Questão 20
Entre
uma e outra data, 1964 e 1985, o Brasil passou por um turbilhão de
acontecimentos que, em grande parte, nos definem até hoje e ainda provocam
muito debate.
(Marcos
Napolitano. 1964: História do Regime Militar Brasileiro, 2014.)
O
“turbilhão de acontecimentos” mencionado no texto diz respeito ao período da
ditadura militar, que pode ser caracterizado
a)
pela independência frente aos organismos internacionais, como a ONU, e pela
repressão aos opositores políticos.
b)
pelo investimento em segurança nacional e pelo combate à corrupção de políticos
e empresários.
c)
pelos bons resultados em termos econômicos e pelo aumento das desigualdades
sociais do Brasil.
d)
pela indústria de base e pela alteração da estrutura agrária via reforma agrária
e distribuição de terras.
e)
pela política cultural diversificada e pela presença de uma produção artística
distanciada dos problemas do país.
Resposta:
C
Comentário:
O contexto histórico entre 1964 e
1985 no Brasil foi marcado pelos governos militares, que à frente do Estado
brasileiro implementaram uma política de ampliação da abertura da economia aos investimentos
externos e de aproximação política com os Estados Unidos. Conter o avanço do
ideário socialista a partir da União Soviética era a justificativa apontada por
tais governos para manter o regime de poder não democrático no país.
A aproximação em relação aos Estados
Unidos possibilitou o aporte massivo de empréstimos estrangeiros no Brasil, bem
como a chegada de filiais de indústrias multinacionais, provenientes tanto da
potência americana como de seus aliados capitalistas. Nesse contexto houve o
chamado Milagre Econômico Brasileiro, entre os anos de 1967 e 1973, quando o
PIB nacional cresceu rapidamente, assim como se ampliou exponencialmente o
endividamento externo e a dependência econômica da nação.
Ao mesmo tempo em que o PIB do país
avançava, a concentração de renda atingia também níveis exorbitantes, ampliando
ainda mais o quadro histórico de desigualdades socioeconômicas na população,
principalmente aquela de mais baixa renda. Assim, pode-se dizer que o Brasil se
tornou um país mais rico ao mesmo tempo em que sua população se tornava mais
pobre e excluída da vida econômica nacional, cada vez mais controlada pelo
capital estrangeiro, materializado nas filiais de indústrias multinacionais.
Questão 21
No
desafio de representar a superfície terrestre, os globos geográficos oferecem
grande precisão aos seus usuários. No entanto, assim como em outras formas de
representação, eles apresentam desvantagens, como
a)
a impossibilidade de se visualizarem pontos em diferentes hemisférios.
b)
o emprego de generalizações em zonas de baixa latitude.
c)
a deformação nas formas dos principais acidentes geográficos.
d)
o emprego obrigatório de escalas geográficas muito grandes.
e)
a restrição à representação das informações de natureza física.
Resposta:
A
Comentário:
A representação da superfície
terrestre em escalas reduzidas pode ser realizada de duas maneiras básicas,
sendo elas os globos terrestres e as projeções cartográficas (elaboradas a
partir de um globo). Embora possibilitem praticidade em seu uso, os mapas
trazem consigo distorções e deformações decorrentes da transferência do plano
tridimensional, do globo esférico, para o plano bidimensional, do papel
retangular.
Assim, no globo consegue-se manter
(em escala reduzida) as áreas, as formas e as distâncias relativas da superfície
terrestre, ao passo que no papel (mapa) é possível trabalhar com apenas uma
dessas grandezas por vez. Podendo os mapas ser conformes (conservam as formas
distorcendo as áreas e as distâncias), equivalentes ou proporcionais (conservam
as áreas, distorcendo as formas e as distâncias) ou equidistantes (conservam as
distâncias, distorcendo as áreas e as formas).
Embora o globo terrestre imite a
curvatura da superfície da Terra, ele não elimina totalmente inconvenientes
para sua utilização. Por tratar-se de um plano tridimensional é impossível a um
observador que esteja posicionado em uma de suas faces visualizar aquilo que
esteja representado no lado oposto desse plano, uma vez que tal informação
estará “na parte de trás” daquilo que é visto. Portanto, não se podem observar
ao mesmo tempo objetos representados em pontos extremos de dois hemisférios.
Questão 22
Há
mais de 70 anos, Índia e Paquistão disputam o controle da região montanhosa da
Caxemira. Mas, para quem acessa o serviço Google Maps dentro do território
indiano, o conflito não existe, isto porque o Maps apresenta o traçado da
fronteira conforme a reivindicação da Índia. Quando acessado de outros lugares,
o serviço mostra tratar-se de uma área em litígio.
(www.washingtonpost.com.
