideia de que das religiões monoteístas o islamismo é aquela que mais se expande atualmente, uma vez que conforme dito anteriormente tem se estabelecido em países asiáticos, como Índia, Bangladesh e Indonésia, e como estes países possuem populações por demais numerosas, a tendência é que o islamismo torne-se em pouco tempo uma das maiores religiões do planeta m termo de seguidores (na verdade já o é, mas entenda aqui que vai se tornar ainda mais numerosa a população que tem em Alá sua fé depositada).

Desse modo, há hoje um aumento significativo do número de pessoas consideradas e tratadas como ‘islamizadas’, que localizam-se em áreas fora do Mundo Árabe, em locais onde tradicionalmente tinha-se o domínio de outras matrizes religiosas, como o catolicismo ou o hinduísmo. O que coloca em xeque o predomínio histórico de outras religiões monoteístas que se expandiram por África e Ásia antes e durante seus respectivos processos de colonização.

Esta expansão que se observa do islamismo para além dos limites territoriais do Mundo Árabe tem promovido embates conflituosos e conflitos étnicos que se alastram pelo mundo, que dão ainda mais base para a visão equivocada e mal intencionada que relaciona diretamente o islamismo e as ações extremistas/terroristas de grupos minoritários, como tem-se observado hoje no norte da África e Oriente Médio. Considerar pessoas seguidoras da fé islâmica como sendo invariavelmente terroristas é tão absurdo, mesquinho e errado com o que se faz por aqui em ‘terras tupiniquins’ ao historicamente considerarmos as populações pobres das favelas como sendo obrigatoriamente ligadas ao tráfico de drogas e demais crimes... É considerar a exceção (no caso a minoria de pessoas das favelas que se inserem na vida do crime) como sendo a regra (no caso todas as pessoas que por questões sociais, políticas ou econômicas vivem (ou sobrevivem) nas favelas).

Evite essa premissa tão defendida e alardeada a partir do início do século XXI, de que Muçulmanos apoiam o terrorismo e países árabes oferecem sustentação plena para as ações extremistas de grupos minoritários, pois isso tudo combinava muito mais com a visão de mundo de George W, Bush, então presidente dos Estados Unidos, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, que buscava de todo modo encontrar justificativas para uma ofensiva militar no Oriente Médio sob o pretexto de eliminar a ameaça terrorista da Al Qaeda, mas que na prática tinha dentre outros interesses as reservas petrolíferas do Iraque e países vizinhos...

Continua...

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