Questão 46
No
Segundo Congresso Internacional de Ciências Geográficas, em 1875, a que
compareceram o presidente da República, o governador de Paris e o presidente da
Assembleia, o discurso inaugural do almirante La Roucière-Le Noury expôs a
atitude predominante no encontro: “Cavalheiros, a Providência nos ditou a
obrigação de conhecer e conquistar a terra. Essa ordem suprema é um dos deveres
imperiosos inscritos em nossas inteligências e nossas atividades. A geografia,
essa ciência que inspira tão bela devoção e em cujo nome foram sacrificadas
tantas vítimas, tornou-se a filosofia da terra”.
SAID.
E. Cultura e política. São Paulo: Cia. das Lelras. 1995.
No
contexto histórico apresentado, a exaltação da ciência geográfica decorre do
seu uso para o(a)
a)
preservação cultural dos territórios ocupados.
b)
formação humanitária da sociedade europeia.
c)
catalogação de dados úteis aos propósitos colonialistas.
d)
desenvolvimento de técnicas matemáticas de construção de cartas.
e)
consolidação do conhecimento topográfico como campo acadêmico.
Resposta:
C
Comentário:
No contexto apresentado no texto
motivador da questão, a Ciência Geográfica é retratada em sua feição mais
simplória e simbólica, que associa ao simples fato de observar e compreender os
aspectos naturais das paisagens. Nesse sentido, os objetivos franceses no
século XIX se referiam a simplesmente conhecer os aspectos exploráveis dos
territórios a serem dominados e colonizados, tendo em vista meramente a
dominação e a obtenção de lucratividade através de sua exploração.
Questão 53
Foi-se
o tempo em que era possível mostrar um mundo econômico organizado em camadas
bem definidas, onde grandes centros urbanos se ligavam, por si próprios, a
economias adjacentes “lentas”, com o ritmo muito mais rápido do comércio e das
finanças de longo alcance. Hoje tudo ocorre como se essas camadas sobrepostas
estivessem mescladas e interpermeadas. Interdependências de curto e longo
alcance não podem mais ser separadas umas das outras.
BRENNER,
N. A globalização como reterritorialização. Cadernos Metrópole, n. 24,
jul.-dez. 2010 (adaptado).
A
maior complexidade dos espaços urbanos contemporâneos ressaltada no texto
explica-se pela
a)
expansão de áreas metropolitanas.
b)
emancipação de novos municípios.
c)
consolidação de domínios jurídicos.
d)
articulação de redes multiescalares.
e)
redefinição de regiões administrativas.
Resposta:
D
Comentário:
O espaço urbano contemporâneo se
apresenta de modo muito complexo, sendo definido pelas relações, igualmente
complexas, que se estabelece entre distintos centros urbanos, que ocupam
posições diferentes dentre de uma organização hierárquica baseada no poder
econômico e na influência política de cada uma delas. A essa organização dá-se
o nome de “hierarquia urbana”, e este conjunto de relações distintas
intitula-se “rede urbana”.
A partir da Terceira Revolução
Industrial, e o consequente estabelecimento do meio
técnico-científico-informacional, no período pós Segunda Guerra Mundial, houve
um grande salto de evolução nos meios de transportes e telecomunicações, o que
favoreceu a interligação e a integração entre os espaços, mudando completamente
as definições e dimensões do conceito de distância. De modo geral os lugares se
tornaram “mais próximos” e os povos mais conectados, o que permitiu o
estabelecimento de uma nova rede de relações socioespaciais, que atuam e se
desenvolvem deste a escala local até a escala global.
Questão 55
Os
soviéticos tinham chegado a Cuba muito cedo na década de 1960, esgueirando-se
pela fresta aberta pela imediata hostilidade norte-americana em relação ao
processo social revolucionário. Durante três décadas os soviéticos mantiveram
sua presença em Cuba com bases e ajuda militar, mas, sobretudo, com todo o
apoio econômico que, como saberíamos anos mais tarde, mantinha o país à tona,
embora nos deixasse em dívida com os irmãos soviéticos - e depois com seus
herdeiros russos - por cifras que chegavam a US$ 32 bilhões. Ou seja, o que era
oferecido em nome da solidariedade socialista tinha um preço definido.
PADURA,
L. Cuba e os russos. Folha de São Paulo, 19 jul. 2014 (adaptado).
O
texto indica que durante a Guerra Fria as relações internas em um mesmo bloco
foram marcadas pelo(a)
a)
busca da neutralidade política.
b)
estímulo à competição comercial.
c)
subordinação à potência hegemônica.
d)
elasticidade das fronteiras geográficas.
e)
compartilhamento de pesquisas científicas.
Resposta:
C
Comentário:
O contexto histórico abordado no
texto da questão faz menção ao período da Guerra Fria, quando a geopolítica
mundial vivia seu contexto de bipolaridade ideológica, com as nações optando
por aderir ao socialismo e consequentemente associar-se à União Soviética, ou
ao capitalismo, o que os levaria a uma associação com os Estados Unidos. Cuba,
após a Revolução Cubana optou por aproximar-se da URSS e do regime socialista,
o que trouxe profundas alterações geopolíticas no continente americano, tais
como a Crise dos Mísseis e o consequente Embargo Econômico imposto pelos EUA à
ilha centro-americana.