Adaptado.)
(www.orissapost.com. Adaptado.)
A
respeito do estabelecimento de fronteiras entre Estados-nação, pode-se afirmar
que
a)
as características do relevo dificultam o mapeamento e induzem ao erro
cartográfico.
b)
as divisas são definidas pela sedentarização de populações tradicionais
cartografadas.
c)
a definição das fronteiras políticas se sujeita aos acidentes geográficos
naturais.
d)
as fronteiras são definidas pelas atividades diplomáticas ou militares entre
países.
e)
as fronteiras são linhas ambíguas quando publicamente demarcadas.
Resposta:
E
Comentário:
A ideia de toda e qualquer fronteira
é estabelecer delimitações físicas ou ideológicas entre diferentes espaços,
sendo que essa pode ser determinada a partir de aspectos naturais, como rios,
oceanos vales ou cadeias montanhosas, bem como estabelecidas mediante acordos e
tratados entre os espaços, podendo ser tais acordos firmados de maneira
pacífica ou por vias beligerantes. Atualmente existem várias disputas
fronteiriças em curso no mundo, que colocam sob risco várias sociedades, e
promovem instabilidades que podem atingir âmbitos locais, regionais ou mesmo
globais.
A região apresentada no mapa se
refere a uma das mais importantes zonas de litígio na atualidade, posto que a
região da Caxemira seja reivindicada tanto pelo governo da Índia quanto pelo
Estado paquistanês. Os interesses por tal região montanhosa encontram-se
assentados sobre os recursos hídricos ali disponíveis, pois ali se localizam as
nascentes de rios que fluem em direção aos dois países, os quais possuem
importância econômica ou cultural para ambos.
Desse modo tem-se que as fronteiras
podem ser consideradas linhas ambíguas, uma vez que muitas vezes expressam
interesses de um dos espaços que se chocam com os interesses do espaço que se
encontra além desse limite. Assim, essa ambiguidade na delimitação das linhas
fronteiriças favorecem às tensões observadas em várias localidades, e colocam
em xeque a validade efetiva das delimitações ali estabelecidas.
Questão 23
Cidade Flutuante, 1964
(Leno
B. Souza. Urbana, v. 8, no 2, 2016.)
(www.ebc.com.br)
Na
produção do espaço urbano, a Cidade Flutuante, destruída na década de 1960, e
as atuais palafitas, ambas construídas às margens do Rio Negro e nas periferias
de Manaus, indicam que
a)
os dados demográficos em centros urbanos relacionam-se com a capacidade de
preservação do meio ambiente.
b)
a precarização de moradias corresponde à estratégia adotada pelo poder público
para o planejamento urbano.
c)
as características naturais determinam a capacidade de integração de uma cidade
à sua rede urbana.
d)
a participação da população nos processos decisórios das políticas urbanas
resulta em desequilíbrios ambientais.
e)
a expulsão de pessoas das moradias precárias não caracteriza solução para
problemas socioeconômicos.
Resposta:
E
Comentário:
A segregação socioespacial nas áreas
urbanas se manifesta em todas as localidades, embora naquelas menos
desenvolvidas e mais pobres ela se mostre de modo mais latente e visível. No
caso brasileiro, tanto nas grandes metrópoles ricas do Sudeste, quanto nas
cidades menos integradas do Norte e Nordeste o processo de exclusão de parcelas
significativas das populações causa e amplia as desigualdades sociais.
Essa segregação muitas vezes se relaciona
com as condições naturais e ambientais de cada localidade, a exemplo das
favelas do Rio de janeiro, que recobrem os morros e vertentes das encostas da
Serra do Mar, ou ainda as favelas de São Paulo, que ocupam espaços às margens
dos cursos hídricos urbanos, nas chamadas várzeas ou planícies de inundação. No
caso retratado na questão tem-se a favelização característica da Amazônia, onde
os rios desempenham um papel fundamental na vida das sociedades locais, seja
por questões econômicas, culturais ou políticas.
As palafitas ou casas flutuantes são,
assim como as favelas do Sudeste, habitações precárias ocupadas pelas
populações de baixa renda, economicamente marginalizadas, e retratam as
desigualdades sociais latentes nas áreas urbanas de nações em desenvolvimento.
A solução para tal problemática passa pela reformulação de políticas
habitacionais nos municípios e o combate à especulação imobiliária, uma vez que
a simples retirada das pessoas desses locais traria como resultado apenas a
mudança da favelização para outo ponto da cidade. Não basta retirar as pessoas
da condição de submoradia, é necessário que sejam criadas condições para que
elas possam ter acesso à moradia digna e à cidadania.
