Parte 5:
Grupos políticos, terroristas, extremistas, religiosos da Palestina e
territórios vizinhos
Por Éder
Israel
Um
pouco alheia às questões ligadas ao Estado Islâmico, porém distante da paz para
os povos islâmicos encontra-se a região da Palestina, palco de conflitos ao
longo de grande parte da história, embora o acirramento dos combates e das
disputas territoriais tenham ocorridos após a Segunda Guerra Mundial, e a
consequente criação do Estado de Israel pela Organização das Nações Unidas.
Na
região, em especial na Faixa de Gaza situada a sudoeste dos territórios
palestinos formou-se ao longo da segunda metade do século XX uma infinidade de
grupos extremistas, que embora possuam modos de ações diferentes, seu objetivo
maior é sempre o mesmo, que é destruir o Estado de Israel e expulsar a
população judia ali instalada a partir de 1947.
Um
dos primeiros destes grupos a surgirem nesta região foi o Al-Fatah, fundado em 1959 por
palestinos como Yasser Arafat. O Al-Fatah se difere dos outros movimentos da
região por dois motivos, o primeiro é o fato de poder ser considerado um
movimento laico, e em segundo lugar pelo fato de defender, até certo ponto, o
diálogo político com Israel. Essas características tornam o Al-Fatah um
movimento muito mais político e militar do que extremista e religioso como os
demais.
Em
1964 foi criada a Organização para a Libertação da Palestina – OLP,
que pode ser considerada uma espécie de confederação do partidos políticos, os
quais têm o objetivo de reaver os territórios da antiga Palestina, ainda
durante o período de domínio britânico. É dentro dessa OLP que se insere o
Al-Fatah, considerado por analistas políticos como um partido de
centro-esquerda dentro desta organização. Embora o Al-Fatah inicialmente
defendia o diálogo com Israel, as bases iniciais da OLP defendia ações
militares para a expulsão dos judeus dos territórios ditos palestinos.
Posteriormente,
Yasser Arafat, que tornou-se uma espécie de presidente da OLP em 1969,
reconheceu a existência do Estado de Israel em 1993 no período dos tratados e
acordos de Oslo. O Estado de Israel em resposta a isso reconheceu a OLP como
legítima representante do povo palestino, dando a entender que a situação dos
dois povos tendia a se resolver. Mas sabemos que a história não foi bem essa, e
os conflitos ainda eclodem lá até hoje...
Na
contramão do teórico diálogo proposto pelo Al-Fatah surge na década de 1970 o
grupo batizado de Jihad Islâmica, que de fato prega o extremismo e
o radicalismo islâmico, tendo como objetivo principal a destruição plena do
Estado judeu nos territórios palestinos. O grupo que se estabeleceu na Faixa de
Gaza, assim como a maioria dos movimentos antissemitas do Oriente Médio é
acusada de ser financiada pelo governo iraniano. Atualmente a Jihad Islâmica se
sedia em Damasco, capital da Síria, e segundo cientistas políticos,
diferentemente do Al-Fatah não possui forte ideologia ou propostas de fundo
político, caracterizando marcadamente como um movimento de cunho extremista
antissemita. Um dos aspectos mais notáveis da Jihad Islâmica é o fato de
considerar o confronto com os judeus israelenses como uma guerra santa, que
como já informamos em textos anteriores não é a ideia central do termo jihad.
No
ano de 1982 foi criado nessa região aquele que seja talvez um dos maiores expoentes
dos movimentos políticos e religiosos do Oriente Médio, o Hezbollah, que assim como a Jihad
Islâmica é acusado de ter recebido financiamento do governo do Irã.
Inicialmente a intenção dos membro do Hezbollah era a expulsão de tropas israelenses
que se localizavam no sul do Líbano, as quais ali permaneciam sob a alegação de
impedir a realização de ataques contra a porção norte do Estado judeu.
No
início dos anos 2000 os soldados israelenses desocuparam o sul do Líbano, e um
acordo foi proposto pela ONU para o desarmamento do grupo, o que não foi
cumprido pelo Hezbollah. No Líbano o grupo é considerado por uma parcela
significativa da população como sendo um movimento social, uma vez que realiza
uma série de ações que seriam atribuições do Estado, tais como investimentos
sociais e programas de saúde oferecidos às camadas mais pobres do Líbano, o que
dificulta a separação da fração política que beneficia ao povo e a terrorista
que ataca Israel. Em meados dos anos 2000 o Hezbollah ampliou seu poder
político no Líbano quando conseguiu ocupar 14 postos no parlamento do país,
porém como já mencionado, por um lado o grupo se torna mais politizado, mas por
outro as ações terroristas e militares conta Israel permanecem ocorrendo da
mesma forma de antes.
Outro
importante grupo desta região é o Hamas, criado em 1987 na Faixa de Gaza, que assim
como a maior parte dos demais grupos tem como principal bandeira o fim do
Estado de Israel. Assim como o Hezbollah no Líbano, o Hamas na Palestina possui
também um importante caráter político, o que não impede suas ações tidas como
extremistas pela sociedade internacional. Um dos grandes pontos importantes do
Hamas é o fato de realizar uma oposição que por vezes se torna ferrenha contra
a OLP, a qual julga ineficiente em solucionar a situação dos povos da Faixa de
Gaza e da Cisjordânia.
Em
2006 o grupo se tornou o grande vitorioso nas eleições para o Parlamento
Palestino, o que levou Estados Unidos e União Europeia a suspenderem por tempo
indeterminado o envio de ajuda financeira e suprimentos para a Autoridade
Palestina, sob alegação de que tais cortes seriam suspensos apenas quando o
Hamas revogasse as ações terroristas e aceitasse a existência e reconhecesse a
autonomia e a soberania nacional do Estado de Israel, o que convenhamos, não
vai acontecer...
Recentemente,
como se a situação não estivesse suficientemente complicada na região, o Hamas
iniciou uma onda de ataques e conflitos contra o Al-Fatah, que considera
condescendente com as ações expansionistas do Estado judeu, e conivente com a
opressão que alega sofrer o povo palestino, dentro e fora da Faixa de Gaza.
No
ano 2000 surgiu a Brigada dos Mártires de Al-Aqsa, um braço armado que
se separou do Al-Fatah e passou a atuar de modo terrorista contra soldados e
populações israelenses, em vingança aos combates ocorridos nesse mesmo ano
entre soldados de Israel e colonos da Cisjordânia na Mesquita de Al-Aqsa.
Apesar de ser um grupo de menor dimensão que os demais, as Brigadas de Al-Aqsa
realizam sistematicamente atentados e ataques terroristas contra alvos civis e
militares do Estado judeu, principalmente a partir do momento em que Mahmud
Abbas, então presidente da Autoridade Palestina permitiu/determinou que os
homens desse grupo passassem a fazer parte das forças de segurança do governo
em 2005, fato que agravou ainda mais a situação já delicada entre os povos
dessa região.
De
modo geral essa é a atual situação dessa porção do Oriente Médio, com grupos e
mais grupos querendo o fim do Estado de Israel, governos formados por frações
desses grupos que se tornaram partidos políticos e assumiram grande parte dos
cargos administrativos de países e territórios importantes, ações terroristas
camufladas em ideologias religiosas, extremismos islâmicos acobertando
problemas políticos seculares. Enfim, não há de fato luz no fim do túnel, pelo
menos em um futuro próximo para esta disputa entre palestinos e judeus...
Continua...
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