segunda-feira, 5 de novembro de 2018

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - ENEM 2018




Questão 46

No Segundo Congresso Internacional de Ciências Geográficas, em 1875, a que compareceram o presidente da República, o governador de Paris e o presidente da Assembleia, o discurso inaugural do almirante La Roucière-Le Noury expôs a atitude predominante no encontro: “Cavalheiros, a Providência nos ditou a obrigação de conhecer e conquistar a terra. Essa ordem suprema é um dos deveres imperiosos inscritos em nossas inteligências e nossas atividades. A geografia, essa ciência que inspira tão bela devoção e em cujo nome foram sacrificadas tantas vítimas, tornou-se a filosofia da terra”.

SAID. E. Cultura e política. São Paulo: Cia. das Lelras. 1995.

No contexto histórico apresentado, a exaltação da ciência geográfica decorre do seu uso para o(a)

a) preservação cultural dos territórios ocupados.

b) formação humanitária da sociedade europeia.

c) catalogação de dados úteis aos propósitos colonialistas.

d) desenvolvimento de técnicas matemáticas de construção de cartas.

e) consolidação do conhecimento topográfico como campo acadêmico.

Resposta: C

Comentário:

No contexto apresentado no texto motivador da questão, a Ciência Geográfica é retratada em sua feição mais simplória e simbólica, que associa ao simples fato de observar e compreender os aspectos naturais das paisagens. Nesse sentido, os objetivos franceses no século XIX se referiam a simplesmente conhecer os aspectos exploráveis dos territórios a serem dominados e colonizados, tendo em vista meramente a dominação e a obtenção de lucratividade através de sua exploração.

Questão 53

Foi-se o tempo em que era possível mostrar um mundo econômico organizado em camadas bem definidas, onde grandes centros urbanos se ligavam, por si próprios, a economias adjacentes “lentas”, com o ritmo muito mais rápido do comércio e das finanças de longo alcance. Hoje tudo ocorre como se essas camadas sobrepostas estivessem mescladas e interpermeadas. Interdependências de curto e longo alcance não podem mais ser separadas umas das outras.

BRENNER, N. A globalização como reterritorialização. Cadernos Metrópole, n. 24, jul.-dez. 2010 (adaptado).

A maior complexidade dos espaços urbanos contemporâneos ressaltada no texto explica-se pela

a) expansão de áreas metropolitanas.

b) emancipação de novos municípios.

c) consolidação de domínios jurídicos.

d) articulação de redes multiescalares.

e) redefinição de regiões administrativas.

Resposta: D

Comentário:

O espaço urbano contemporâneo se apresenta de modo muito complexo, sendo definido pelas relações, igualmente complexas, que se estabelece entre distintos centros urbanos, que ocupam posições diferentes dentre de uma organização hierárquica baseada no poder econômico e na influência política de cada uma delas. A essa organização dá-se o nome de “hierarquia urbana”, e este conjunto de relações distintas intitula-se “rede urbana”.

A partir da Terceira Revolução Industrial, e o consequente estabelecimento do meio técnico-científico-informacional, no período pós Segunda Guerra Mundial, houve um grande salto de evolução nos meios de transportes e telecomunicações, o que favoreceu a interligação e a integração entre os espaços, mudando completamente as definições e dimensões do conceito de distância. De modo geral os lugares se tornaram “mais próximos” e os povos mais conectados, o que permitiu o estabelecimento de uma nova rede de relações socioespaciais, que atuam e se desenvolvem deste a escala local até a escala global.

Questão 55

Os soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se pela fresta aberta pela imediata hostilidade norte-americana em relação ao processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveram sua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o apoio econômico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona, embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos - e depois com seus herdeiros russos - por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era oferecido em nome da solidariedade socialista tinha um preço definido.

PADURA, L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul. 2014 (adaptado).

O texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco foram marcadas pelo(a)

a) busca da neutralidade política.

b) estímulo à competição comercial.

c) subordinação à potência hegemônica.

d) elasticidade das fronteiras geográficas.

e) compartilhamento de pesquisas científicas.

Resposta: C

Comentário:

O contexto histórico abordado no texto da questão faz menção ao período da Guerra Fria, quando a geopolítica mundial vivia seu contexto de bipolaridade ideológica, com as nações optando por aderir ao socialismo e consequentemente associar-se à União Soviética, ou ao capitalismo, o que os levaria a uma associação com os Estados Unidos. Cuba, após a Revolução Cubana optou por aproximar-se da URSS e do regime socialista, o que trouxe profundas alterações geopolíticas no continente americano, tais como a Crise dos Mísseis e o consequente Embargo Econômico imposto pelos EUA à ilha centro-americana.