No contexto da corrida armamentista
entre as duas grandes potências desse período, cresceu a expansão das bases
militares pelo mundo, com os Estados Unidos marcado presença no continente
europeu, como se observou na Turquia e os soviéticos marcando presença na
América, conforme se observou em Cuba. Porém, além da “ajuda” militar houve
também a “ajuda” financeira das superpotências aos seus aliados, como se pode
observar com os planos Marshall e Colombo implantados pelos Estados Unidos e o
Comecon soviético (embora esse último fosse mais restrito à Europa...). Assim,
Cuba recebeu vultosa ajuda financeira da potência socialista, o que por um lado
possibilitou certo benefício econômico para a ilha, porém trouxe consigo um
endividamento externo que se materializava na forma de dependência externa e
subordinação política em relação ao bloco do Leste Europeu.
Questão 56
Anamorfose
é a transformação cartográfica espacial em que a forma dos objetos é
distorcida, de forma a realçar o tema, A área das unidades espaciais às quais o
tema se refere é alterada de forma proporcional ao respectivo valor.
GASPAR,
A. J. Dicionário de ciências cartográficas. Lisboa: Lidei, 2004.
A
técnica descrita foi aplicada na seguinte forma de representação do espaço:
a)
b)
c)
d)
e)
Resposta:
C
Comentário:
Conforme o próprio enunciado da
questão referenciou, a técnica da anamorfose trata-se de uma representação
cartográfica que relaciona de modo proporcional o tamanho de uma determinada
área com um valor numérico qualquer. Sendo assim, o tamanho apresentado pelas
áreas (no caso da questão anterior, alguns países americanos) será tão maior
quanto maior forem os valores atribuídos aos dados quaisquer. Em relação às
alternativas apresentadas pela referida questão, tem na alternativa “a” uma representação
chamada de “bloco diagrama”, na alternativa “b” um “mapa topográfico”, na
alternativa “d” um “perfil topográfico” e na alternativa “e” uma representação
espacial, baseada em “aerofotogrametria”.
Questão 58
A
democracia que eles pretendem é a democracia dos privilégios, a democracia da
intolerância e do ódio. A democracia que eles querem é para liquidar com a
Petrobras, é a democracia dos monopólios, nacionais e internacionais, a
democracia que pudesse lutar contra o povo. Ainda ontem eu afirmava que a
democracia jamais poderia ser ameaçada pelo povo, quando o povo livremente vem
para as praças - as praças que são do povo. Para as ruas - que são do povo.
Disponível
em:
www.revistadehistoria.oom.br/secao/artigos/discurso-de-joao-goulartnooomicio-da-cenlral.
Acesso em: 29 ou!. 2015.
Em
um momento de radicalização política, a retórica no discurso do presidente João
Goulart, proferido no comício da Central do Brasil, buscava justificar a
necessidade de
a)
conter a abertura econômica para conseguir a adesão das elites.
b)
impedir a ingerência externa para garantir a conservação de direitos.
c)
regulamentar os meios de comunicação para coibir os partidos de oposição.
d)
aprovar os projetos reformistas para atender a mobilização de setores trabalhistas.
e)
incrementar o processo de desestatização para diminuir a pressão da opinião
pública.
Resposta:
D
Comentário:
O discurso de João Goulart, proferido
no início da década de 1960 insere-se no contexto geopolítico da bipolaridade
ideológica da Guerra Fria, em que se observava o acirramento, em nível global,
das divergências entre o capitalismo estadunidense e do socialismo soviético.
Goulart, sabidamente simpatizava com os ditames propostos pelo modelo
soviético, ao passo que entre as elites brasileiras, o temor da chegada e
instauração do socialismo no país somava-se à afeição histórica dessa camada ao
capitalismo e suas vantagens.
A fala de João Goulart se associa às
chamadas Reformas de Base, propostas por seu governo, que visavam, de modo
amplo e genérico, a busca de um modelo social que estabelecesse a redução da
histórica dependência externa brasileira, em relação às grandes potências
hegemônicas capitalistas, assim como a ampliação de concessões e benefícios
para camadas sociais menos favorecidas, mobilizadas em torno do ideário de
igualdade de direitos e vantagens.
Questão 60
Em
Beirute, no Líbano, quando perguntado sobre onde se encontram os refugiados
sírios, a resposta do homem é imediata: “em todos os lugares e em lugar
nenhum”. Andando ao acaso, não é raro ver, sob um prédio ou num canto de
calçada, ao abrigo do vento, uma família refugiada em volta de uma refeição
frugal posta sobre jornais como se fossem guardanapos. Também se vê de vez em
quando uma tenda com a sigla ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados), erguida em um dos raros terrenos vagos da capital.
JABER,
H. Quem realmente acolhe os refugiados? Le Monde Oiplomatique Brasil, oul2015
(adaptado).
O
cenário descrito aponta para uma crise humanitária que é explicada pelo
processo de
a)
migração massiva de pessoas atingidas por catástrofe natural.
b)
hibridização cultural de grupos caracterizados por homogeneidade social.
c)
desmobilização voluntária de militantes cooptados por seitas extremistas.
d)
peregrinação religiosa de fiéis orientados por lideranças fundamentalistas.
e)
desterritorialização forçada de populações afetadas por conflitos armados.
