"Houston, we have a bomb..."
Por Éder Israel
Disponível em: < http://operamundi.uol.com.br/arquivos/upload/coreia.jpg
> Acesso em 06 jan. 2016
Toda a imprensa mundial destacou, na manhã de 06 de
janeiro de 2016, a suposta realização de um teste nuclear pela Coreia do Norte,
o que causou um alvoroço geral na geopolítica asiática principalmente em relação
aos governos do Japão e da China, opositor e apoiador do regime de Pyongyang,
respectivamente. O mundo cobra da China explicações sobre a suposta realização
do teste por sua “aliada” asiática, ao mesmo tempo em que espera um
posicionamento do Japão a respeito do assunto, uma vez que ao lado da Coreia do
Sul este país está no topo da lista de inimigos mais odiados pelo governo norte
coreano.
Caso seja confirmada a realização deste teste nuclear
pelo governo da Coreia do Norte, seria o quarto realizado nesse início de século
XXI, porém, a notícia desta semana chega com um impacto maior ao mundo, pois não
se trataria de apenas mais um teste nuclear como os anteriormente realizados,
pois desta vez o presidente Kim Jong-un afirma ter conseguido a criação e a
detonação de uma bomba de hidrogênio, sabidamente dezenas de vezes mais potente
e destrutiva que as bombas atômicas convencionais que produzem energia pela
fissão nuclear.
Na bomba de hidrogênio (ou simplesmente Bomba H) o
mecanismo de produção/liberação de energia é a fusão nuclear do hidrogênio,
sendo considerada portanto, uma bomba termonuclear. Essa tecnologia foi criada
pelos Estados Unidos no início da década de 1952, no contexto da corrida
armamentista da Guerra Fria contra a União Soviética. Após a construção das
bombas do Projeto Manhattan, que seriam posteriormente lançadas sobre as
cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki no final da Segunda guerra Mundial, a
necessidade de se criar algo mais destrutivo e belicoso levou o físico Edward
Teller a pesquisar uma forma de possibilitar a liberação de uma parcela
significativa de energia a partir da fusão de dois isótopos do hidrogênio, o
deutério e o trítio, de modo similar ao que ocorrem nas explosões que produzem
a energia do sol. Nascia assim a Bomba H, testada com sucesso em 1952 nas Ilhas
Marshall, porém nunca utilizada militarmente.
A notícia do teste realizado pelos norte coreanos, trouxe à tona uma temática que havia sido colocada à parte (supostamente) com a
assinatura do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), assinado em 1968 e
posto em vigor em 1970, embora nações que possuem armas nucleares ainda não o
tenham ratificado, como a China por exemplo, aliada da Coreia do Norte... Pois bem,
a China tem sido acusada, ainda que de modo velado, de estar investindo na
criação de armas nucleares nos últimos anos e de buscar uma ampliação de seu
arsenal, o que por si só já fere aos preceitos do TNP e que poderia dar ao
governo de Kim Jong-un um apoio interessante frente à opinião mundial, o que
tem sido observado factualmente nos últimos anos pela falta de medidas
eficazes e incisivas contra a escalada recente da belicosidade do norte da
península coreana. Parece que todo mundo quer punir a Coreia do Norte, mas
todos têm medo de chatear a China...
Sabidamente, quem tem as maiores preocupações com essa
notícia e principalmente com sua confirmação futura são os Estados Unidos, a
Coreia do Sul e o Japão, que são constantemente declarados como grandes
inimigos do regime de Pyongyang e que deveriam ser destruídos, nas palavras de
Jong-un. Embora a maior parte dos discursos seja de que os Estados Unidos
seriam atacados pelos mísseis balísticos carregados com ogivas nucleares da
Coreia do Norte, sabemos que a distância geográfica e principalmente a
dificuldade tecnológica do país asiático tornariam esse ataque praticamente
impossível em um futuro próximo, porém para o Japão e a Coreia do Sul a
situação é bem mais tensa, pois estão “ao lado” do inimigo e dentro do raio de
alcance dos mísseis já existentes, que poderiam ser carregados com as bombas H.
