sexta-feira, 2 de novembro de 2018

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - MEDICINA UNIRV - 2019/1



Questão 13

Na atual conjuntura internacional. Marcada pelo reordenamento geopolítico e econômico do mundo, grupos de países vêm formando coalizões políticas e econômicas em torno de determinador temas, através da realização de fóruns de discussão, como o G-20.

A respeito da temática abordada, assinale V (verdadeiro) o F (falso) para as alternativas.

a) (      ) O G-20 foi criado no final da década de 1990, no contexto das crises financeiras em alguns países do mundo. É composto por ministros de finanças e presidentes de bancos centrais de países considerados de maior importância para a economia mundial, em termos de produção e de participação nos fluxos de comércio e financeiros.

b) (   ) Nos últimos anos, o processo de desgaste sofrido pelo Fundo Monetário Internacional permitiu que as discussões no âmbito do G-20 adquirissem crescente relevância, a ponto de estabeleceram a principal agenda de debates sobre as necessárias reformas da ordem financeira. Mesmo assim, os países industrializados e alguns emergentes não aceitam discutir a reforma histórica do FMI.

c) (      ) No auge da crise financeira de 2008, o G-20 formalizou em um documento a necessidade de atuação dos governos para reforçar a supervisão dos mercados, a ampliação do acesso aberto Às informações, o estabelecimento de regras de conduta, propostas de adoção de políticas contracíclicas em caso de agravamento de crises e um reforço na atuação do FMI.

d) (      ) Hoje o objetivo do G-20, que reúne países ricos e em desenvolvimento, é também estimular a adoção de normas internacionalmente reconhecidas para promover a transparência da política fiscal e o combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Portanto, o G-20 pode ser apresentado como 0 principal fórum econômico-financeiro da nova ordem mundial.

Resposta: VFVV

Comentário:

O G-20 foi criado em 1999, em substituição ao grupo anterior, chamado G-33, devendo ser analisado como sendo uma “ampliação” do G-7 (grupo das 7 nações mais influentes e poderosas da economia mundial). Composto por África do Sul, Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos, México, China, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Europa (Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Rússia) e Austrália, atua como um importante fórum de discussão política e econômica no mundo pós Guerra Fria, no qual as nações participantes traçam planos e buscam a ampliação de suas relações comerciais e financeiras, tendo por princípio o aumento da interdependência entre suas economias.

Após a crise financeira de 2008, iniciada pela “explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos”, o G-20 passou a buscar, através de debates entre as nações componentes, o estabelecimento de planos e a definição de planos para a amenização dos impactos negativos da recessão global que emergiu do cenário de crise financeira global. Nesse contexto, as economias destas nações passaram a procurar meios de liberalizar as trocas comerciais e fomentar os investimentos internacionais, como estratégia para que os impactos da onda  de perdas financeiras não fossem maiores do que o esperado.

Questão 14

O termo “paisagem” é um conceito chave na ciência geográfica. A análise da paisagem permite-nos verificar as diferentes dinâmicas concernentes ao funcionamento das sociedades, pois ela releva ou omite informações, de forma a denunciar as características econômicas. Políticas e culturais que estruturam o processo de formação e organização do espaço social. Afinal de contas, o espaço geográfico é o resultado de uma complexa interação entre sociedade e a sua paisagem. A seguir estão descritas paisagens brasileiras cuja caracterização é feita pela correlação de clima, vegetação e aproveitamento econômico.

Sobre esse assunto, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas.

a) (      ) Campos Cerrados – clima tropical semiúmido com estações seca e chuvosa bem distintas; solos em grande parte pobres; paisagem vegetal aberta e de fácil locomoção, permitindo assim a prática da pecuária extensiva.

b) (     ) Caatinga – clima semiárido, área de chuvas escassas e irregularmente distribuídas; solo de pequena espessura e quase sempre pedregoso; vegetação heterogênea do tipo xerófilo.

c) (      ) Campanha Gaúcha – região de topografia suave, situada em altas latitudes e vales e sua vegetação é dominada por pequenas plantas perenes, com alta diversidade de espécies.

d) (   ) Mata dos Pinhais – clima tropical com má distribuição de chuvas; vegetação heterogênea e fechada, pouco explorada economicamente devido à grande densidade vegetal.

Resposta: VVFF

Comentário:

Os biomas brasileiros se distribuem pelo território nacional a partir das condições edáficas do espaço (clima, relevo, solo, litologia...), e a sua apropriação/utilização encontra-se diretamente associada aos interesses econômicos da nação ao longo dos contextos históricos do país. Nesse aspecto pode-se observar e compreender as características principais de cada uma das paisagens estabelecidas, e dos modelos de uso e ocupação empregados em cada uma delas.

O Cerrado se estabelece na porção central do país, onde o relevo é predominantemente composto por planaltos sedimentares (chapadas) e os solos são ácidos, laterizados, profundos e lixiviados pelas chuvas. O clima dessa porção do Brasil é do tipo tropical semiúmido, com verões quentes e úmidos e invernos amenos e secos. Esse conjunto de aspectos naturais definem o estabelecimento de uma vegetação do tipo tropófila, composta por árvores de médio porte, retorcidas e tortuosas, por conta do escleromorfismo oligotrófico, sendo essas entremeadas por arbustos e gramíneas. Economicamente, essa região é amplamente utilizada como pastagens para rebanhos bovinos e para cultivo de soja a partir da Revolução Verde após a Segunda Guerra Mundial.