Resposta:
E
Comentário:
A tragédia humanitária referente aos
refugiados de nações do norte da África ou do Oriente Médio na atualidade
coloca à luz dois aspectos latentes da sociedade moderna, diretamente atrelados
ao processo de globalização, os quais caminham lado a lado, embora sejam em sua
essência, diametralmente opostos e contraditórios. São eles a ampliação dos
fluxos migratórios e a perda das identidades territoriais dos grupos migrantes.
Por um lado, o processo
globalizatório possibilitou a evolução dos meios de transportes e
telecomunicações, principalmente a partir do estabelecimento do chamado meio
técnico-científico-informacional com a Terceira Revolução Industrial, que
trouxe consigo a possibilidade material e concreta de ampliação dos fluxos
materiais e imateriais pelo globo. Dentre estes fluxos, a migração humana
assumiu papel de importante processo contemporâneo, seja representada por
movimentações populacionais espontâneas (em busca de melhores condições de
vida) ou forçadas (em busca de garantias de manutenção da vida).
Porém, ao mesmo tempo que os
deslocamentos foram facilitados pela ampliação dos meios de transportes e pela
acessibilidade a esses, os choques culturais se tornaram cada vez mais intensos
entre os povos, e os refugiados representam de maneira muito eficiente esse
processo, uma vez que são forçados a abandonarem seus espaços de origem, de
onde definem suas identidades próprias, o que estabelece ao mesmo tempo um
processo de “desterritorialização”, uma vez que perdem o poder e a autonomia
sobre o espaço em que habitam, e de “anomia social”, pois passam a assumir um
papel quase que irrelevante no novo contexto a que são forçados a se inserir.
Questão 61
TEXTO
I
Programa do Partido Social Democrático
(PSD)
Capitais estrangeiros
É
indispensável manter clima propício à entrada de capitais estrangeiros. A
manutenção desse clima recomenda a adoção de normas disciplinadoras dos
investimentos e suas rendas, visando reter no país a maior parcela possível dos
lucros auferidos.
TEXTO
II
Programa da União Democrática Nacional
(UDN)
O capital
Apelar
para o capital estrangeiro, necessário para os empreendimentos da reconstrução
nacional e, sobretudo, para o aproveitamento das nossas reservas inexploradas,
dando-lhe um tratamento equitativo e liberdade para a saída dos juros.
CHACON,
V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas.
Brasília: UnB, 1981 (adaptado).
Considerando
as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos dos programas do PSD e UDN
convergiam na defesa da
a)
autonomia de atuação das multinacionais.
b)
descentralização da cobrança tributária.
c)
flexibilização das reservas cambiais.
d)
liberdade de remessa de ganhos.
e)
captação de recursos do exterior
Resposta:
E
Comentário:
Ao se analisar os dois programas
partidários apresentados na questão, pode-se notar que há uma convergência nos
discursos de ambos, no que tange à valorização da importância do capital
externo para o desenvolvimento econômico do Brasil. Em ambos os trechos nota-se
a intenção de criar vantagens atrativas para o aporte desses investimentos na
economia nacional, garantindo-lhes lucratividade e ao mesmo tempo
possibilitando benefícios econômicos ao Brasil.
O período das décadas de 1950 e 1960
marca a era do chamado “nacional desenvolvimentismo” do Brasil, em que se
buscava a fortificação da atividade industrial no país, através da associação
entre os capitais nacionais e dos capitais investidores externos, os quais
buscavam locais de garantias para sua multiplicação e lucratividade, como era o
caso do Brasil nesse contexto. Assim, caberia ao Estado a criação de políticas
e projetos para a captação desses capitas e a modernização nacional.
Questão 62
A
situação demográfica de Israel é muito particular. Desde 1967, a esquerda
sionista afirma que Israel deveria se desfazer rapidamente da Cisjordânia e da
Faixa de Gaza, argumentando a partir de uma lógica demográfica aparentemente
inexorável. Devido à taxa de nascimento árabe ser muito mais elevada, a
anexação dos territórios palestinos, formal ou informal, acarretaria dentro de
uma ou duas gerações uma maioria árabe “entre o rio e o mar”.
DEMANT,
P. Israel: a crise próxima. História, n. 2. jul.-dez. 2014.
A
preocupação apresentada no texto revela um aspecto da condução política desse
Estado identificado ao(à)
a)
abdicação da interferência militar em conflito local.
b)
busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional.
c)
admissão da participação proativa em blocos regionais.
d)
rompimento com os interesses geopolíticos das potências globais.
e)
compromisso com as resoluções emanadas dos organismos internacionais.
Resposta:
B
Comentário:
O contexto demográfico observado no
excerto apresentado na questão demonstra a preocupação de algumas alas sociais
de Israel com o fato de que os sucessivos processos de anexação territorial que
o Estado de Israel tem impelido sobre os territórios palestinos desde 1947 pode
ter consequências negativas para o país judeu, por conta da possibilidade de se
criar um Estado judeu que domine todo o território pretendido, no qual viveriam
mais árabes do que seguidores do judaísmo, o que poderia trazer consigo circunstâncias
nefastas para o governo.