No contexto da corrida armamentista entre as duas grandes potências desse período, cresceu a expansão das bases militares pelo mundo, com os Estados Unidos marcado presença no continente europeu, como se observou na Turquia e os soviéticos marcando presença na América, conforme se observou em Cuba. Porém, além da “ajuda” militar houve também a “ajuda” financeira das superpotências aos seus aliados, como se pode observar com os planos Marshall e Colombo implantados pelos Estados Unidos e o Comecon soviético (embora esse último fosse mais restrito à Europa...). Assim, Cuba recebeu vultosa ajuda financeira da potência socialista, o que por um lado possibilitou certo benefício econômico para a ilha, porém trouxe consigo um endividamento externo que se materializava na forma de dependência externa e subordinação política em relação ao bloco do Leste Europeu.

Questão 56

Anamorfose é a transformação cartográfica espacial em que a forma dos objetos é distorcida, de forma a realçar o tema, A área das unidades espaciais às quais o tema se refere é alterada de forma proporcional ao respectivo valor.

GASPAR, A. J. Dicionário de ciências cartográficas. Lisboa: Lidei, 2004.

A técnica descrita foi aplicada na seguinte forma de representação do espaço:

a)


b)













c)




















d)









e)












Resposta: C

Comentário:

Conforme o próprio enunciado da questão referenciou, a técnica da anamorfose trata-se de uma representação cartográfica que relaciona de modo proporcional o tamanho de uma determinada área com um valor numérico qualquer. Sendo assim, o tamanho apresentado pelas áreas (no caso da questão anterior, alguns países americanos) será tão maior quanto maior forem os valores atribuídos aos dados quaisquer. Em relação às alternativas apresentadas pela referida questão, tem na alternativa “a” uma representação chamada de “bloco diagrama”, na alternativa “b” um “mapa topográfico”, na alternativa “d” um “perfil topográfico” e na alternativa “e” uma representação espacial, baseada em “aerofotogrametria”.

Questão 58

A democracia que eles pretendem é a democracia dos privilégios, a democracia da intolerância e do ódio. A democracia que eles querem é para liquidar com a Petrobras, é a democracia dos monopólios, nacionais e internacionais, a democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem eu afirmava que a democracia jamais poderia ser ameaçada pelo povo, quando o povo livremente vem para as praças - as praças que são do povo. Para as ruas - que são do povo.

Disponível em: www.revistadehistoria.oom.br/secao/artigos/discurso-de-joao-goulartnooomicio-da-cenlral. Acesso em: 29 ou!. 2015.

Em um momento de radicalização política, a retórica no discurso do presidente João Goulart, proferido no comício da Central do Brasil, buscava justificar a necessidade de

a) conter a abertura econômica para conseguir a adesão das elites.

b) impedir a ingerência externa para garantir a conservação de direitos.

c) regulamentar os meios de comunicação para coibir os partidos de oposição.

d) aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização de setores trabalhistas.

e) incrementar o processo de desestatização para diminuir a pressão da opinião pública.

Resposta: D

Comentário:

O discurso de João Goulart, proferido no início da década de 1960 insere-se no contexto geopolítico da bipolaridade ideológica da Guerra Fria, em que se observava o acirramento, em nível global, das divergências entre o capitalismo estadunidense e do socialismo soviético. Goulart, sabidamente simpatizava com os ditames propostos pelo modelo soviético, ao passo que entre as elites brasileiras, o temor da chegada e instauração do socialismo no país somava-se à afeição histórica dessa camada ao capitalismo e suas vantagens.

A fala de João Goulart se associa às chamadas Reformas de Base, propostas por seu governo, que visavam, de modo amplo e genérico, a busca de um modelo social que estabelecesse a redução da histórica dependência externa brasileira, em relação às grandes potências hegemônicas capitalistas, assim como a ampliação de concessões e benefícios para camadas sociais menos favorecidas, mobilizadas em torno do ideário de igualdade de direitos e vantagens.

Questão 60

Em Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre onde se encontram os refugiados sírios, a resposta do homem é imediata: “em todos os lugares e em lugar nenhum”. Andando ao acaso, não é raro ver, sob um prédio ou num canto de calçada, ao abrigo do vento, uma família refugiada em volta de uma refeição frugal posta sobre jornais como se fossem guardanapos. Também se vê de vez em quando uma tenda com a sigla ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), erguida em um dos raros terrenos vagos da capital.

JABER, H. Quem realmente acolhe os refugiados? Le Monde Oiplomatique Brasil, oul2015 (adaptado).

O cenário descrito aponta para uma crise humanitária que é explicada pelo processo de

a) migração massiva de pessoas atingidas por catástrofe natural.

b) hibridização cultural de grupos caracterizados por homogeneidade social.

c) desmobilização voluntária de militantes cooptados por seitas extremistas.

d) peregrinação religiosa de fiéis orientados por lideranças fundamentalistas.

e) desterritorialização forçada de populações afetadas por conflitos armados.

