segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - UEMS 2021

 

Questão 46

O climograma apresentado a seguir e característico da região:

Fonte: https://pt.climate-data.org/

a) Nordeste, clima semiárido, com temperaturas médias elevadas e estáveis, com chuvas escassas e mal distribuídas.

b) Sudeste, clima tropical de altitude, baixa amplitude térmica; as temperaturas são mais baixas, com chuvas mais concentradas no verão.

c) Sul, clima subtropical, amplitude térmica elevada, clima com estações do ano bem definidas; geadas são comuns.

d) Norte, clima equatorial, quente e úmido, com altas temperaturas e de intensa pluviosidade anual.

e) Centro-Oeste, clima tropical, estações bem definidas, com baixa amplitude térmica anual.

Resposta: A

Comentário:

Os climogramas são gráficos representativos das principais feições climáticas de uma dada localidade, apresentando em sua estrutura doze colunas verticais (em azul na imagem) relativas às precipitações, que são medidas em milímetros (valores no eixo direito do gráfico), uma linha horizontal (em vermelho na imagem) relativa às médias térmicas, que são medidas em graus Celsius (valores no eixo esquerdo do gráfico) e os meses do ano (valores no eixo inferior do gráfico).

Observando-se essas informações é possível traçar o perfil dos climas, estabelecendo os meses mais chuvosos ou secos, onde as colunas estão maiores ou menores, respectivamente; os mais quentes e mais frios, onde a linha de temperatura se encontra mais alta ou mais baixa, respectivamente; e as estações do ano, sendo o outono quando a linha de temperatura é descendente e primavera quando ela é ascendente. Nos limites superior e inferior são verão e inverno, respectivamente.

No climograma apresentado pela questão nota-se que o período um pouco mais chuvoso se estende de novembro a abril, e nesse mesmo intervalo as temperaturas são ligeiramente mais elevadas, sendo, portanto, um verão quente e com as poucas chuvas concentradas. Por outro lado o período mais seco se estende de maio a setembro, e nesse mesmo intervalo as temperaturas são menos elevadas, sendo, portanto, um inverno ameno e muito seco. Essas características se referem aos climas tropicais, que apresentam duas estações bem definidas, com as chuvas concentradas em uma delas, e as temperaturas com baixa ou média oscilação ao longo do ano.

Existem no Brasil quatro tipos de climas tropicais, sendo o Tropical de Altitude, típico das cidades serranas da região Sudeste, apresentando médias térmicas mais amenas ao longo do ano; o Tropical Úmido, típico das zonas litorâneas do Sudeste e Nordeste, apresentando chuvas concentradas nos meses de inverno; o Tropical Semiúmido, típico das porções centrais do país, apresentando verões quentes e chuvosos, seguidos por invernos amenos e secos; e o Tropical Semiárido, típico do Polígono das Secas (interior nordestino e Norte de Minas Gerais), apresentando estiagens prolongadas e elevadas médias térmicas; tais como as características presentes no gráfico mostrado na questão.

Questão 47

"Da metrópole para o interior: cidades irão mudar após pandemia. Especialistas dizem que população de grandes núcleos urbanos deverá diminuir, na busca de qualidade de vida sem aglomerações. Para o professor de Geografia, Éder Luiz da Silva, formado pela Unesp, o atual cenário, no Brasil e no mundo, está dando mostras de que, novamente, seguindo as necessidades de se evitar aglomerações, o medo do contágio e a busca de qualidade de vida, as populações das grandes cidades deverão diminuir. Muita gente irá morar em cidades menores ou até mesmo no campo."

Goussinsky, E. Disponível em: https://noticias.r7.com/inter nacional/da-metropole-para-o-interior-cidades-irao-mudar-apos-pandemia-04062020. Acesso em: 7 jan. 2021.

O trecho lido faz referência a que tipo de movimento migratório?

a) Migração pendular.

b) Êxodo urbano.

c) Transumância.

d) Nomadismo.

e) Êxodo rural.

Resposta: B

Comentário:

Os impactos gerados pela pandemia do Covid-19 devem produzir grandes transformações nas sociedades, mesmo após a vacinação das populações e as contaminações globais estarem controladas. As mudanças no âmbito econômico produzirão certamente uma ampliação da informalidade laboral, em resposta ao desemprego conjuntural promovido pela crise; ao passo que as mudanças políticas podem produzir a ampliação de discursos nacionalistas e isolacionistas, que devem usar a contaminação global como justificativa para o rompimento de relações externas por regimes autoritários; e no âmbito social o modo de vida das populações e as relações pessoais tendem a se alterar, e o distanciamento pode passar a ser uma característica inerente à sociedade pós-Covid.