Conforme a questão menciona, nos
territórios palestinos (Faixa de Gaza e Cisjordânia) tem-se taxas de natalidade
superiores aquelas observadas em Israel, o que em breve poderia trazer um
quadro em que a população de origem árabe e, portanto, opositora ao Estado
israelense se tornaria mais numerosa do que a própria população judia, que
busca o controle e o domínio pleno dos territórios. Desse modo, o discurso
defendido por essa ala do povo judeu explicita a vontade de que se estabeleça
uma maioria étnica, no caso os judeus, sobre a população palestina, no caso os
árabes, para que seja garantida a soberania nacional de Israel e a
“governabilidade” territorial.
Questão 63
Trajetória de ciclones tropicais
Disponível
em: http://globalwarmingart.com. Acesso em: 12 jul. 2015 (adaptado).
Qual
característica do meio físico é condição necessária para a distribuição
espacial do fenômeno representado?
a)
Cobertura vegetal com porte arbóreo.
b)
Barreiras orográficas com altitudes elevadas.
c)
Pressão atmosférica com diferença acentuada.
d)
Superfície continental com refletividade intensa.
e)
Correntes marinhas com direções convergentes.
Resposta:
C
Comentário:
O fenômeno representado na imagem da
questão, referente aos ciclones tropicais no globo terrestre, encontra-se
diretamente associado à dinâmica atmosférica terrestre. Dentro dessa dinâmica
atmosférica tem-se a circulação geral, associada com as movimentações dos
ventos de grande e pequena escalas, tais como os ciclones, furacões, tufões e
tornados (...).
Para que haja a ocorrência desses
fenômenos é necessário que existam diferenças nas pressões atmosféricas locais,
sendo que as áreas de maior pressões se formam as zonas chamadas de
anticiclonais (de onde partem os ventos) em direção aos locais de menores
pressões, chamadas de ciclonais (onde chegam esses grandes fluxos de ar). As
diferenças de pressões são decorrentes das variações de temperaturas ou de
altitudes, sendo as primeiras as mais atuantes. Geralmente locais mais quentes
dão origem a zonas ciclonais e locais menos quentes originam zonas
anticiclonais. Portanto, a formação destes fenômenos se dá ao longo das linhas
dos trópicos (zonas de altas pressões), principalmente no hemisfério norte, uma
vez que ali as massas continentais são maiores do que as massas líquidas, o que
influencia no calor específico superficial e consequentemente nas amplitudes
térmicas e variações nas pressões atmosféricas.
Questão 65
Os
portos sempre foram respostas ao comércio praticado em grande volume, que se dá
via marítima, lacustre e fluvial, e sofreram adaptações, ou modernizações, de
acordo com um conjunto de fatores que vão desde a sua localização privilegiada
frente a extensas hinterlândias, passando por sua conectividade com modernas redes
de transportes que garantam acessibilidade, associados, no atual momento, à
tecnologia, que os transformam em pontas de lança de uma economia globalizada
que comprime o tempo em nome da produtividade e da competitividade.
ROCHA
NETO. J. M.; CRAVIDÃO, F. D. Portos no contexto do meio técnico. Mercator. n.
2, maio-ago. 2014 (adaptado).
Uma
mudança que permitiu aos portos adequarem-se às novas necessidades comerciais
apontadas no texto foi a
a)
a intensificação do uso de contêineres.
b)
compactação das áreas de estocagem.
c)
burocratização dos serviços de alfândega.
d)
redução da profundidade dos atracadouros.
e)
superação da especialização dos cargueiros.
Resposta:
A
Comentário:
No atual contexto da globalização
tem-se a ampliação dos fluxos materiais e imateriais pela superfície terrestre,
relacionados diretamente ao sistema capitalista e à economia mundializada. As
mercadorias fluem em um ritmo cada vez mais acelerado e os mercados são
abastecidos de uma forma cada vez mais intensa e incessante, como exige uma
sociedade baseada no consumismo frenético de mercadorias.
Nesse contexto, além de uma
circulação cada vez mais rápida e eficiente, busca-se ainda um meio cada vez
mais barato de fazer com que as mercadorias cheguem quase que instantaneamente às
mãos dos consumidores, o que torna essa mercadoria cada vez mais competitiva
nos mercados globalizados. O transporte marítimo se mostra muito eficiente
nessa ligação em longas distâncias globais, principalmente pelo seu baixo custo
de operação e elevado volume de carga transportado, porém sua eficiência se
mostra aplicável principalmente entre duas porções litorâneas. O grande
problema é até esse produto chegar ao porto de origem e depois do porto de
destino até o consumidor final.
Nesse aspecto surge a necessidade de
integração de diferentes modais de transportes, sejam eles o ferroviário ou o
rodoviário, e mais do que isso, o desenvolvimento de um modo eficiente de
transbordo dessa mercadoria do trem ou do caminhão para o navio e vice-versa.
Para tanto, o desenvolvimento do sistema de contêineres se mostra um elo
importante, uma vez que essas grandes caixas metálicas podem ser transportadas
nas ferrovias ou rodovias e depois rapidamente embarcadas num navio e partir
para seu destino, e lá chegando são também rapidamente transferidas para novos
trens ou caminhões e adentram os territórios em busca de seus mercados
consumidores.
Questão 67
Disponível
em: www.biologiasur.org. Acesso em: 4jul. 2015 (adaptado).