Resposta: E

Comentário:

A tragédia humanitária referente aos refugiados de nações do norte da África ou do Oriente Médio na atualidade coloca à luz dois aspectos latentes da sociedade moderna, diretamente atrelados ao processo de globalização, os quais caminham lado a lado, embora sejam em sua essência, diametralmente opostos e contraditórios. São eles a ampliação dos fluxos migratórios e a perda das identidades territoriais dos grupos migrantes.

Por um lado, o processo globalizatório possibilitou a evolução dos meios de transportes e telecomunicações, principalmente a partir do estabelecimento do chamado meio técnico-científico-informacional com a Terceira Revolução Industrial, que trouxe consigo a possibilidade material e concreta de ampliação dos fluxos materiais e imateriais pelo globo. Dentre estes fluxos, a migração humana assumiu papel de importante processo contemporâneo, seja representada por movimentações populacionais espontâneas (em busca de melhores condições de vida) ou forçadas (em busca de garantias de manutenção da vida).

Porém, ao mesmo tempo que os deslocamentos foram facilitados pela ampliação dos meios de transportes e pela acessibilidade a esses, os choques culturais se tornaram cada vez mais intensos entre os povos, e os refugiados representam de maneira muito eficiente esse processo, uma vez que são forçados a abandonarem seus espaços de origem, de onde definem suas identidades próprias, o que estabelece ao mesmo tempo um processo de “desterritorialização”, uma vez que perdem o poder e a autonomia sobre o espaço em que habitam, e de “anomia social”, pois passam a assumir um papel quase que irrelevante no novo contexto a que são forçados a se inserir.

Questão 61

TEXTO I

Programa do Partido Social Democrático (PSD)

Capitais estrangeiros

É indispensável manter clima propício à entrada de capitais estrangeiros. A manutenção desse clima recomenda a adoção de normas disciplinadoras dos investimentos e suas rendas, visando reter no país a maior parcela possível dos lucros auferidos.


TEXTO II

Programa da União Democrática Nacional (UDN)

O capital

Apelar para o capital estrangeiro, necessário para os empreendimentos da reconstrução nacional e, sobretudo, para o aproveitamento das nossas reservas inexploradas, dando-lhe um tratamento equitativo e liberdade para a saída dos juros.

CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: UnB, 1981 (adaptado).

Considerando as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos dos programas do PSD e UDN convergiam na defesa da

a) autonomia de atuação das multinacionais.

b) descentralização da cobrança tributária.

c) flexibilização das reservas cambiais.

d) liberdade de remessa de ganhos.

e) captação de recursos do exterior

Resposta: E

Comentário:

Ao se analisar os dois programas partidários apresentados na questão, pode-se notar que há uma convergência nos discursos de ambos, no que tange à valorização da importância do capital externo para o desenvolvimento econômico do Brasil. Em ambos os trechos nota-se a intenção de criar vantagens atrativas para o aporte desses investimentos na economia nacional, garantindo-lhes lucratividade e ao mesmo tempo possibilitando benefícios econômicos ao Brasil.

O período das décadas de 1950 e 1960 marca a era do chamado “nacional desenvolvimentismo” do Brasil, em que se buscava a fortificação da atividade industrial no país, através da associação entre os capitais nacionais e dos capitais investidores externos, os quais buscavam locais de garantias para sua multiplicação e lucratividade, como era o caso do Brasil nesse contexto. Assim, caberia ao Estado a criação de políticas e projetos para a captação desses capitas e a modernização nacional.

Questão 62

A situação demográfica de Israel é muito particular. Desde 1967, a esquerda sionista afirma que Israel deveria se desfazer rapidamente da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, argumentando a partir de uma lógica demográfica aparentemente inexorável. Devido à taxa de nascimento árabe ser muito mais elevada, a anexação dos territórios palestinos, formal ou informal, acarretaria dentro de uma ou duas gerações uma maioria árabe “entre o rio e o mar”.

DEMANT, P. Israel: a crise próxima. História, n. 2. jul.-dez. 2014.

A preocupação apresentada no texto revela um aspecto da condução política desse Estado identificado ao(à)

a) abdicação da interferência militar em conflito local.

b) busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional.

c) admissão da participação proativa em blocos regionais.

d) rompimento com os interesses geopolíticos das potências globais.

e) compromisso com as resoluções emanadas dos organismos internacionais.

Resposta: B

Comentário:

O contexto demográfico observado no excerto apresentado na questão demonstra a preocupação de algumas alas sociais de Israel com o fato de que os sucessivos processos de anexação territorial que o Estado de Israel tem impelido sobre os territórios palestinos desde 1947 pode ter consequências negativas para o país judeu, por conta da possibilidade de se criar um Estado judeu que domine todo o território pretendido, no qual viveriam mais árabes do que seguidores do judaísmo, o que poderia trazer consigo circunstâncias nefastas para o governo.

