Por Éder Israel
Disponível em: http://www.castlereport.us/wp-content/uploads/2016/07/Brexit-cutting-the-ties.jpgAcesso
em 15 jul. 2016
Antes mesmo do anúncio oficial sobre o resultado da
votação, feito por David Cameron, as redes sociais e mídias de massa davam como
certa a vitória do BREXIT, e a saída dos ingleses da União Europeia parecia apenas
questão de horas. De fato as horas se passaram, e o grupo que defendia a saída
do bloco se sagrou vitoriosa do plebiscito realizado. Naquele momento era
oficial, a União Europeia perdia um de seus mais antigos membros em um momento
em que o terrorismo e a crise econômica redesenham o traçado geopolítico do
mundo. A Inglaterra deu o primeiro passo na direção de mostrar que o conto de
fadas por trás do superbloco europeu começa, de fato, a ruir...
Assim que o resultado fora sabido, os comandantes do
bloco europeu mudaram diametralmente seu discurso de que era necessário alcançar
um meio para que o governo e a população inglesa permanecessem no mercado
regional. Agora, o discurso de líderes da França e da Alemanha, era de que a
saída deveria ser conduzida o mais rápido o possível, e que os ingleses
(através de seu governo) se apressassem a comunicar o bloco e formalizar o
“abandono do barco” o quanto antes.
Disponível em: http://www.ctvnews.ca/polopoly_fs/1.2951048.1466205347!/httpImage/image.jpg_gen/derivatives/landscape_620/image.jpg
Acesso em 15 jul. 2016
Um dos grandes temores do da União Europeia pode ter
se confirmado com a decisão dos ingleses em deixar o agrupamento regional e
retomar a “individualidade” política e econômica dentro da Europa, posto que
isso possa dar início a uma plena evasão de outros membros, descontentes, há
tempos, com os rumos econômicos e principalmente políticos do bloco. A
manifestação favorável dos ingleses de que “antes só do que com o Parlamento
Europeu” pode se tornar um discurso uníssono dentro da antiga Europa Ocidental,
e jogar por terra os acordos e avanços adquiridos desde a criação da Comunidade
Europeia do Carvão e do Aço – CECA, em 1952.
É inegável a preocupação de outras nações do bloco
acerca da crise latente nos PIIGS e da dificuldade de sanar os problemas
econômicos deste grupo de apenas 5 países. Em resumo, o que se tem hoje é uma
dupla visão dentro do bloco europeu, a visão dos PIIGS: “até quando a crise vai
assolar nossas economias?”, e a dos demais países: “até quando a crise ficará
restrita a Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha?”. Enquanto estas duas
questões, ou nesse caso pontos de vista, não forem sanadas, a incerteza do
futuro europeu irá persistir.
Nesse ponto reside o temor do bloco que intitula esse segundo texto, uma vez que,
uma nação ainda não assolada profundamente pela crise, como de fato é hoje a
Inglaterra, pode motivar que outros países na mesma situação façam o mesmo, e
optem por “abandonar o barco” antes que ele afunde por completo. Isso seria a
ruína plena da economia do mercado regional, pois a debandada maciça de
associados poderia causar uma fuga importante de divisas e dividendos, afetando
pesadamente o Banco Central Europeu e consequentemente impactar negativamente as
políticas de socorro das economias que já estão em crise e daquelas que estão à
beira do fracasso.
Disponível em: http://www.freewords.com.br/wp-content/gallery/crise-economica-na-uniao-europeia/crise-economica-na-uniao-europeia-pais-dinheiro6.jpg
Acesso em 15 jul. 2016
Há tempos a União Europeia se vê as turras com uma
dúvida enorme: “Por que não excluir a Grécia do bloco?”, e a resposta a isso é
muito simples e prática: “Expulsar a Grécia no meio de uma crise poderia
motivar países que ainda não estão em crise a sair antes que ela os atinja!”.
Pois bem, a saída da Inglaterra pode e possivelmente vai motivar um “salve-se
quem puder” no mercado regional e para o continente, toda a recuperação do pós
Segunda Guerra Mundial poderia se esvair ao vento feito a fumaça dos
bombardeios no conflito. Talvez, a desistência inglesa de permanecer no bloco
signifique aquela dura constatação de que os governos da França e da Alemanha,
sabidamente e reconhecidamente os líderes do bloco, não queriam admitir que os
gastos com o socorro da Grécia e demais PIIGS pode ter sido em vão caso haja
uma saída em massa do bloco.
O fato de que as lideranças europeias estejam
apressando ao máximo a saída formal dos ingleses reside na torcida de que,
embora não seja algo muito bonito de se ver ou torcer, (...) o abandono da
União Europeia traga uma profunda recessão e uma maciça crise de “isolamento”
econômico para os ingleses que seja capaz de frear os ímpetos de outras nações
em saírem do bloco. Nesse momento as grandes economias europeias estão se
agarrando a tudo o que podem, mesmo que a salvação do agrupamento econômico
signifique torcer pelo fracasso daqueles que optaram por abandoná-lo. Resume-se
nisso a nada moral, porém necessária, tábua de salvação para os aliados
econômicos de França e Alemanha. Ao mesmo tempo é um “divirta-se ao nosso lado”
e um “ferre-se aí sozinho”...
Continua...
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