Disponível em: <https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8zMgFV7iJ2r4RyOh7mvzjAeNV_DgSc1hUf3uOwWkCZxoQrazBaWTNJPxeoGrhjnLhlLetxpNMWnhipq_2emDuITkoku8Lm-FO9faUPObKk_SeoPsqIsPrLEvlsMeAyk0s0BDar9Iq998/s1600/mapa_coreia_missil.jpg>
Acesso em 06 jan. 2015
Na outra ponta de toda essa discussão encontra-se a
ONU, ou simplesmente o Conselho de Segurança da ONU, que é de fato o grupo de
cinco países que tomam as decisões finais dentro do organismo. Neste grupo
encontram-se Estados Unidos, contrários veementes à escalada bélica da Coreia
do Norte, a Rússia e a China, potências nucleares que já declararam inúmeras
vezes, recentemente, certo apoio ao regime político dos norte coreanos. Deveria
partir deste conselho as sanções e investigações a respeito da violação do TNP
pelo presidente Jong-un, mas sabemos que sem o apoio destas outras duas
importantes potências geopolíticas será bem difícil para a ONU se posicionar ou
decidir algo factual sobre o assunto.
Cabe, portanto, ao Japão e à Coreia do Sul, impor por si
mesmos algumas sanções econômicas e comerciais ao governo de Pyongyang, porém
dificilmente obterão algum sucesso, pois nem mesmo as sanções impostas
anteriormente pela ONU, OMC e outros organismos supranacionais foram capazes de
frear o ímpeto bélico e ultrapassado do regime norte coreano, que vive em pleno
2015 a corrida armamentista que o mundo bipolar viveu entre 1947 e 1991, no
contexto da Guerra Fria, quando a capacidade militar era mais importante que a
capacidade econômica das nações na determinação de seu poderio geopolítico a
nível global.
Não se deve, meramente ao acaso, o fato de os Estados
Unidos terem colocado a Coreia do Norte ao lado do Irã, do Iraque e do Afeganistão
no chamado Eixo do Mal (grupo de inimigos estadunidenses após os atentados de
11 de setembro de 2001). Há de fato algo não resolvido com o término da Guerra
Fria para os Estados Unidos, que seriam os insistentes enclaves socialistas que
“sobrevivem” em um mundo que deveria ser capitalista no pós 1991. Estes
enclaves seriam: Cuba (porém, o afastamento de Fidel Castro do poder e a chegada
de Raul Castro ao governo, têm conduzido a uma reaproximação entre as duas
nações, sem a necessidade de um conflito), e a Coreia do Norte, que se mostra
irredutível aos anseios estadunidenses de expansão capitalista, muito por conta
da “ajuda” que recebe da China e da Rússia, além da própria ONU, quando Kim Jong-un
blefa que vai abrir o país e recebe a ajuda humanitária que precisa antes de
fechar novamente a nação para o restante do mundo.
Em resumo, o que ficará desse 06 de janeiro de 2016 é
a torcida para que este tenha sido mais um daqueles dias em que Kim Jong-un
acorda com o modo zuera ativado e se põe a falar suas já sabidas asneiras, como
fez meses atrás, ao dizer que seu país tinha encontrado a cura para doenças
como o câncer, a AIDS e o ebola, ou ainda como na última semana, quando disse
que estava disposto a negociar um acordo com Seul e buscar a reunificação da
Coreia, ajudando ao sul da península a alcançar um nível aceitável de desenvolvimento.
Torçamos para que no calendário inventado por Jong-un o dia 06 de janeiro seja
na verdade o 1 de abril, pois se não for, a situação tende a ganhar aspectos
dramáticos e preocupantes.
Disponível em: <http://www.slightlyqualified.com/wp-content/uploads/2013/05/un3.jpg>
Acesso em 06 jan. 2016
Há dados do serviço de geologia dos Estados Unidos da
ocorrência de um terremoto de 5 graus na escala Richter na região em que o
governo de Pyongyang afirma ter realizado o teste, e esta região não se
encontra em uma área de intensa sismicidade do continente asiático, o que pode
permitir uma associação entre a energia liberada pela explosão e a atividade sísmica
ali observada, porém ainda existem infinitas possibilidades e verdades
escondidas sob a névoa do “talvez”. Resta esperar e torcer para que tudo isso seja
apenas um eco, de alguém ouvindo Raul Seixas cantando que “... o russo que guardava o botão da bomba H, tomou um pilequinho e
quis jogar tudo pro ar...”
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Valeu pelo esclarecimento, prof. Édr!
ResponderExcluirThiago Pereira
kim jong fun
ResponderExcluiré um babaca que não tem compromisso nem com os seus conpatriotas, ao inves de guerra procura a paz ou tonto otario e burro, aberração humana.