Conforme a questão menciona, nos territórios palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) tem-se taxas de natalidade superiores aquelas observadas em Israel, o que em breve poderia trazer um quadro em que a população de origem árabe e, portanto, opositora ao Estado israelense se tornaria mais numerosa do que a própria população judia, que busca o controle e o domínio pleno dos territórios. Desse modo, o discurso defendido por essa ala do povo judeu explicita a vontade de que se estabeleça uma maioria étnica, no caso os judeus, sobre a população palestina, no caso os árabes, para que seja garantida a soberania nacional de Israel e a “governabilidade” territorial.

Questão 63

Trajetória de ciclones tropicais


Disponível em: http://globalwarmingart.com. Acesso em: 12 jul. 2015 (adaptado).

Qual característica do meio físico é condição necessária para a distribuição espacial do fenômeno representado?

a) Cobertura vegetal com porte arbóreo.

b) Barreiras orográficas com altitudes elevadas.

c) Pressão atmosférica com diferença acentuada.

d) Superfície continental com refletividade intensa.

e) Correntes marinhas com direções convergentes.

Resposta: C

Comentário:

O fenômeno representado na imagem da questão, referente aos ciclones tropicais no globo terrestre, encontra-se diretamente associado à dinâmica atmosférica terrestre. Dentro dessa dinâmica atmosférica tem-se a circulação geral, associada com as movimentações dos ventos de grande e pequena escalas, tais como os ciclones, furacões, tufões e tornados (...).

Para que haja a ocorrência desses fenômenos é necessário que existam diferenças nas pressões atmosféricas locais, sendo que as áreas de maior pressões se formam as zonas chamadas de anticiclonais (de onde partem os ventos) em direção aos locais de menores pressões, chamadas de ciclonais (onde chegam esses grandes fluxos de ar). As diferenças de pressões são decorrentes das variações de temperaturas ou de altitudes, sendo as primeiras as mais atuantes. Geralmente locais mais quentes dão origem a zonas ciclonais e locais menos quentes originam zonas anticiclonais. Portanto, a formação destes fenômenos se dá ao longo das linhas dos trópicos (zonas de altas pressões), principalmente no hemisfério norte, uma vez que ali as massas continentais são maiores do que as massas líquidas, o que influencia no calor específico superficial e consequentemente nas amplitudes térmicas e variações nas pressões atmosféricas.

Questão 65

Os portos sempre foram respostas ao comércio praticado em grande volume, que se dá via marítima, lacustre e fluvial, e sofreram adaptações, ou modernizações, de acordo com um conjunto de fatores que vão desde a sua localização privilegiada frente a extensas hinterlândias, passando por sua conectividade com modernas redes de transportes que garantam acessibilidade, associados, no atual momento, à tecnologia, que os transformam em pontas de lança de uma economia globalizada que comprime o tempo em nome da produtividade e da competitividade.

ROCHA NETO. J. M.; CRAVIDÃO, F. D. Portos no contexto do meio técnico. Mercator. n. 2, maio-ago. 2014 (adaptado).

Uma mudança que permitiu aos portos adequarem-se às novas necessidades comerciais apontadas no texto foi a

a) a intensificação do uso de contêineres.

b) compactação das áreas de estocagem.

c) burocratização dos serviços de alfândega.

d) redução da profundidade dos atracadouros.

e) superação da especialização dos cargueiros.

Resposta: A

Comentário:

No atual contexto da globalização tem-se a ampliação dos fluxos materiais e imateriais pela superfície terrestre, relacionados diretamente ao sistema capitalista e à economia mundializada. As mercadorias fluem em um ritmo cada vez mais acelerado e os mercados são abastecidos de uma forma cada vez mais intensa e incessante, como exige uma sociedade baseada no consumismo frenético de mercadorias.

Nesse contexto, além de uma circulação cada vez mais rápida e eficiente, busca-se ainda um meio cada vez mais barato de fazer com que as mercadorias cheguem quase que instantaneamente às mãos dos consumidores, o que torna essa mercadoria cada vez mais competitiva nos mercados globalizados. O transporte marítimo se mostra muito eficiente nessa ligação em longas distâncias globais, principalmente pelo seu baixo custo de operação e elevado volume de carga transportado, porém sua eficiência se mostra aplicável principalmente entre duas porções litorâneas. O grande problema é até esse produto chegar ao porto de origem e depois do porto de destino até o consumidor final.

Nesse aspecto surge a necessidade de integração de diferentes modais de transportes, sejam eles o ferroviário ou o rodoviário, e mais do que isso, o desenvolvimento de um modo eficiente de transbordo dessa mercadoria do trem ou do caminhão para o navio e vice-versa. Para tanto, o desenvolvimento do sistema de contêineres se mostra um elo importante, uma vez que essas grandes caixas metálicas podem ser transportadas nas ferrovias ou rodovias e depois rapidamente embarcadas num navio e partir para seu destino, e lá chegando são também rapidamente transferidas para novos trens ou caminhões e adentram os territórios em busca de seus mercados consumidores.

