Parte 4:
Grupos e organizações extremistas e/ou terroristas
Por Éder
Israel
Embora
seja o Oriente Médio comparado com um imenso “barril de pólvora” de conflitos e
combates entre povos, etnias, religiões e culturas diferentes, o grande erro
que se comete, mais uma vez, é estabelecer uma relação direta de causa e consequência
entre esses conflitos e a religião islâmica. Trata-se na verdade de uma parte
do islamismo, que pode e deve ser chamada de extremista que dá origem à quase
totalidade destes conflitos, porém aos olhos ocidentais torna-se mais fácil e
prática a idealização de um binômio sem exceções que liga todo o islamismo a
toda ação radical na região, e atualmente até fora dela.
Tais
indivíduos extremistas e radicais se organizam historicamente em grupos de
ações que geralmente tornam-se terroristas, os quais inicialmente se
localizavam e atuavam na região do Oriente Médio, porém com a globalização e as
maiores interação e interdependência entre povos e locais, suas ações se
espalharam pelo mundo, assim como as pessoas que são afeitas a essas ideias
extremistas. A ideia aqui é apresentar de modo breve, porém esclarecedor, os
principais grupos que se enquadrem nesses aspectos, portanto, vamos a eles.
Um
dos mais importantes grupos terroristas compostos por extremistas religiosos,
não por ser o mais antigo, mas sim pela amplitude de suas ações fora do Oriente
Médio é a Al
Qaeda, responsável por grandes ataques realizados principalmente
contra alvos estadunidenses, tais como aqueles de 11 de setembro de 2001, ou
mesmo as embaixadas dos Estados Unidos no Quênia e na Tanzânia em 1998, ou
ainda contra o navio USS Cole, pertencente à marinha estadunidense e se
encontrava aportado no Iêmen.
O
termo Al Qaeda significa em árabe A Base, funcionou literalmente como essa base
para as ações terroristas de Osama Bin Laden e seus comandados a partir da
década de 1980, porém a grande ironia no aumento da amplitude das ações e da
influência da Al Qaeda no mundo se deu com apoio e financiamento dos Estados
Unidos, que se tornaria alvo nas ações terroristas acima citadas.
No
final da década de 1980 o socialismo da União Soviética apresentava sinais de
exaustão, e em plena Guerra Fria era a grande chance para os Estados Unidos
finalmente vencerem o conflito ideológico do período da bipolaridade mundial.
Para alcançar a referida vitória era necessário estabelecer alianças e minar
pelo mundo as ações e últimas tentativas da União Soviética de reerguer o socialismo,
tal qual se observava nesse período no Afeganistão, onde tropas soviéticas se
sustentava a duras penas nos territórios afegãos desde 1979.
Nesse
período o governo estadunidense realizou grandes investimentos e forneceu
armamentos e tecnologias militares para que as tropas russas fossem expulsas do
Afeganistão, o que criou um acordo entre os Estados Unidos e os extremistas
islâmicos que culminariam futuramente nos atentados terroristas contra alvos
estadunidenses, principalmente a partir da expulsão das tropas russas e a
implantação de bases militares estadunidenses na região da Península Arábica,
considerada sagrada em diversas partes para os islâmicos e árabes. Essas bases
militares ali instaladas foram vistas pelos radicais islâmicos como uma
afronta, semelhante àquela representada pela presença das tropas soviéticas no
Afeganistão. Pronto, os Estados Unidos agora eram inimigos da Al Qaeda e as
armas enviadas por Washington DC seriam usadas contra as tropas estadunidenses.
Outro
grupo extremistas que se insere neste contexto é o Talibã, formado por membros de
tribos interioranas, em sua maioria afegã, que surge em meados de 1994 no
Afeganistão. O termo Talibã significa Estudante, e foi mais ou menos isso mesmo
que aconteceu, pois as experiências extremistas da Al Qaeda serviram em grande
parte de base para as ideias deste novo grupo, que tem como grande diferencial
do grupo anterior o fato de se embrenhar no mundo político, aspecto que não se
observava nas origens da Al Qaeda, que era um grupo baseado principalmente em
motivações religiosas.
Os
Talibãs assumem o poder no Afeganistão e governam o país de 1996, quando retira
do poder outro grupo militar e religioso local, chamado Mujahedins. O “Estudantes”
governam o país, porém seu governo e sua “nação” foram reconhecidos apenas pelo
Paquistão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os talibãs governaram o
Afeganistão, onde impuseram a Lei Islâmica no período de 1996 até 2001, quando
o país foi invadido pelos Estados Unidos sob a acusação de que o grupo
extremista estava dando abrigo e proteção a Osama Bin Laden, responsável pelos
atentados terroristas de 11 de setembro.
Ainda
no Oriente Médio se formou um novo grupo fundamentalista recentemente, quando
em 2011 no norte da Síria nasceu a Frente al-Nusra um
grupo que tem como base ideológica a libertação do povo sírio através de uma
aliança islâmica com líderes e homens importantes da Al Qaeda. A Frente
al-Nusra tem suas intenções muito próximas daquelas observadas pelo Estado
Islâmico, porém a dimensão de seu plano de estabelecimento de um território
islâmico se restringe ao norte da Síria e a uma parcela do Iraque, enquanto o
Estado Islâmico pretende implantar esse regime por grande parte do Oriente
Médio.
Um
dos grandes problemas para o mundo na atualidade é o fato de que estes
movimentos estejam se tornando cada vez maiores e suas ações ganhando em
dimensão e violência, além de estarem se espalhando para regiões dentro e fora
do Oriente Médio, como o norte da África e a Ásia, mas isso, além dos grupos
que atuam no conflito entre Israel e Palestina é um assunto para outro texto,
além do Estado Islâmico, que por conta de suas ações recentes merece uma
análise mis aprofundada mais à frente...
Continua...
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