A
dinâmica hidrológica expressa no gráfico demonstra que o processo de
urbanização promove a
a)
redução do volume dos rios.
b)
expansão do lençol freático.
c)
diminuição do índice de chuvas.
d)
retração do nível dos reservatórios.
e)
ampliação do escoamento superficial.
Resposta:
E
Comentário:
O gráfico apresentado na referida
questão faz menção ao processo de urbanização e às consequências dele
decorrentes, principalmente aquelas associadas à drenagem das águas pluviais.
Essa drenagem encontra-se diretamente associada à vazão dos cursos hídricos
(rios e córregos) que cortam essas áreas urbanas e são responsáveis pela
circulação das águas superficiais nesses ambientes.
Sabe-se que após as chuvas as águas
precipitadas percorrem dois caminhos específicos, sendo eles a infiltração
vertical, definida pela entrada das águas da chuva no solo e diretamente
associada com a permeabilidade desses solos; e o escoamento superficial,
definido pela formação das enxurradas das águas não infiltradas nos solos,
geralmente por que esses encontram-se impermeabilizados pelas ações
antropogênicas.
No gráfico apresentado pela referida
questão nota-se que nas áreas não urbanizadas, onde os níveis de antropização
são menos intensos, tem-se uma menor vazão e ela atinge seu máximo depois de um
número maior de horas, devido ao fato de que nessas áreas uma parcela
significativa das águas infiltra no solo e só escoam depois destes estarem já
saturados. Ao passo que nas áreas já urbanizadas tem-se uma vazão maior e seu
ápice é atingido mais rapidamente, uma vez que nesses locais o elevado grau de
impermeabilização dos solos reduz drasticamente a infiltração e potencializa o
escoamento superficial.
Questão 72
Uma
pesquisa realizada por Carolina Levis, especialista em ecologia do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia, e publicada na revista Science, demonstra
que as espécies vegetais domesticadas pelas civilizações pré-colombianas são as
mais dominantes. A domesticação de plantas na floresta começou há mais de 8.000
anos. Primeiro eram selecionadas as plantas com características que poderiam
ser úteis ao homem e em um segundo momento era feita a propagação dessas
espécies. Começaram a cultivá-Ias em pátios e jardins, por meio de um processo
quase intuitivo de seleção”.
OLIVEIRA,
J. Indígenas foram os primeiros a alterar o ecossistema da Amazônia. Disponível
em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 dez. 2017 (adaptado).
O
texto apresenta um novo olhar sobre a configuração da Floresta Amazônica por
romper com a ideia de
a)
primazia de saberes locais.
b)
ausência de ação antrópica.
c)
insuficiência de recursos naturais.
d)
necessidade de manejo ambiental.
e)
predominância de práticas agropecuárias.
Resposta:
B
Comentário:
O excerto apresentado na questão
anterior menciona a importância das ações de povos antigos na composição das
características botânicas observadas atualmente na Amazônia. Nesse fragmento
nota-se que a autora do estudo afirma que a maior parte das espécies
encontradas atualmente neste bioma se referem àquelas que foram domesticadas no
passado pelos povos nativos, antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus.
Com base nessa informação cria-se um
novo e importante olhar sobre a vastidão dessa floresta, uma vez que a maior
parte dos estudos colocava o indivíduo humano como agente apenas de degradação
e alteração negativa dos aspectos naturais observados nessa formação vegetal,
de modo que deixava transparecer que a composição e delimitação dos aspectos
naturais da floresta amazônica se deu de modo totalmente independente das ações
antrópicas, porém essa nova visão rompe de modo factual com essa antiga linha
de pensamento.
Questão 73
TEXTO
I
Quando
um exército atravessa montanhas, florestas, zonas de precipícios, ou marcha ao
longo de desfiladeiros, alagadiços ou pântanos, ou qualquer outro terreno onde
a deslocação é árdua, está em terreno difícil. O terreno onde é apertado e a
sua saída é tortuosa e onde uma pequena força inimiga pode atacar a minha,
embora maior, é cercado.
TZU.
S. A arte da guerra. São Paulo: Martin Claret, 2001.
TEXTO
II
O
objetivo principal era encontrar e matar Osama Bin Laden. Onde ele se esconde?
Não podemos esquecer a dificuldade de ocupação do país, que possui um relevo
montanhoso, cheio de cavernas, onde fica fácil, para quem está acostumado com
esse relevo, esconder-se.
OLIVEIRA,
M. G.; SANTOS, M. S. Ásia: uma visão histórica, política e econômica do
continente. Rio de Janeiro: E-Papers, 2009 (adaptado).
As
situações apresentadas atestam a importância da relação entre a topografia e
o(a)
a)
construção de vias terrestres.
b)
preservação do meio ambiente.
c)
emprego de armamentos sofisticados.
d)
intimidação contínua da população local.
e)
domínio cognitivo da configuração espacial.
Resposta:
E
Comentário:
Os dois fragmentos apresentados na
questão anterior fazem menção à necessidade de se conhecer as dinâmicas físicas
dor territórios em períodos de guerra, em especial em regiões onde as condições
adversas possam ser utilizadas como vantagem durante o conflito pelo inimigo.
Assim, a topografia e a conformação do relevo do campo de batalha podem ser
decisivas para a definição do lado vencedor e perdedor da batalha que se trava.