Questão 67


Disponível em: www.biologiasur.org. Acesso em: 4jul. 2015 (adaptado).

A dinâmica hidrológica expressa no gráfico demonstra que o processo de urbanização promove a

a) redução do volume dos rios.

b) expansão do lençol freático.

c) diminuição do índice de chuvas.

d) retração do nível dos reservatórios.

e) ampliação do escoamento superficial.

Resposta: E

Comentário:

O gráfico apresentado na referida questão faz menção ao processo de urbanização e às consequências dele decorrentes, principalmente aquelas associadas à drenagem das águas pluviais. Essa drenagem encontra-se diretamente associada à vazão dos cursos hídricos (rios e córregos) que cortam essas áreas urbanas e são responsáveis pela circulação das águas superficiais nesses ambientes.

Sabe-se que após as chuvas as águas precipitadas percorrem dois caminhos específicos, sendo eles a infiltração vertical, definida pela entrada das águas da chuva no solo e diretamente associada com a permeabilidade desses solos; e o escoamento superficial, definido pela formação das enxurradas das águas não infiltradas nos solos, geralmente por que esses encontram-se impermeabilizados pelas ações antropogênicas.

No gráfico apresentado pela referida questão nota-se que nas áreas não urbanizadas, onde os níveis de antropização são menos intensos, tem-se uma menor vazão e ela atinge seu máximo depois de um número maior de horas, devido ao fato de que nessas áreas uma parcela significativa das águas infiltra no solo e só escoam depois destes estarem já saturados. Ao passo que nas áreas já urbanizadas tem-se uma vazão maior e seu ápice é atingido mais rapidamente, uma vez que nesses locais o elevado grau de impermeabilização dos solos reduz drasticamente a infiltração e potencializa o escoamento superficial.

Questão 72

Uma pesquisa realizada por Carolina Levis, especialista em ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e publicada na revista Science, demonstra que as espécies vegetais domesticadas pelas civilizações pré-colombianas são as mais dominantes. A domesticação de plantas na floresta começou há mais de 8.000 anos. Primeiro eram selecionadas as plantas com características que poderiam ser úteis ao homem e em um segundo momento era feita a propagação dessas espécies. Começaram a cultivá-Ias em pátios e jardins, por meio de um processo quase intuitivo de seleção”.

OLIVEIRA, J. Indígenas foram os primeiros a alterar o ecossistema da Amazônia. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 dez. 2017 (adaptado).

O texto apresenta um novo olhar sobre a configuração da Floresta Amazônica por romper com a ideia de

a) primazia de saberes locais.

b) ausência de ação antrópica.

c) insuficiência de recursos naturais.

d) necessidade de manejo ambiental.

e) predominância de práticas agropecuárias.

Resposta: B

Comentário:

O excerto apresentado na questão anterior menciona a importância das ações de povos antigos na composição das características botânicas observadas atualmente na Amazônia. Nesse fragmento nota-se que a autora do estudo afirma que a maior parte das espécies encontradas atualmente neste bioma se referem àquelas que foram domesticadas no passado pelos povos nativos, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus.

Com base nessa informação cria-se um novo e importante olhar sobre a vastidão dessa floresta, uma vez que a maior parte dos estudos colocava o indivíduo humano como agente apenas de degradação e alteração negativa dos aspectos naturais observados nessa formação vegetal, de modo que deixava transparecer que a composição e delimitação dos aspectos naturais da floresta amazônica se deu de modo totalmente independente das ações antrópicas, porém essa nova visão rompe de modo factual com essa antiga linha de pensamento.

Questão 73

TEXTO I

Quando um exército atravessa montanhas, florestas, zonas de precipícios, ou marcha ao longo de desfiladeiros, alagadiços ou pântanos, ou qualquer outro terreno onde a deslocação é árdua, está em terreno difícil. O terreno onde é apertado e a sua saída é tortuosa e onde uma pequena força inimiga pode atacar a minha, embora maior, é cercado.

TZU. S. A arte da guerra. São Paulo: Martin Claret, 2001.

TEXTO II

O objetivo principal era encontrar e matar Osama Bin Laden. Onde ele se esconde? Não podemos esquecer a dificuldade de ocupação do país, que possui um relevo montanhoso, cheio de cavernas, onde fica fácil, para quem está acostumado com esse relevo, esconder-se.

OLIVEIRA, M. G.; SANTOS, M. S. Ásia: uma visão histórica, política e econômica do continente. Rio de Janeiro: E-Papers, 2009 (adaptado).

As situações apresentadas atestam a importância da relação entre a topografia e o(a)

a) construção de vias terrestres.

b) preservação do meio ambiente.

c) emprego de armamentos sofisticados.

d) intimidação contínua da população local.

e) domínio cognitivo da configuração espacial.