O trecho apresentado pela questão menciona exatamente uma possível mudança social nesse quadro, com populações em busca de localidades menos densamente povoadas e livres de aglomerações humanas. Esse processo, que já havia se iniciado antes mesmo da pandemia, é conhecido como êxodo urbano, e se estabeleceu de maneira mais intensa a partir do processo de desconcentração das atividades industriais em direção às regiões interioranas dos territórios. Essa desconcentração produtiva promoveu maior conectividade aos locais do interior, outrora isolados, e criou condições de emprego e renda para as populações naturais e imigrantes, que antes eram atraídas apenas pelos grandes centros onde a indústria e o emprego se concentravam.

Em um primeiro momento esse êxodo urbano era motivado pela busca de amenidades e vantagens ambientais, que impactavam diretamente sobre a qualidade de vida das populações, como, por exemplo, menores graus de poluição atmosférica e/ou sonora, ou ainda menores índices de criminalidade. Porém, no momento presente a grande busca nessas localidades se deve à possibilidade de maior isolamento social e menores índices de aglomeração de pessoas, fatores que se mostram mais eficientes no presente para diminuir o ritmo de contaminação pelo Coronavírus.

Questão 48

O influenciador digital Napolitano decidiu conhecer a famosa "aurora boreal", que acontece o ano inteiro na Groenlândia, onde as luzes são visíveis de qualquer parte do país de setembro a abril. Depois desse passeio pela Groenlândia, pegou um avião para o Peru. Esse percurso seguiu qual trajetória?

a) Do hemisfério norte para o hemisfério meridional.

b) Do hemisfério meridional para o hemisfério oriental.

c) Do hemisfério oriental para o hemisfério ocidental.

d) Do hemisfério ocidental para o hemisfério oriental.

e) Do hemisfério sul para o hemisfério norte.

Resposta: A

Comentário:

Para fins de localização e orientação geográficas na superfície terrestre adota-se a determinação dos pontos cardeais (N, S, L e O), colaterais (NE, SE, SO e NO) e sub colaterais (NNE, ENE, ESE, SSE, SSO, OSO, ONO e NNO), os quais são representados através da Rosa dos Ventos e definidos a partir de dois referenciais lineares: o Paralelo do Equador (latitude 0º) e o Meridiano de Greenwich (longitude 0º).

Os pontos cardeais, mais importantes na orientação, podem apresentar sinônimos de nomenclatura, sendo o Norte também chamado Setentrional ou Boreal; o Sul também chamado Meridional ou Austral; o Leste também chamado Oriental ou Nascente; e o Oeste também chamado Ocidental ou Poente. Na figura a seguir apresenta-se o deslocamento do viajante mencionado no texto (seta em preto) desde a Groenlândia (ponto A) até o Peru (ponto B). Bem como a divisão da superfície terrestre em quatro quadrantes, nomeados de I, II, III e IV.

Na imagem acima o quadrante I se localiza nos hemisférios Norte (Boreal ou Setentrional) e Oeste (Ocidental ou Poente). O quadrante II se localiza nos hemisférios Norte (Boreal ou Setentrional) e Leste (Oriental ou Nascente). O quadrante III se localiza nos hemisférios Sul (Austral ou Meridional) e Oeste (Ocidental ou Poente). E por fim, o quadrante IV se localiza nos hemisférios Sul (Austral ou Meridional) e Leste (Oriental ou Nascente). Assim, pode-se afirmar que ao se deslocar de A para B a trajetória do viajante vai do hemisfério Norte para o Meridional.

Questão 49

"Com a crescente demanda nos últimos anos por áreas agricultáveis ainda não exploradas, esse bioma se tornou um dos ambientes mais favoráveis para a expansão da fronteira agrícola. Uma das consequências consiste no desmatamento e no aumento do número de queimadas, ocasionando a degradação e a supressão de extensas áreas de ecossistemas naturais do bioma. Algumas espécies da flora já estão ameaçadas de extinção, como butiá, catuaba-verdadeira, pequi, buriti e outros. Na porção nordeste desse bioma, os anos que apresentaram menores índices de precipitações também foram os anos em que ocorreram maior incidência de queimadas".

(Adaptado de RESENDE et al., 2017).