Assim, o conhecimento desses aspectos naturais do ambiente pode possibilitar o
domínio sobre essa dinâmica e permite que se possa traça um plano eficiente
para que se obtenha sucesso no conflito que se desenrola.
Questão 75
Os
países industriais adotaram uma concepção diferente das relações familiares e
do lugar da fecundidade na vida familiar e social. A preocupação de garantir
uma transmissão integral das vantagens econômicas e sociais adquiridas tem como
resultado uma ação voluntária de limitação do número de nascimentos.
GEORGE,
P. Panorama do mundo atual. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1968
(adaptado).
Em
meados do século XX, o fenômeno social descrito contribuiu para o processo
europeu de
a)
estabilização da pirâmide etária.
b)
conclusão da transição demográfica.
c)
contenção da entrada de imigrantes.
d)
elevação do crescimento vegetativo.
e)
formação de espaços superpovoados.
Resposta:
B
Comentário:
As nações caracterizadas na questão
como sendo os “países industriais” são
aquelas em que o nível de desenvolvimento (produção de riqueza combinada com a
qualidade de vida) atingiram na atualidade os níveis mais elevados. Esses
níveis socioeconômicos mais elevados trouxeram para a realidade demográfica
destas nações uma conjuntura populacional distinta do restante do mundo,
principalmente pelas variações observadas nas suas pirâmides etárias.
Nestas nações observa-se na
atualidade um alargamento dos topos de suas pirâmides etárias, denunciando um
processo crescente de envelhecimento populacional, com elevação da expectativa
de vida (longevidade) e consequente aumento da População Economicamente Inativa
– PEI. Ao mesmo tempo nota-se ainda um estreitamento das bases de suas
pirâmides, o que caracteriza uma redução significativa de suas taxas de
fecundidade e natalidade, o que em médio prazo reduz a composição adulta e a População Economicamente Ativa – PEA.
Esse processo de alteração estrutural da
pirâmide etária recebe o nome de “transição demográfica” e se refere a um
período de elevado crescimento vegetativo, situado entre dois períodos de baixo
crescimento vegetativo da população. Nessas nações mais desenvolvidas nota-se
hoje um processo de redução das taxas de nascimento e elevação das populações
idosas, o que faz com que a população estabilize seu crescimento natural em
níveis muito baixos, por vezes passando inclusive pela diminuição
populacionais, acusando o término de seu processo de transição demográfica.
Questão 77
A
presunção de que a superfície das chapadas e chapadões representa uma velha
peneplanície é corroborada pelo fato de que ela é coberta por acumulações
superficiais, tais como massas de areia, camadas de cascalhos e seixos e pela
ocorrência generalizada de concreções ferruginosas que formam uma crosta
laterítica, denominada “canga”.
WEIBEL.
L. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br. Acesso em: 8 jul. 2015
(adaptado).
Qual
tipo climático favorece o processo de alteração do solo descrito no texto?
a)
Árido, com déficit hídrico.
b)
Subtropical, com baixas temperaturas.
c)
Temperado, com invernos frios e secos.
d)
Tropical, com sazonalidade das chuvas.
e)
Equatorial, com pluviosidade abundante.
Resposta:
D
Comentário:
Os relevos chamados de “chapadas” ou
“chapadões” são formações típicas de regiões sedimentares, de média alta
elevação, onde predominam os processos erosivos, em relação aos processos
deposicionais de sedimentos. Essas regiões são chamadas formalmente de
planaltos sedimentares e apresentam formatos tabuliformes, sendo típicos de
regiões onde a elevada umidade potencializa os processos erosivos, que
transportam os sedimentos anteriormente
depositados ali.
Portanto, são formações típicas de
regiões próximas à faixa equatorial, onde os índices pluviométricos são
elevados. No enunciado da questão ainda é mencionado o processo de laterização
dos solos, onde ocorre o acúmulo de óxido de ferro na superfície desses solos,
criando um crosta férrica que reduz a sua fertilidade e produtividade natural.
O processo de laterização se dá de
modo natural e depende da dinâmica climática local, sendo mais marcante nas
faixas tropicais, onde a sazonalidade entre períodos chuvosos e secos cria
condições em que durante a estação chuvosa o solo é lavado verticalmente ,
através do processo de lixiviação, dissolvendo os óxidos e partículas finas nas
camadas do solo, ao passo que durante a estação seca, ocorre o aquecimento da
superfície do solo, criando uma condição conhecida como “pressão negativa”, que
gera o movimento capilar da água em direção à superfície do solo, trazendo
consigo as partículas anteriormente lixiviadas pelas chuvas. Na superfície essa
água capilar evapora e as partículas sólidas permanecem e se concentram nas
camadas mais superiores, dando origem à chamada “canga laterítica”.
Questão 81
TEXTO
I
As
fronteiras, ao mesmo tempo que se separam, unem e articulam, por elas passando
discursos de legitimação da ordem social tanto quanto do conflito.
CUNHA,
L. Terras iusllanas e gentes dos brasis: a nação e o seu retrato literário.
Revista Ciências Sociais, n. 2, 2009.