Resposta: E

Comentário:

Os dois fragmentos apresentados na questão anterior fazem menção à necessidade de se conhecer as dinâmicas físicas dor territórios em períodos de guerra, em especial em regiões onde as condições adversas possam ser utilizadas como vantagem durante o conflito pelo inimigo. Assim, a topografia e a conformação do relevo do campo de batalha podem ser decisivas para a definição do lado vencedor e perdedor da batalha que se trava. Assim, o conhecimento desses aspectos naturais do ambiente pode possibilitar o domínio sobre essa dinâmica e permite que se possa traça um plano eficiente para que se obtenha sucesso no conflito que se desenrola.

Questão 75

Os países industriais adotaram uma concepção diferente das relações familiares e do lugar da fecundidade na vida familiar e social. A preocupação de garantir uma transmissão integral das vantagens econômicas e sociais adquiridas tem como resultado uma ação voluntária de limitação do número de nascimentos.

GEORGE, P. Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1968 (adaptado).

Em meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o processo europeu de

a) estabilização da pirâmide etária.

b) conclusão da transição demográfica.

c) contenção da entrada de imigrantes.

d) elevação do crescimento vegetativo.

e) formação de espaços superpovoados.

Resposta: B

Comentário:

As nações caracterizadas na questão como sendo  os “países industriais” são aquelas em que o nível de desenvolvimento (produção de riqueza combinada com a qualidade de vida) atingiram na atualidade os níveis mais elevados. Esses níveis socioeconômicos mais elevados trouxeram para a realidade demográfica destas nações uma conjuntura populacional distinta do restante do mundo, principalmente pelas variações observadas nas suas pirâmides etárias.

Nestas nações observa-se na atualidade um alargamento dos topos de suas pirâmides etárias, denunciando um processo crescente de envelhecimento populacional, com elevação da expectativa de vida (longevidade) e consequente aumento da População Economicamente Inativa – PEI. Ao mesmo tempo nota-se ainda um estreitamento das bases de suas pirâmides, o que caracteriza uma redução significativa de suas taxas de fecundidade e natalidade, o que em médio prazo reduz a composição adulta e  a População Economicamente Ativa – PEA.

 Esse processo de alteração estrutural da pirâmide etária recebe o nome de “transição demográfica” e se refere a um período de elevado crescimento vegetativo, situado entre dois períodos de baixo crescimento vegetativo da população. Nessas nações mais desenvolvidas nota-se hoje um processo de redução das taxas de nascimento e elevação das populações idosas, o que faz com que a população estabilize seu crescimento natural em níveis muito baixos, por vezes passando inclusive pela diminuição populacionais, acusando o término de seu processo de transição demográfica.

Questão 77

A presunção de que a superfície das chapadas e chapadões representa uma velha peneplanície é corroborada pelo fato de que ela é coberta por acumulações superficiais, tais como massas de areia, camadas de cascalhos e seixos e pela ocorrência generalizada de concreções ferruginosas que formam uma crosta laterítica, denominada “canga”.

WEIBEL. L. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em: 8 jul. 2015 (adaptado).

Qual tipo climático favorece o processo de alteração do solo descrito no texto?

a) Árido, com déficit hídrico.

b) Subtropical, com baixas temperaturas.

c) Temperado, com invernos frios e secos.

d) Tropical, com sazonalidade das chuvas.

e) Equatorial, com pluviosidade abundante.

Resposta: D

Comentário:

Os relevos chamados de “chapadas” ou “chapadões” são formações típicas de regiões sedimentares, de média alta elevação, onde predominam os processos erosivos, em relação aos processos deposicionais de sedimentos. Essas regiões são chamadas formalmente de planaltos sedimentares e apresentam formatos tabuliformes, sendo típicos de regiões onde a elevada umidade potencializa os processos erosivos, que transportam os sedimentos anteriormente  depositados ali.

Portanto, são formações típicas de regiões próximas à faixa equatorial, onde os índices pluviométricos são elevados. No enunciado da questão ainda é mencionado o processo de laterização dos solos, onde ocorre o acúmulo de óxido de ferro na superfície desses solos, criando um crosta férrica que reduz a sua fertilidade e produtividade natural.

O processo de laterização se dá de modo natural e depende da dinâmica climática local, sendo mais marcante nas faixas tropicais, onde a sazonalidade entre períodos chuvosos e secos cria condições em que durante a estação chuvosa o solo é lavado verticalmente , através do processo de lixiviação, dissolvendo os óxidos e partículas finas nas camadas do solo, ao passo que durante a estação seca, ocorre o aquecimento da superfície do solo, criando uma condição conhecida como “pressão negativa”, que gera o movimento capilar da água em direção à superfície do solo, trazendo consigo as partículas anteriormente lixiviadas pelas chuvas. Na superfície essa água capilar evapora e as partículas sólidas permanecem e se concentram nas camadas mais superiores, dando origem à chamada “canga laterítica”.

Questão 81

TEXTO I

As fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem e articulam, por elas passando discursos de legitimação da ordem social tanto quanto do conflito.

