segunda-feira, 5 de junho de 2023

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA IMEPAC ARAGUARI - 2023

 

QUESTÃO 39

Em dez anos, indústrias migram do Sudeste para outras regiões

Em dez anos, a indústria nacional ficou menos concentrada nos estados do Sudeste e ganhou força em outras regiões do país. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra como, entre os biênios 2007/2008 e 2017/2018, a produção industrial migrou de São Paulo e do Rio de Janeiro para outros estados.

O fenômeno apresentado no texto tem marcado a região Sudeste nas últimas décadas e vem ocorrendo tanto na escala estadual quanto na regional. Dentre as razões que justificam essa desconcentração, destaca-se a

a) busca pela redução dos custos de produção industrial em regiões com pequena organização sindical.

b) redução da relevância econômica dos estados do Sudeste, forçando o deslocamento de indústrias.

c) retração da disponibilidade de matérias-primas em razão do esgotamento de jazidas minerais do Sudeste.

d) decadência das indústrias do Sudeste, o que aumentou a competição local e forçou a saída das indústrias.

Resposta: A

Comentário

O processo de desconcentração industrial decorre da busca das unidades produtivas por custos mais baixos e consequentemente lucros mais altos. Essa busca se relaciona aos chamados fatores locacionais, que representam vantagens comparativas entre as localidades, que disputam entre si a atração das empresas para seus territórios. Desses fatores locacionais se destacam a oferta de incentivos fiscais (impostos baixos), mão de obra barata e qualificada, sindicatos pouco atuantes, legislações ambientais pouco efetivas, sistemas logísticos eficientes, dentre outros.

Correção

a) Correto, pois a redução dos custos produtivos representa a possibilidade de ampliação dos lucros pelas atividades produtivas capitalistas. Os gastos com mão de obra configuram uma parte significativa desses custos, e as localidades onde a organização sindical seja menos efetiva a manutenção da força de trabalho se torna menos dispendiosa para as empresas.

b) Incorreto, pois apesar da redução da quantidade de plantas industriais instaladas na região Sudeste do país, os centros de gestão dessas empresas que se desconcentram continuam ali sediadas, o que mantém sua importância econômica na produção nacional.

c) Incorreto, pois a região de maior produção mineral do país na atualidade continua a ser o Quadrilátero Ferrífero, no estado de Minas Gerais. Além disso, no presente a proximidade das reservas de matérias primas não é mais um fator tão decisivo para a localização industrial, em decorrência da melhoria dos sistemas de transportes.

d) Incorreto, pois as indústrias do Sudeste brasileiro continuam a ser as mais avançadas em termos tecnológicos no país, e a saída das unidades produtivas não é motivada por questões ligadas a avanços técnicos, mas sim por fatores relacionados aos custos produtivos do processo.

QUESTÃO 40

A Turquia e os desafios para a entrada na União Europeia

O Tratado de Roma criou, em 1952, a Comunidade Econômica Europeia (CEE), o bloco econômico mais ambicioso do mundo, nos moldes de um Mercado Comum Europeu (MCE), com os seus 6 signatários: França, Alemanha, Itália, Países Baixos (Holanda) Bélgica e Luxemburgo (a Europa dos Seis). A Turquia demonstrou interesse de integrar esse bloco desde 1959, cinco anos após a criação da CEE, que, posteriormente, iria originar a UE (1991). A Turquia demonstrou interesse de integrar esse bloco desde 1959, cinco anos após a criação da CEE, que, posteriormente, iria originar a UE (1991). Décadas depois, a Turquia permanece com o status de um dos mais antigos candidatos à adesão à U.E., e sua entrada permanece travada em razão de diversos fatores.

É considerado um empecilho para o ingresso do país no bloco europeu:

a) A pequena parcela do território turco localizado no continente asiático, o que gera questionamentos quanto ao país ser de fato europeu.

b) O agressivo regime teocrático turco, muitas vezes hostil ao cristianismo e a outras minorias, o que não atrai a simpatia dos Estados europeus.

c) A pressão estadunidense para que a Europa não aceite a Turquia como membro, em razão deste país fazer fronteira com o Irã, o Iraque e a Síria.

d) O vasto histórico de problemas relacionados aos direitos humanos, dentre eles a forte perseguição e repressão à minoria curda.

Resposta: D

Comentário

O desenvolvimento da União Europeia a partir do início da década de 1950 promoveu uma aproximação econômica crescente entre as nações da então Europa Ocidental ao longo da Guerra Fria, tendo essas nações intensificado suas trocas comerciais através da redução gradativa das tarifas alfandegárias entre seus mercados. Após a Guerra Fria, e a dissolução do bloco socialista, o bloco ocidental passa a buscar uma expansão territorial na direção do Leste Europeu, tendo ocorrido assim a adesão de várias nações que compunham a extinta União Soviética. A Turquia, apesar de não ter pertencido ao bloco socialista, não conseguiu aderir ao bloco durante o período a bipolaridade geopolítica, e nem após o encerramento desse contexto histórico. Entre os principais fatores que justificam a resistência europeia à adesão turca se destacam questões de ordem histórica, territorial e étnica.