A técnica de restauração adequada às características do bioma descrito é:

 a) a introdução de espécies arbóreas nativas do Bioma Mata Atlântica, para acelerar o crescimento vegetal, a fim de promover uma rápida recuperação do solo.

b) a indução da regeneração natural, isolamento da área e o controle de gramíneas exóticas no bioma Cerrado.

c) a introdução de árvores exóticas de rápido crescimento, para favorecer a cobertura do solo no Pantanal.

d) a semeadura de um mix de espécies exóticas, para aumentar a biomassa vegetal, favorecendo a proteção do solo.

e) o plantio de espécies arbóreas nativas da Caatinga, para aumentar a diversidade local.

Resposta: B

Comentário:

O processo de expansão das fronteiras agrícolas do Brasil se deu através do desmatamento e devastação de grandes formações vegetais nativas do país ao longo dos anos. Durante os séculos XX e XXI foram observados dois momentos importantes dessa dinâmica, sendo o primeiro a partir das décadas de 1960 e 1970 em direção ao Cerrado, motivado pela expansão da sojicultura voltada à exportação, e o segundo, a partir da década de 1990 em direção à Amazônia, motivado pela expansão da pecuária extensiva de corte, igualmente voltada à exportação.

O texto apresentado pela questão menciona espécies típicas do bioma do Cerrado, como o pequi e o buriti, e, portanto, se relaciona ao primeiro estágio da expansão agrícola para o interior do Brasil a partir da década de 1960. Essa expansão foi diretamente relacionada à modernização das atividades agrícolas após a Segunda Guerra Mundial, quando ocorreu a chamada Revolução Verde. Nessa Região os grandes avanços desse contexto foram a correção dos latossolos ácidos do Centro-Oeste a partir do uso do calcário (calagem) e a introdução de sementes híbridas de soja, adaptadas ao clima tropical semiúmido dessa área.

Inegavelmente essa ocupação agrícola promoveu o desmatamento da vegetação natural desse bioma, bem como a introdução de espécies exóticas nessa formação vegetal, com destaque para espécies de gramíneas utilizadas como pastagens para os rebanhos bovinos ali introduzidos. Portanto, o processo de restauração mais adequado para ser ali implantado deve ser aquele que promova, ao mesmo tempo, a reintrodução de espécies endêmicas que foram devastadas ao longo do tempo, através de uma revegetação seguida de um isolamento regenerativo do bioma, bem como o controle das gramíneas exóticas introduzidas como pastagens no passado, que se sobressaíram sobre as espécies de gramíneas endêmicas do Cerrado.

Questão 50

"Na grande maioria dos casos, ocorre a formação de sulcos que evoluem para ravinas na parte final das vertentes, devido a uma concentração de fluxos superficiais das águas de escoamento, interferências no regime hidrológico causado por ações antrópicas".

(BOULET et al., 2020).

Esse processo de alteração no solo é chamado de:

a) desmatamento.

b) assoreamento.

c) intemperismo.

d) voçoroca.

e) infiltração.

Resposta: D

Comentário:

O solo terrestre é naturalmente impactado pelos elementos do clima que atuam de maneira lenta e permanente sobre as superfícies em geral. Porém, esse impacto acontece ao longo do tempo geológico, e se mantendo a dinâmica natural das interações atmosféricas, a própria Terra promove um processo de regeneração de seus aspectos ao longo do tempo. O grande problema para os solos é a intervenção antrópica, que intensifica e potencializa esses impactos naturais. De modo geral os solos são hoje expostos a graves problemas, com destaque para a erosão, a salinização/acidificação, a contaminação por agrotóxicos e rejeitos industriais e ainda a desertificação, dentre outros.

De todos esses problemas a erosão é o mais recorrente, sendo que ela promove a perda de camadas superficiais do solo, bem como dos nutrientes que garantem a sua fertilidade natural. Considerando-se a erosão um processo gradual, ela passa por fases distintas de evolução, sendo a primeira chamada de Efeito Splash (resultante do impacto direto da gota da chuva sobre o solo); a segunda chamada de Erosão Laminar (resultante da retirada do horizonte O do solo pela ação das águas do escoamento superficial); a terceira chamada de Ravina (resultante da escavação de sulcos pela enxurrada concentrada, que promove a retirada de partículas do horizonte A do solo); e por fim a quarta, chamada de Voçoroca (que resulta na junção de várias ravinas em um único grande sulco, que pode atingir até mesmo profundidade do lençol freático).

Cabe mencionar que na medida em que se avança o processo erosivo do solo, sua solução ou mitigação se torna mais dispendiosa e complicada. Assim sendo, o ideal é que se evite o início desse processo, mantendo a cobertura vegetal nativa, para que se evite o choque direto da gota de chuva sobre o solo exposto, ou ainda que se busquem meios para a correção do problema ainda nas suas fases mais iniciais, antes que se atinjam os estágios de ravina ou voçoroca.

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