CUNHA, L. Terras iusllanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário. Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.

TEXTO II

As últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias e informação que rendem dinheiro andam de mãos dadas com a pressão para cavar novos fossos e erigir novas muralhas que barrem o movimento daqueles que em consequência perdem, física ou espiritualmente, suas raízes.

BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

A ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende a

a) liberação da circulação de pessoas.

b) preponderância dos limites naturais.

c) supressão dos obstáculos aduaneiros.

d) desvalorização da noção de nacionalismo.

e) seletividade dos mecanismos segregadores.

Resposta: E

Comentário:

Atualmente observa-se uma alteração profunda no sentido e no conceito das fronteiras, que antes serviam para impedir os fluxos e as circulações entre espaços formalmente definidos e territorializados por grupos antagônicos. Nas últimas décadas essas fronteiras perderam muito de sua simbologia histórica, embora essa perda tenha se dado de modo consciente e proposital, decorrente do próprio processo de globalização e aproximação entre povos e espaços, porém nos últimos anos tem-se notado que dentro dessa mudança (perda de simbologia histórica) tem ocorrido um processo contraditório, que é a "(re)significação" da simbologia passada.

Na medida em que a globalização atua como agente encurtador das distâncias físicas entre os espaços, ela favorece aos fluxos materiais e imateriais transfronteiriços, reduzindo assim o caráter separador e limitador que se observava nas fronteiras. Porém esses fluxos têm consigo um fundamento marcadamente econômico e vinculado à busca incessante pela máxima lucratividade, obtida através do livre acesso aos mercados consumidores.

Mas quando esses fluxos envolvem pessoas a situação muda de maneira diametral, pois nesse caso surge uma nova significância para o sentido fronteiriço, pautado agora pela seletividade de quem pode ir para onde. Desse modo tem-se que ao mesmo tempo em que se busca uma eliminação dos limites físicos entre os territórios, no que tange às questões econômicas, nota-se que as fronteiras têm perdido cada vem mais seus sentidos, porém no que tange aos aspectos demográficos, a cada dia tem-se ampliado as restrições para a livre circulação de pessoas, principalmente para aqueles provenientes dos países mais pobres em direção aos países mais ricos do globo. Deste modo pode-se afirmar que ao mesmo tempo em que reduz as distâncias e o papel histórico das fronteiras, a globalização cria consigo elementos seletivos, capazes de segregar de modo planejado aqueles fluxos que são agora classificados entre os que são “bem vindos” e aqueles tidos como “indesejáveis”.

Questão 82

TEXTO I

Há mais de duas décadas, os cientistas e ambientalistas têm alertado para o fato de a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. Desde o começo de 2014, o Sudeste do Brasil adquiriu uma clara percepção dessa realidade em função da seca.

TEXTO II

Dinâmicas atmosféricas no Brasil

Elementos relevantes ao transporte de umidade na América do Sul a leste dos Andes pelos Jatos de Baixos Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e transporte de umidade do Atlântico Sul, assim como a presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), para um verão normal e para o verão seco de 2014. “A” representa o centro da anomalia de alta pressão atmosférica.



MARENGO, J. A. et al. A seca e a crise hídrica de 2014-2015 em São Paulo. Revista USP, n. 106,2015 (adaptado).

De acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste, teve como causa natural o(a)

a) constituição de frentes quentes barrando as chuvas convectivas.

b) formação de anticiclone impedindo a entrada de umidade.

c) presença de nebulosidade na região de cordilheira.

d) avanço de massas polares para o continente.

e) baixa pressão atmosférica no litoral.

Resposta: B

Comentário:

A dinâmica climática terrestre relaciona-se diretamente pelos aspectos observáveis de dois importantes elementos climáticos: a umidade e a temperatura. Desse modo, o aquecimento e o resfriamento diferencial das superfícies terrestres (sejam elas sólidas ou líquidas) encontram-se diretamente associadas à distribuição das precipitações e consequentemente na reposição e ciclagem da água doce disponível.

Assim, analisando esses aspectos de modo a observar essa relação direta pode-se inferir que as diferenças de pressão atmosférica alteram a circulação dos fluxos de ar (ventos) e com isso a distribuição da umidade e das precipitações. Associando-se essa dinâmica ao ocorrido no sudeste do Brasil no ano de 2014, principalmente no estado de São Paulo, nota-se que a alteração nas temperaturas durante o período de verão naquele ano acabou por ocasionar a mudança na pressão atmosférica, tendo estabelecido ali uma zona anticiclonal, de onde normalmente partem os ventos carregados de umidade.

Ora, se houve a criação de uma zona anticiclonal de alta pressão atmosférica, automaticamente os ventos úmidos provenientes da linha equatorial, que margeiam a Cordilheira dos Andes no sentido norte-sul, e que são chamados de “rios voadores”, não são capazes de atingir a região sudeste do país, o que causa uma redução drástica no regime de chuvas e uma seca prolongada nessa região.