TEXTO
II
As
últimas barreiras ao livre movimento do dinheiro e das mercadorias e informação
que rendem dinheiro andam de mãos dadas com a pressão para cavar novos fossos e
erigir novas muralhas que barrem o movimento daqueles que em consequência
perdem, física ou espiritualmente, suas raízes.
BAUMAN,
Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
A
ressignificação contemporânea da ideia de fronteira compreende a
a)
liberação da circulação de pessoas.
b)
preponderância dos limites naturais.
c)
supressão dos obstáculos aduaneiros.
d)
desvalorização da noção de nacionalismo.
e)
seletividade dos mecanismos segregadores.
Resposta:
E
Comentário:
Atualmente observa-se uma alteração
profunda no sentido e no conceito das fronteiras, que antes serviam para
impedir os fluxos e as circulações entre espaços formalmente definidos e
territorializados por grupos antagônicos. Nas últimas décadas essas fronteiras
perderam muito de sua simbologia histórica, embora essa perda tenha se dado de
modo consciente e proposital, decorrente do próprio processo de globalização e
aproximação entre povos e espaços, porém nos últimos anos tem-se notado que
dentro dessa mudança (perda de simbologia histórica) tem ocorrido um processo
contraditório, que é a "(re)significação" da simbologia passada.
Na medida em que a globalização atua
como agente encurtador das distâncias físicas entre os espaços, ela favorece
aos fluxos materiais e imateriais transfronteiriços, reduzindo assim o caráter
separador e limitador que se observava nas fronteiras. Porém esses fluxos têm
consigo um fundamento marcadamente econômico e vinculado à busca incessante
pela máxima lucratividade, obtida através do livre acesso aos mercados
consumidores.
Mas quando esses fluxos envolvem
pessoas a situação muda de maneira diametral, pois nesse caso surge uma nova
significância para o sentido fronteiriço, pautado agora pela seletividade de
quem pode ir para onde. Desse modo tem-se que ao mesmo tempo em que se busca
uma eliminação dos limites físicos entre os territórios, no que tange às
questões econômicas, nota-se que as fronteiras têm perdido cada vem mais seus
sentidos, porém no que tange aos aspectos demográficos, a cada dia tem-se
ampliado as restrições para a livre circulação de pessoas, principalmente para
aqueles provenientes dos países mais pobres em direção aos países mais ricos do
globo. Deste modo pode-se afirmar que ao mesmo tempo em que reduz as distâncias
e o papel histórico das fronteiras, a globalização cria consigo elementos
seletivos, capazes de segregar de modo planejado aqueles fluxos que são agora
classificados entre os que são “bem vindos” e aqueles tidos como “indesejáveis”.
Questão 82
TEXTO
I
Há
mais de duas décadas, os cientistas e ambientalistas têm alertado para o fato
de a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. Desde o começo de 2014,
o Sudeste do Brasil adquiriu uma clara percepção dessa realidade em função da
seca.
TEXTO
II
Dinâmicas atmosféricas no Brasil
Elementos
relevantes ao transporte de umidade na América do Sul a leste dos Andes pelos
Jatos de Baixos Níveis (JBN), Frentes Frias (FF) e transporte de umidade do
Atlântico Sul, assim como a presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCAS), para um verão normal e para o verão seco de 2014. “A” representa o
centro da anomalia de alta pressão atmosférica.
MARENGO,
J. A. et al. A seca e a crise hídrica de 2014-2015 em São Paulo. Revista USP,
n. 106,2015 (adaptado).
De
acordo com as informações apresentadas, a seca de 2014, no Sudeste, teve como
causa natural o(a)
a)
constituição de frentes quentes barrando as chuvas convectivas.
b)
formação de anticiclone impedindo a entrada de umidade.
c)
presença de nebulosidade na região de cordilheira.
d)
avanço de massas polares para o continente.
e)
baixa pressão atmosférica no litoral.
Resposta:
B
Comentário:
A dinâmica climática terrestre
relaciona-se diretamente pelos aspectos observáveis de dois importantes
elementos climáticos: a umidade e a temperatura. Desse modo, o aquecimento e o
resfriamento diferencial das superfícies terrestres (sejam elas sólidas ou
líquidas) encontram-se diretamente associadas à distribuição das precipitações e
consequentemente na reposição e ciclagem da água doce disponível.
Assim, analisando esses aspectos de
modo a observar essa relação direta pode-se inferir que as diferenças de
pressão atmosférica alteram a circulação dos fluxos de ar (ventos) e com isso a
distribuição da umidade e das precipitações. Associando-se essa dinâmica ao
ocorrido no sudeste do Brasil no ano de 2014, principalmente no estado de São
Paulo, nota-se que a alteração nas temperaturas durante o período de verão
naquele ano acabou por ocasionar a mudança na pressão atmosférica, tendo
estabelecido ali uma zona anticiclonal, de onde normalmente partem os ventos
carregados de umidade.
Ora, se houve a criação de uma zona
anticiclonal de alta pressão atmosférica, automaticamente os ventos úmidos
provenientes da linha equatorial, que margeiam a Cordilheira dos Andes no
sentido norte-sul, e que são chamados de “rios voadores”, não são capazes de
atingir a região sudeste do país, o que causa uma redução drástica no regime de
chuvas e uma seca prolongada nessa região.
