domingo, 1 de fevereiro de 2015

O FIM DO EMBARGO ECONÔMICO DE CUBA EM TRÊS ATOS - Ato 2: Hay que endurecer pero sin perder la ternura!



Ato 2: HAY QUE ENDURECER PERO SIN PERDER LA TERNURA!

Por Éder Israel

Em 1944, após falir economicamente o governo de Cuba durante seu mandato presidencial, Fulgêncio Batista abandona a ilha e passa a viver na Flórida (nenhuma surpresa; seria quase como uma aposentadoria prêmio por serviços prestados a Washington DC durante sua estada na presidência cubana...), Por incrível que pareça, Batista que era aficionado pelo poder e fez de tudo para conseguir o controle do governo em Cuba se mantém à distância e quase inerte aos acontecimentos políticos no país durante os governo de San Martín e em grande parte do governo de Socarrás.

Porém, subitamente em 1952 o General Batista retorna a Cuba e inicia um processo “político” que acabaria por derrubar Socarrás, que após a deposição é mandado ao exílio pelo governo golpista.

De volta ao poder, Fulgêncio dá início a uma severa ditadura militar no país, novamente com amplo apoio estadunidense, porém o próprio governo de Washington DC se via temoroso com a postura autoritária e o uso desmedido da força contra seus opositores, a ponto de relatórios enviados ao governo dos Estados Unidos alertarem para o risco de Batista poder fugir ao controle da potência norte-americana, tamanha a brutalidade nele presente. Porém, como o governo ditatorial seguia até o momento os preceitos e determinações da “nova metrópole” não havia por que se opor ao brother Fulgêncio...

Na busca de apoio para a manutenção do poder e uso irrestrito do aparato militar, Batista tem como um de seus primeiros atos o aumento substancial dos salários dos membros das forças militares cubanas, assim como o aumento de seu próprio salário, que no período passou a ser maior até que o salário do então presidente estadunidense Harry Truman! Mesmo assim, os Estados Unidos reconhecem em 1952 oficialmente o governo de Fulgêncio, e vai além, assinando acordos de “cooperação” militar com o Estado cubano.

Embora contasse com apoio de quase todo o aparato militar do país, e carta branca dos Estados Unidos para implantar sua ditadura na ilha centro-americana, haviam setores nacionais que eram contrários ao governo golpista estabelecido no país, principalmente setores estudantis e aqueles ligados à juventude (excetuando aqueles tendenciosos às forças armadas...). Um dos líderes mais vultosos desses movimentos contrários ao governo do General era o advogado (até certo ponto sem muita experiência factual na profissão) Fidel Castro, que já em meados de 1953 inicia um conjunto de ações que buscavam dar um golpe no governo golpista de Fulgêncio Batista.

A primeira ação de Fidel é a tentativa de tomar o Quartel de La Moncada em 1953. Uma tremenda “mancada”, pois tratava-se do segundo maior estabelecimento militar de Cuba, fortemente protegido pelas forças armadas, que sem grandes dificuldades debelou o movimento e massacrou a grande maioria das cerca de duas centenas de ‘insurgentes’ liderados pelos irmãos Fidel e Raul Castro. Um fiasco...

Porém os líderes do movimento (os irmãos Castro) não tombaram frente ao exército em La Moncada, porém se entregaram às forças militares posteriormente e foram condenados a 15 anos de prisão pelo governo de Fulgêncio Batista. Entretanto, talvez por pressão da opinião pública cubana, talvez em uma tentativa de melhorar sua imagem política, o então ditador acabou por anistiar os irmãos Castro ainda em 1955, o que os deixou livres para partirem para o território mexicano e teoricamente abandonarem a aposição, inicialmente clandestina, ao governo ditatorial do país, que se mantinha no poder às custas de manobras políticas tais como a eleição fantasiosa vencida por Batista em 1954...

Contudo, começava a avultar uma nova ameaça segundo o ditador, que era o Comunismo(sic) e as ideias que começavam a rodar o mundo a partir da União Soviética. Mas ‘calma lá’ Fulgêncio Batista era meio que ‘mano’ do governo de Moscou, haja visto o comércio significativo de açúcar entre as duas nações desde o início da década de 1940... Opa, algo mudou...