A Caatinga, vegetação do tipo xerófila, dotada de espinhos e escassas folhagens, adaptadas aos litossolos (solos rasos e pedregosos), decorrentes do fraco intemperismo que ocorre na região do sertão semiárido, onde o clima apresenta-se com chuvas irregulares e escassas, assim como elevadas médias térmicas anuais. Nessa região, a vegetação apresenta-se de modo esparso (rala) e a biodiversidade é limitada por conta das condições climáticas desfavoráveis ali observadas.

A Campanha Gaúcha, também conhecida como Pampas, recobre a porção mais meridional do Brasil, onde adapta-se aos relevos intensamente aplainados, de médias altitudes, sob a dinâmica do clima subtropical úmido, no qual as chuvas são regulares e as temperaturas oscilam entre verões quentes e invernos frios. Historicamente essa região é utilizada como pastagem para as práticas pecuaristas extensivas, uma vez que na sua pequena biodiversidade, as vegetações herbáceas (capim) corresponde à quase totalidade de sua composição vegetal.

A Mata dos Pinhais, também conhecida como Mata de Araucárias, recobre os limites entre as regiões tropicais e subtropicais do Brasil, geograficamente representadas pelos limites entre Sul e Sudeste. Nestas regiões observam-se climas de temperaturas amenas (subtropical úmido e tropical de altitude), onde as condições térmicas definem o estabelecimento dessa vegetação aciculifoliada, também conhecidas como coníferas. Os solos dessa região são muito férteis, do tipo “terra roxa”, intensamente utilizados no passado para o cultivo do café, o que trouxe consigo uma intensa devastação para esse bioma brasileiro.

Questão 15

No Brasil, graças às diversas modalidades de impacto da modernização sobre o seu território, todas as áreas do país, nas últimas décadas, conheceram um revigoramento do seu processo de urbanização, ainda que em níveis e formas diferentes, pois a lógica dada pela divisão territorial do trabalho em escala nacional privilegia, diferentemente, cada fração em dado momento de sua evolução. A lógica é comum e os resultados regionais e locais são diferentes.

Considerando o texto, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas.

a) (      ) O Centro-Oeste apresenta-se extremamente receptivo aos novos fenômenos da urbanização e conhece, nas últimas décadas, uma elevada taxa de urbanização.

b) (      ) No Nordeste, a introdução de inovações materiais e sociais encontra resistência de um passado cristalizado, atrasando o processo de desenvolvimento, tornando menos dinâmico o processo de revigoramento da sua urbanização, se comparado a outras áreas do país.

c) (      ) Ao contrário do que aconteceu nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste, onde o povoamento precedeu a urbanização, na Amazônia, o aparecimento de um recente e vigoroso processo de urbanização ocorre sobre poucos núcleos, em função da descontinuidade e da característica rarefeita do povoamento que o precede.

d) (      ) Na região Centro-Oeste, a formação de áreas metropolitanas foi vinculada ao projeto industrial e desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.

Resposta: VVVF

Comentário:

Ao longo do século XX o espaço brasileiro passou por um intenso processo de desenvolvimento urbano, atrelado aos processos de industrialização e de modernização do campo. Porém, um país com dimensões continentais, como é o caso do brasil, apresenta dentro de seu espaço uma série de diferenças naturais e históricas, que reproduzem ao longo do tempo as desigualdades socioeconômicas observáveis. Desse modo, dentre as 5 regiões nacionais são vistos processos totalmente distintos de uso e ocupação do espaço, que se traduzem em graus distintos de urbanização e de desenvolvimento.

A região Centro-Oeste teve seu processo de ocupação iniciado de modo factual a partir da década de 1940, quando o governo de Getúlio Vargas com a construção da cidade de Goiânia, mas esse processo foi secundarizado nos planos estatais, tendo sido retomado apenas no final da década de 1950, com a construção de Brasília no governo de Juscelino Kubitschek. Porém, a urbanização dessa região se deu de modo mais intenso de fato a partir da década de 1970, com o advento da Revolução Verde e da expansão da fronteira agrícola nas últimas décadas do século XX, trazendo elevados índices de urbanização.

Ao passo que a região Nordeste, por onde iniciou-se o processo de colonização/ocupação do território brasileiro no século XVI, enfrenta atualmente um processo de urbanização muito aquém do restante do país, muito por conta dos aspectos naturais que impõem a essa região uma grande dificuldade para o desenvolvimento econômico. Mesmo que atualmente haja no país um processo de desconcentração industrial do Centro-Siul, com várias indústrias chegando ao nordeste, os reflexos ou resultados desse processo são mais lentos e menos perceptíveis, por conta, dentre outros fatores, aos aspectos históricos arraigados no espaço nordestino, enraizados em um modelo econômico ultrapassado, porém que serve a uma série de interesses e grupos dominantes regionais.