Questão 86

A agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão ganhando relevância em diferentes partes do mundo. No campo brasileiro, também acontece o mesmo. Impulsionado especialmente pela expansão da demanda de alimentos saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora permaneça relativamente marginalizado na agenda de prioridades da política agrícola praticada no país.

AQUINO, J. R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. In: SAMBUICHI, R. H. R. et ai. (Org.). A política nacional de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017 (adaptado).

Que tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de reduzir a marginalização produtiva apresentada no texto?

a) Subsidiar os cultivos de base familiar.

b) Favorecer as práticas de fertilização química.

c) Restringir o emprego de maquinário moderno.

d) Controlar a expansão de sistemas de irrigação.

e) Regulamentar o uso de sementes selecionadas.

Resposta: A

Comentário:

A produção de alimentos mais saudáveis na agricultura contemporânea tem crescido na mesma medida em que a preocupação da população com hábitos de vida mais saudáveis tem se ampliado, e essa ampliação decorre diretamente da melhoria das condições de vida da população. Portanto, conforme se aumenta o nível de renda e o acesso à informação das sociedades, a busca por uma reformulação no padrão de vida se mostra possível e necessária.

Nos últimos anos a economia e a sociedade brasileira acabaram entrando na dinâmica global das sociedades modernas, o que trouxe ao país a busca por um modelo de vida que até as últimas décadas se observava apenas naquelas nações mais desenvolvidas do mundo. Desse modo, a agricultura orgânica se apresenta como uma resposta dessa nova sociedade aos riscos conhecidos que os produtos agrícolas cultivados através de modernas técnicas, como a transgenia e o uso massivo de produto químicos (herbicidas, pesticidas, fertilizantes...).

Porém, como essa produção se dá de modo mais lento e a produtividade desses cultivos é menor do que das culturas que adotam todo o aparato tecnológico moderno da Revolução Verde, os preços finais dos produtos tendem a ser ainda elevados, para que se atinja a lucratividade satisfatória, o que torna esse tipo de mercadoria inacessível à maior parcela da população, principalmente em um país em que todas as políticas são direcionadas para a agricultura de alto rendimento, voltada para o mercado global, onde se exige um ritmo de produção mais acelerado e um grau de produtividade maximizada.

Assim sendo, uma estratégia capaz de favorecer a esse tipo de produção seria em primeiro lugar desvinculá-la da agricultura comercial voltada para os mercados globais, onde o modelo orgânico não se mostra eficiente, e a criação de um conjunto de políticas e projetos agrícolas capazes de financiar projetos orgânicos voltados para suprimir às demandas internas do país, principalmente pela oferta de subsídios e financiamentos para as práticas familiares de pequena dimensão.

Questão 88

Participação percentual do extrativismo vegetal e da silvicultura no valor da produção primária florestal — Brasil — 1996-2014



IBGE. Produção da extração vegetal e da silvicultura. Rio de Janeiro: IBGE, 2014 (adaptado).

Considerando as diferenças entre extrativismo vegetal e silvicultura, a variação das curvas do gráfico foi influenciada pela tendência de

a) conservação do bioma nativo.

b) estagnação do setor primário.

c) utilização de madeira de reflorestamento.

d) redução da produção de móveis.

e) retração da indústria alimentícia.

Resposta: C

Comentário:

O gráfico apresentado pela questão traz informações a respeito da utilização de matéria prima proveniente de florestas nativas, mencionadas como “extrativismo vegetal” e aquela proveniente de florestas cultivadas, mencionadas no gráfico como “silvicultura”. De acordo com o gráfico mostrado, houve uma significativa mudança na dinâmica da origem desse tipo de matéria prima, podendo-se notar que a partir do ano de 2002 teve no país o inicio efetivo da redução do extrativismo vegetal e o consequente aumento da silvicultura.

Pode-se afirmar a partir disso que a redução do extrativismo se deve à alteração na legislação ambiental e principalmente nas pressões externas a respeito da necessidade de buscar um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, pautado no conservacionismo ambiental, atrelado à redução gradual do consumismo e da predação dos recursos naturais.

Nesse contexto houve a ampliação das práticas de reflorestamento (florestas plantadas) para suprir às demandas por madeira e celulose (dentre outras matérias primas) para a indústria em desenvolvimento, o que foi capaz de reduzir drasticamente os níveis de devastação das florestas nativas e dos biomas já intensamente degradados. Cabe mencionar que esses processos de silvicultura trazem consigo três grandes vantagens para o Brasil, sendo uma econômica, associada à produção de uma matéria prima mais barata, de boa qualidade e de constante reposição; outra ambiental, pois permite a manutenção das coberturas vegetais nativas do país; e uma terceira de ordem geopolítica, pois permite ao país a comercialização dos créditos de carbono no mercado internacional, rendendo grandes dividendos para a nossa economia.

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