Talvez por pressão dos Estados Unidos, que viam agora de fato o Comunismo(sic) como uma ameaça à sua busca por hegemonia, talvez por algumas influências socialistas que os irmãos Castro mesclaram ao ideário nacionalista e anti-imperialista que foram demonstrados na ‘mancada de La moncada’, a ditadura cubana criou em parceria com os Estados Unidos o primeiro órgão estatal formal de repressão ao Comunismo(sic) na ilha, o discurso do presidente endureceu de vez contra as ideias vindas do leste europeu. Porém, o “estrago” estava feito, pois a ida de Fidel e Raul para o México deu-lhes tempo e tranquilidade para arquitetar uma nova tentativa de golpe ao golpe em Cuba, o que foi demonstrado quando estes retornaram a Cuba em 1956, agora na companhia de Ernesto Che Guevara para tentar novamente destituir Fulgêncio Batista.

Outro fiasco do ponto de vista militar. O que viria a ser conhecido posteriormente como Movimento Revolucionário 26 de julho (M-26-7) foi prontamente debelado pelas tropas de Batista e seus líderes, Fidel, Raul e Ernesto se viram obrigados a se refugiarem precariamente na região da Sierra Mestra.

Ao mesmo tempo que os Estados Unidos viam um parceiro político fiel na figura de Fulgêncio, em Havana aumentava o nível de repressão aos opositores do governo e a escalada de violência do Estado assustava sistematicamente os analistas estadunidenses, mas segundo Washington DC, “deixa rolar” enquanto estiver nos beneficiando...

Em 1957 outra tentativa de destituir Fulgêncio Batista fracassou. Dessa vez um grupo de membros do Diretório Estudantil invadiu o palácio do governo com o intuito de assassinar o presidente, porém foram, assim como seus antecessores, impiedosamente massacrados pelas tropas do ditador, entretanto dessa vez algo ocorreu em contrapartida ao fracasso teórico desse movimento de 13 de março de 1957. A opinião pública em Cuba, e mesmo até alguns setores nos Estados Unidos aparentemente se solidarizaram com os revolucionários, e ao mesmo tempo passaram a se preocupar de fato com o uso extremado do aparato militar do governo Batista.

Mas contudo, os anos seguintes foram de agravamento da violência por parte do Estado, mesmo com a opinião pública nacional e internacional, assim como os representantes estadunidenses alertando Washington DC sobre a situação em Cuba o governo dos Estados Unidos se mostravam inertes à situação, e mantinham o apoio às forças militares e políticas do Fulgêncio Batista, o que ficou claro quando o ‘ex-presidente’ Socarrás que sofreu o golpe em 1952 preso e Miami, onde se refugiava, sob a acusação de estar organizando um movimento opositor com o intuito de derrubar Fulgêncio do poder.

Enquanto Batista eliminava todo e qualquer foco de resistência e oposição ao seu governo, nos rincões da floresta em Sierra Mestra os insurgentes, divididos em três frentes de combate distintas, sobe comando e Fidel Castro, Raul Castro e Camilo Cienfuegos conseguiam capitalizar importantes vitórias contra as forças militares do Estado, e conquistar paulatinamente territórios em direção a Havana. Era a técnica de guerrilha produzindo estragos nas tropas de Fulgêncio Batista, que se saia melhor nos conflitos em áreas urbanas.

A marcha dos insurgentes contrários ao governo de Batista teve ânimo e folego decisivos ao longo do percurso ao passo que recebiam o apoio das populações do interior do país, que tanto perderam ou foram subjugados pelo aparato militar ou a corrupção (ou ambos...) que permearam de modo progressivo o governo ditatorial do General. Assim, em 1959 as colunas dos guerrilheiros marcham sobre Havana, onde encontram um resquício de exército estatal sem comando ou organização, uma vez que assim como Fulgêncio Batista os altos escalões do exército haviam fugido no dia anterior à chegada de Fidel, Raul, Ernesto e Camilo à capital.

A desorganização das forças militares do governo (que já não existia naquele momento) foi um importante facilitador da vitória dos guerrilheiros, que deram como concluída a Revolução Cubana, no dia 01 de Janeiro de 1959. Abria-se assim um novo e importante período político e econômico em Cuba, cujos desdobramentos futuros culminariam no anúncio de Barack Obama em dezembro de 2014...

Continua...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário