O mundo
foca no Oriente Médio, enquanto no Oriente Distante as tretas seguem a todo
vapor
Por Éder
Israel
Disponível
em: < http://api.ning.com/files/YhwQqZhqiBZ9MXIDQjnPtu27x6l6-N0b4DQJzaqQp0t-SO9-nqfpAK3lOzbF8zm3IfIiBQzuhWDl8cGVdbzPZ8izrnvw3A6S/usa_china600x230.jpg>
acesso em 12 abr. 2015
No
início de 2015 a situação que já estava bastante tensa nessa região se agravou
ainda mais com duas notícias que circularam o mundo. Primeiro foi o presidente
Barack Obama, que anunciou, ainda que de modo velado, que os Estados Unidos apoiam a causa japonesa no que se refere às Ilhas Spratly, e segundo pela
informação de que a China tem expandido artificialmente suas fronteiras
marítimas no Mar do Sul.
Pois
bem, na transição de 2014 para 2015 o presidente estadunidense propôs ao
governo japonês uma aliança militar que teria, teoricamente, a função de
fiscalizar e controlar as rotas comerciais do Mar do Sul da China, exatamente
onde encontram as principais zonas de litígio entre os governos chinês e
nipônico. Na realidade é por esse Mar do Sul que trafegam os petroleiros
abarrotados do combustível fóssil que a China importa do Oriente Médio e da
África. Seria meio que os Estados Unidos fazendo aquele clássico papel da nossa
infância, de quando duas pessoas estavam se encarando e briga não começava e vinha alguém maior e empurrava um em cima do outro e estava a briga pronta...
Os Estados Unidos, segundo o presidente russo, Vladmir Putin, estariam tentando
apagar um incêndio com gasolina e criando as bases necessárias para o aumento
de sua presença militar no Oriente Distante.
Segundo
o presidente russo a criação de um ambiente politicamente instável no Extremo Oriente beneficiaria diretamente à política externa dos Estados Unidos,
materializada naquilo que se convencionou a chamar de Doutrina Bush, que
emergiu após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, e tem como
principal face a ampliação da presença militar estadunidense naqueles pontos
que consideram estratégicos para a manutenção de sua hegemonia política do mundo.
E nesse caso a proximidade do Japão com a China seria vantajosa para este
intuito, como já fora, aliás, após a Segunda Guerra Mundial, quando a China
socialista de Mao tse-Tung representava uma ameaça ao sistema capitalista da
Guerra Fria. Deu-se assim o estabelecimento do chamado Cordão Sanitário
estadunidense no período da bipolaridade mundial.
Um
dos possíveis agravantes para essa situação é o fato de que o primeiro ministro
japonês, Shinzo Abe, sinalizou na ocasião que está inclinado a aceitar a “ajuda”
dos Estados Unidos caso julgue necessária a intervenção externa nas disputas
pelas Ilhas Spratly. Por outro lado a China já declarou que não abrirá mão do
controle desse minúsculo arquipélago, ou seja, a treta vai ficar cada vez mais
tensa, José!
Da direita para a esquerda os primeiros
ministros do Japão e da Austrália e o presidente dos Estados Unidos. Esta imagem
é da reunião anual do G-20 em 2015 na cidade australiana de Brisbane. Porém ela ilustra a convergência das idéias estadunidenses e japonesas, além da formação
de uma sólida aliança entre o ocidente e o oriente capitalistas.
Disponível
em: < http://blogs.reuters.com/great-debate/files/2015/02/obama-abe-top-1024x694.jpg>
acesso em 12 abr. 2015
Porém
não se preocupe, pois a China já esta dando um jeito de resolver o problema, ou
na verdade torná-lo mais sério...
Um
dos pontos mencionados no início deste texto se referia ao processo pelo qual “a
China tem expandido artificialmente suas fronteiras marítimas no Mar do Sul”,
mas o que realmente significa isso? Ou antes, como é que pode um país realizar
essa façanha? Ora, José, estamos falando de China, a terra dos impossíveis
possíveis...
No
início de 2015 o alto comando militar dos Estados Unidos no Extremo Oriente,
representado pelo almirante Harry Harris alertou para um fato que ao mesmo
tempo soa inusitado e preocupante, principalmente para o governo
estadunidense... O governo chinês está construindo ilhas artificiais no Mar do
Sul, em zonas que anteriormente haviam apenas barreiras de corais ou águas rasas em
decorrência de atividades vulcânicas pretéritas.
Segundo
o almirante, grandes navios-draga estão bombeando milhares de toneladas de
areia do fundo do mar, ou mesmo trazendo-a de locais distantes e depositando a
mesma sobre as barreiras de corais ou rochas de sub-superfície no mar. Após
isso a areia seria coberta com concreto e pronto, a China teria na região
litigiosa uma nova ilha completamente sua... Ainda de acordo com o almirantado
estadunidense a nação asiática estaria construindo uma espécie de barreira
artificial nessa região, que já percorria uma zona de 4 quilômetros. Nas
palavras de Harris, “A China está
criando território artificial bombeando areia para barreiras de corais vivas –
algumas delas submersas – e depois jogando concreto por cima. A China já criou
mais de quatro quilômetros quadrados de massa de terra artificial”.
Bombeamento
de areia em uma das barreiras de coral do Mar do Sul visto de um avião
Disponível em: < http://www.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/552798180cf245a44bb4211a/>
acesso em 12 abr. 2015
Mas e aí, onde a China quer chegar com isso?
Bem simples... Caso as demais nações da região,
ou mesmo fora dela, não se atentem para esse expansionismo artificial chinês o
governo da China irá requerer os Direitos do Mar da conferência de 1982,
passando a ter domínio também das 200 milhas náuticas que circundam essas ilhas
de areia e concreto. Pronto, partindo-se desse pressuposto, basta ao governo de
Pequim criar uma grande quantidade de ilhas enquanto o mundo não se dá conta do
processo e reivindicar a posse das chamadas águas territoriais, e conseqüentemente
de todos os recursos que ali existam.
Ilha
artificial em construção por navio chinês no Mar do Sul
Disponível em: < http://s2.glbimg.com/IblJera9dx26pQX6EYu3q1SSl5k=/620x400/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2014/10/31/ap495517513265.jpg>
acesso em 12 abr. 2015
A construção das ilhas artificiais pelo governo
chinês seria algo próximo a uma resposta à anexação das Ilhas Spratly pelo
governo japonês, criando um novo território para que a China não perca
completamente o controle desta estratégica região, e principalmente que
demarque com clareza sua posição geopolítica nessas águas que, conforme já mencionado,
podem possuir reservas gigantescas de petróleo e gás natural ainda não
inventariadas pelo mundo.
Sob outro prisma, menos econômico e mais
geopolítico, a ação chinesa pode ser observada como uma espécie de afronta aos
Estados Unidos e seus aliados no Extremo Oriente, e ao que parece estão
estadunidenses e japoneses um tanto quanto atônitos ou sem poder de resposta à
China, o que dá ainda mais força e incentivo para a política externa do governo
de Pequim. Se para o Japão, que é atualmente uma das maiores potências
mundiais, já está difícil dar uma resposta ou criar algum entrave para o
expansionismo chinês, imagine para Taiwan, Vietnã e Filipinas, que observam a
cada dia a ampliação das ilhas artificiais da China e podem em breve ver essas
ilhas ser usadas como bases militares pela possível maior potência mundial
do século XXI...
A grande questão que se apresenta, talvez na
verdade a única, é saber o que exatamente o mundo está disposto a fazer com
relação a esse expansionismo chinês, pois quem de fato deveria se pronunciar a
respeito deste tema é a Organização das Nações Unidas – ONU, porém as
principais decisões desta organização são tomadas pelo chamado Conselho de
Segurança, composto por 5 membros permanentes, que na prática possuem a palavra
final nas discussões, entretanto, dentre estas 5 nações encontram-se Estados Unidos e
China, o que suscita a dúvida se a ONU quer ou não tomar uma decisão
definitiva em relação ao tema.
Enfim, resta esperar...
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