Na região Norte, no espaço amazônico, observa-se atualmente a expansão da fronteira agrícola a partir do Cerrado, que traz consigo a integração da Amazônia ao restante das regiões brasileiras. Porém, o processo de urbanização esbarra no atraso histórico dessa porção do território nacional, principalmente por um início de urbanização que no passado esteve diretamente relacionado ao transporte fluvial, o que condicionou a localização das cidades à rede hidrográfica da Bacia do rio Amazonas, criando um sistema urbano desconectado e rarefeito, dificultando a integração entre essas cidades e a consolidação do processo de urbanização atual.

Questão 16

No processo de transformação do modo de produção no campo, intensificou-se a mecanização da agricultura, com a introdução de máquinas com motores a explosão e incorporações de adubos sintéticos e herbicidas químicos. Essa proximidade entre indústria e agricultura intensifica-se após a Segunda Guerra Mundial e foi chamada de Segunda Revolução Agrícola. Nesse período, o desenvolvimento dos meios de transportes possibilitou o comércio de produtos em escala global. Apesar do desenvolvimento a agricultura moderna ainda persistir, principalmente nos países subdesenvolvidos e emergentes, na agropecuária tradicional, predominam a baixa produtividade, o uso de técnicas, recursos e ferramentas rudimentares e dependentes de condições naturais e de elevado emprego de mão de obra. Os atuais sistemas de produção agropecuários podem ser classificados de acordo com a produtividade alcançada e os lucros obtidos, independentemente da área utilizada, dividindo-se em sistemas intensivo e intensivo de produção agropecuária.

Sobre os sistemas intensivo e extensivo na agricultura e pecuária, assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas.

a) (      ) No sistema de produção intensivo na pecuária, os animais têm uma dieta alimentar definida pelas pastagens nativas, andam soltos por uma grande área e não dispõem de cuidados veterinários modernos. Essa prática, mais comum para o gado bovino destinado ao corte, gera baixa produtividade de carne por área.

b) (      ) No sistema intensivo, o modo de produção agrícola implantado nas propriedades faz o uso constante de técnicas e de tecnologias modernas, como seleção de sementes e plantas, sistemas de irrigação, estufas para o controle da temperatura e da intensidade dos raios solares que atingem as plantas, adubos e herbicidas industrializados, equipamentos e veículos modernos, entre outros processos controlados pelo ser humano que diminuem a dependência direta das condições naturais para alcançar maior produtividade em menor tempo de utilização da terra.

c) (      ) No sistema extensivo, o modo de produção agrícola é tradicional, sem tecnologia moderna, nem métodos mais avançados de conservação da terra, com o uso de arado de tração animal. Nesse sistema, há dependência direta das condições naturais da terra e dos fatores climáticos. No entanto, em razão dessas condições, comumente, a produtividade alcançada por área é baixa.

d) (      ) O sistema de produção extensivo na pecuária é caracterizado pela reprodução do gado e das aves para a produção de carnes e outros derivados por meio de técnicas, como inseminação artificial, melhoramento genético e controle de cruzamentos, entre outras. Esses procedimentos permitem alcançar elevadas taxas de produtividade na pecuária.

Resposta: FVVF

Comentário:

A modernização da agricultura mundial observada a partir do período após a Segunda Guerra Mundial ficou conhecida como Revolução Verde, tendo iniciado nas nação desenvolvidas ainda na década de 1950 e chegado às nações em desenvolvimento a partir das décadas de 1960 e 1970. O maior intuito desse processo foi a ampliação da eficiência das atividades agropecuárias, visando o aumento da produtividade e consequentemente da lucratividade dessa atividade. Nesse contexto se destaca a transição das práticas mais simples e menos eficientes, conhecidas como “extensivas” para aquelas mais modernas e eficientes, intituladas de “intensivas”.

Nas práticas de agricultura e pecuária extensivas, tem-se o uso de técnicas rudimentares, com o uso de conhecimentos absorvidos meramente pelas experiências práticas o longo do tempo, tendo como base a produção a partir do uso de extensas áreas de terras, sendo amplamente dependente dos aspectos naturais, tais como clima, solo, relevo (...). Esse processo produtivo, realizado de modo mais simplório traz consigo uma baixa eficiência e consequentemente uma baixa produtividade final, limitando com isso as margens de lucro. Esse tipo de agropecuária é típica de regiões menos desenvolvidas do globo.

Ao passo que nas práticas de agricultura e pecuária intensivas, tem-se o uso de técnicas modernas, baseadas em pesquisas científicas, melhoramento genético das espécies, cruzamentos manipulados laboratorialmente, visando o melhoramento genético de plantas e animais. Nesse contexto, a produção passa a ser definida, não pela extensão da área cultivada, mas sim pela quantidade de capitais disponíveis para a realização de investimentos em técnicas e tecnologias de ponta. A agricultura intensiva baseia-se na superação das limitações ambientais através do uso de sementes híbridas, transgênicas, pesticidas, herbicidas, fertilizantes químicos (...),  que a torna muito mais produtiva e consequentemente mais lucrativa.



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