Correção

a) Incorreto, pois na realidade a maior parte do território turco, cerca de 90% dele, se localiza no continente asiático, sendo apenas a região de Istambul integrante do continente europeu. O Estreito de Bósforo separa fisicamente os espaços territoriais da Turquia na Ásia e na Europa.

b) Incorreto, pois apesar de o presidente Recep Erdogan implantar na Turquia um regime pautado pelo autoritarismo político e perseguição a opositores e minorias étnicas, não há no governo turco a presença marcante de questões de ordem religiosa, tais como se observa em várias nações do Oriente Médio, onde de fato os regimes se destacam pela Teocracia.

c) Incorreto, pois apesar de a Turquia de fato fazer fronteira com os territórios de Irã, Iraque e Síria, o que impede a aceitação desse país no bloco europeu são questões internas do próprio continente, e não uma pressão indireta por parte dos Estados Unidos. A União Europeia goza de total autonomia para definir sobre a adesão de seus novos membros.

d) Correto, pois o autoritarismo implementado na Turquia por Recep Erdogan tem promovido nos últimos anos uma violenta repressão contra a oposição política ao presidente, e principalmente às minorias étnicas, com destaque para o povo Curdo, que é considerado hoje um dos maiores grupos apátridas do mundo, que tenta a criação de seu próprio território na região fronteiriça da Turquia e os demais países árabes. O regime turco é sistematicamente acusado de violações dos direitos humanos e de massacres contra as populações curdas, o que fere os preceitos básicos do bloco europeu.

QUESTÃO 41

Litoral de SP foi atingido por "evento extremo", com recorde de chuvas e elevação do mar

Uma combinação de fatores relacionados à chuva, ao vento e ao mar fizeram do litoral norte de São Paulo o alvo de um "evento absolutamente extremo e histórico" no último fim de semana, nas palavras do meteorologista Marcelo Seluchi, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Inundações e deslizamentos na região deixaram ao menos 40 mortos, 1.730 desalojados e 766 desabrigados, segundo o governo estadual que, no domingo (19), decretou estado de calamidade pública nas cidades de São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba, Ilhabela e Bertioga.

Um fator de ordem antrópica que pode colaborar para problemas relacionados aos deslizamentos de encostas refere-se à

a) ausência de especulação imobiliária nas áreas periféricas, o que acaba empurrando os menos favorecidos em direção a essas regiões.

b) presença de solos rasos em áreas de encostas, fato que, somado à presença de vegetação nessas áreas, contribui para a ocorrência de deslizamentos.

c) ocupação de áreas íngremes e à consequente retirada de parte da cobertura vegetal, o que acaba contribuindo para os movimentos de massa.

d) instalação de moradias na planície de inundação em regiões onde os solos costumam ser mais profundos e susceptíveis a movimentos de massa.

Resposta: C

Comentário

Eventos climáticos extremos tem se tornado cada vez mais recorrentes no presente, em decorrência do quadro estabelecido de mudanças no clima global, principalmente em relação à elevação das temperaturas médias da Terra. Desastres associados a chuvas torrenciais, ventos extremos e secas prolongadas são observados em várias partes do planeta, e em nações onde o desenvolvimento socioeconômico não seja muito elevado, como é o caso do Brasil, as populações tendem a ser cada vez mais impactadas pelas consequências desses eventos, principalmente aquelas relegadas a viver em áreas de risco, como no caso das vertentes inclinadas, sujeitas aos deslizamentos de terra (movimentos de massa), e as várzeas dos rios, sujeitas a sofrer inundações periódicas.

Correção

a) Incorreto, pois a presença da especulação imobiliária nos grandes centros urbanos configura-se como fator decisivo para que as populações mais pobres tenham que se estabelecer em áreas periféricas de risco, e estejam sujeitas às consequências dos eventos climáticos extremos do presente.

b) Incorreto, pois embora nas áreas de encostas mais íngremes os solos sejam de fato naturalmente rasos, o que potencializa nesses locais a ocorrência dos deslizamentos de terra é a ausência da cobertura vegetal, que deixa esse solo exposto à ação direta da chuva e do escoamento superficial.

c) Correto, pois a ocupação de áreas íngremes, com inclinação superior a 30º, potencializa a ocorrência dos deslizamentos de terra, em decorrência da retirada da cobertura vegetal, que deixa o solo exposto ao impacto direto das chuvas, e do subsequente processo de impermeabilização dos solos, que potencializa o escoamento superficial das águas, que arrastam grandes volumes de solo encosta abaixo.

d) Incorreto, pois apesar da ocupação de áreas de planície de inundação, também conhecidas como várzeas, ser relacionada à ocorrência de desastres ambientais, nessas áreas as consequências dos eventos climáticos extremos são as inundações e não os deslizamentos de terra ou movimentos de massa.

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