Questão 86
A
agricultura ecológica e a produção orgânica de alimentos estão ganhando
relevância em diferentes partes do mundo. No campo brasileiro, também acontece
o mesmo. Impulsionado especialmente pela expansão da demanda de alimentos
saudáveis, o setor cresce a cada ano, embora permaneça relativamente
marginalizado na agenda de prioridades da política agrícola praticada no país.
AQUINO,
J. R.; GAZOLLA, M.; SCHNEIDER, S. In: SAMBUICHI, R. H. R. et ai. (Org.). A
política nacional de agroecologia e produção orgânica no Brasil: uma trajetória
de luta pelo desenvolvimento rural sustentável. Brasília: Ipea, 2017
(adaptado).
Que
tipo de intervenção do poder público no espaço rural é capaz de reduzir a
marginalização produtiva apresentada no texto?
a)
Subsidiar os cultivos de base familiar.
b)
Favorecer as práticas de fertilização química.
c)
Restringir o emprego de maquinário moderno.
d)
Controlar a expansão de sistemas de irrigação.
e)
Regulamentar o uso de sementes selecionadas.
Resposta:
A
Comentário:
A produção de alimentos mais
saudáveis na agricultura contemporânea tem crescido na mesma medida em que a
preocupação da população com hábitos de vida mais saudáveis tem se ampliado, e
essa ampliação decorre diretamente da melhoria das condições de vida da
população. Portanto, conforme se aumenta o nível de renda e o acesso à
informação das sociedades, a busca por uma reformulação no padrão de vida se
mostra possível e necessária.
Nos últimos anos a economia e a
sociedade brasileira acabaram entrando na dinâmica global das sociedades
modernas, o que trouxe ao país a busca por um modelo de vida que até as últimas
décadas se observava apenas naquelas nações mais desenvolvidas do mundo. Desse
modo, a agricultura orgânica se apresenta como uma resposta dessa nova
sociedade aos riscos conhecidos que os produtos agrícolas cultivados através de
modernas técnicas, como a transgenia e o uso massivo de produto químicos
(herbicidas, pesticidas, fertilizantes...).
Porém, como essa produção se dá de modo
mais lento e a produtividade desses cultivos é menor do que das culturas que
adotam todo o aparato tecnológico moderno da Revolução Verde, os preços finais
dos produtos tendem a ser ainda elevados, para que se atinja a lucratividade
satisfatória, o que torna esse tipo de mercadoria inacessível à maior parcela
da população, principalmente em um país em que todas as políticas são
direcionadas para a agricultura de alto rendimento, voltada para o mercado
global, onde se exige um ritmo de produção mais acelerado e um grau de
produtividade maximizada.
Assim sendo, uma estratégia capaz de
favorecer a esse tipo de produção seria em primeiro lugar desvinculá-la da
agricultura comercial voltada para os mercados globais, onde o modelo orgânico
não se mostra eficiente, e a criação de um conjunto de políticas e projetos
agrícolas capazes de financiar projetos orgânicos voltados para suprimir às
demandas internas do país, principalmente pela oferta de subsídios e
financiamentos para as práticas familiares de pequena dimensão.
Questão 88
Participação percentual do extrativismo
vegetal e da silvicultura no valor da produção primária florestal — Brasil —
1996-2014
IBGE.
Produção da extração vegetal e da silvicultura. Rio de Janeiro: IBGE, 2014
(adaptado).
Considerando as diferenças entre extrativismo
vegetal e silvicultura, a variação das curvas do gráfico foi influenciada pela
tendência de
a)
conservação do bioma nativo.
b)
estagnação do setor primário.
c)
utilização de madeira de reflorestamento.
d)
redução da produção de móveis.
e)
retração da indústria alimentícia.
Resposta:
C
Comentário:
O gráfico apresentado pela questão
traz informações a respeito da utilização de matéria prima proveniente de
florestas nativas, mencionadas como “extrativismo vegetal” e aquela proveniente
de florestas cultivadas, mencionadas no gráfico como “silvicultura”. De acordo
com o gráfico mostrado, houve uma significativa mudança na dinâmica da origem
desse tipo de matéria prima, podendo-se notar que a partir do ano de 2002 teve
no país o inicio efetivo da redução do extrativismo vegetal e o consequente
aumento da silvicultura.
Pode-se afirmar a partir disso que a
redução do extrativismo se deve à alteração na legislação ambiental e
principalmente nas pressões externas a respeito da necessidade de buscar um
modelo de desenvolvimento econômico sustentável, pautado no conservacionismo
ambiental, atrelado à redução gradual do consumismo e da predação dos recursos
naturais.
Nesse contexto houve a ampliação das
práticas de reflorestamento (florestas plantadas) para suprir às demandas por
madeira e celulose (dentre outras matérias primas) para a indústria em
desenvolvimento, o que foi capaz de reduzir drasticamente os níveis de
devastação das florestas nativas e dos biomas já intensamente degradados. Cabe mencionar
que esses processos de silvicultura trazem consigo três grandes vantagens para
o Brasil, sendo uma econômica, associada à produção de uma matéria prima mais
barata, de boa qualidade e de constante reposição; outra ambiental, pois
permite a manutenção das coberturas vegetais nativas do país; e uma terceira de
ordem geopolítica, pois permite ao país a comercialização dos créditos de
carbono no mercado internacional, rendendo grandes dividendos para a nossa
economia.
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