Questão 24
Para
atender a demanda por energia elétrica em todas as regiões do país ao longo das
estações do ano, as linhas de transmissão dispostas no território brasileiro
conduzem, quando necessário, eletricidade gerada em uma região com excedente
elétrico para regiões com geração deficitária.
(www.aneel.gov.br)
Considerando
a matriz e o sistema elétricos brasileiros, pode-se afirmar que:
a)
a geração em termelétricas na região Sul é acionada nos meses chuvosos, quando
ocorre queda da oferta nacional.
b)
a produtividade das hidrelétricas no Sul e Sudeste é limitada e insuficiente no
inverno para suprir a demanda regional.
c)
a operação de usinas nucleares na região Norte independe da variabilidade
climática e abastece todo o país.
d)
a energia eólica no Centro-Oeste, de alta produtividade no inverno, é
suficiente para atender sua demanda anual.
e)
a energia solar gerada na região Nordeste durante o verão é armazenada e
transmitida durante o inverno.
Resposta:
B
Comentário:
O Brasil possui um dos mais
diversificados potenciais energéticos do mundo, com a vantagem de dispor de múltiplas
opções de energias alternativas, principalmente aquelas associadas aos
elementos climáticos. Porém, esse potencial encontra-se irregularmente distribuído
pelo território nacional, observando-se áreas de grande disponibilidade e baixo
consumo, bem como outras localidades onde o consumo excede à disponibilidade.
Daí a necessidade de se estabelecer um sistema integrado por linhas de
transmissão que conecte as áreas de maior produção àquelas de mais elevados
consumos.
Mesmo com a abundância de opções, no
Brasil predomina o uso da energia hidráulica, que depende diretamente do regime
de chuvas e do nível de vazão dos rios. Assim, nas regiões de climas tropicais,
como o Sudeste e o Centro-Oeste, tem-se elevada produtividade durante o verão
chuvoso, mas durante o período seco do inverno essa produtividade decresce,
demandando o complemento pela energia produzida em outras regiões, com destaque
para o Norte. Essa oferta sazonal pode ser acrescida durante o período seco
também pelo funcionamento de usinas termelétricas instaladas na região Sul.
Embora recebam investimentos na
atualidade, outras fontes alternativas como eólica e solar ainda apresentam
produtividade muito baixa, destacando-se a produção eólica do Nordeste (no Rio
Grande do Norte) e a produção solar residencial no Centro-Sul. Porém, ainda com
níveis baixos e voltados ao consumo local. Assim como a energia nuclear, que mesmo
com os recentes investimentos estatais, ainda produz pouca energia, nas únicas
usinas do tipo situadas em Angra dos Reis (RJ).
Questão 25
(http://francais.rt.com)
Em
uma partida do campeonato francês, a torcida adversária relacionou o país Catar
e o clube PSG, comprado por um fundo de investimento árabe, ao Estado Islâmico
(Daesh). No contexto da crise migratória na Europa, essa manifestação expressa
a)
a contradição da assistência humanitária compulsória dos europeus aos países
árabes.
b)
a insatisfação da população europeia com a assinatura de livre residência aos
árabes.
c)
o discurso de intolerância que associa os imigrantes árabes ao terrorismo.
d)
o modo como os países árabes têm conquistado a permanência de sua população na
Europa.
e)
o descontentamento da população com o envio de embarcações estatais para o
resgate de refugiados.
Resposta:
C
Comentário:
Uma grave crise imigratória assola a
União Europeia desde 2014, em decorrência do massivo fluxo de refugiados provenientes
do Norte de África e do Oriente Médio, duas regiões assoladas por conflitos
civis e desigualdades sociais latentes, que promovem intensa repulsão das
populações nativas. A proximidade geográfica e a estabilidade econômica fazem
do bloco europeu um destino atrativo para esses fluxos migratórios.
Porém, após os atentados terroristas
de 2001, no chamado “Mundo Ocidental”, passou a existir uma associação indevida
entre a religião islâmica (e por consequente a quase totalidade dos povos
árabes) e os grupos extremistas que financiam e realizam tais ataques. Se
aproveitando desse senso comum, grupos conservadores e radicais da Europa
ampliaram sua influência política em vários países, ao mesmo tempo em que se
veem aumentados os movimentos e discursos xenofóbicos contra tais povos
refugiados.
A crise financeira que assola
atualmente o bloco europeu ampliou ainda mais o choque entre os nativos
europeus e os imigrantes provenientes dessas duas regiões, acusados por
parcelas da população europeia de serem os responsáveis pela estagnação financeira
do bloco. Assim, partidos ultraconservadores e movimentos populares radicais da
Europa, tais como os neonazistas e os skinheads,
protestam abertamente contra as políticas de aceitação dos refugiados, aumentando
ainda mais a tensão social no continente.
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