Questão 49
Observe
a figura a seguir, sobre biomas do Brasil:
Área
de ocorrência dos biomas brasileiros e sua participação percentual em relação à
área total do Brasil. (Disponível em:
http:/www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/geografia. Acesso em: Jan. 2013.)
Agora,
enumere as afirmações a seguir de acordo com as características dos seis biomas
indicados no mapa:
( ) Região muito plana, considerada a
verdadeira planície, apresenta clima tropical, cheias periódicas e vegetação
caracterizada por florestas, cerrados e campos. Tal bioma é importante pela
fragilidade e variedade na biodiversidade. A pecuária extensiva é a principal
atividade econômica no bioma, que vem sofrendo com o assoreamento dos rios e
contaminação por agrotóxicos e fertilizantes, provenientes da região conhecida
por celeiro agrícola brasileiro.
( ) Região muito plana, estreita
planície que margeia o rio, predomina clima quente e úmido com vegetação
fechada, latifoliada, perene e elevada biodiversidade. A região foi ocupada
principalmente após os anos 60 com apoio governamental. O desmatamento tem sido
um grande problema, devido à expansão do agronegócio.
( ) Bioma marcado pelo solo raso e
ressecado. Predomina um relevo planáltico com chapadas que formam uma barreira,
dificultando a entrada da umidade para o interior. Seu clima é
predominantemente seco no interior, que se caracteriza por uma vegetação
espinhenta, embora no litoral as chuvas sejam frequentes. Historicamente,
trata-se de uma região repulsora de população com grande concentração de renda.
( ) Bioma marcado por planaltos
sedimentares em forma tabular, com clima de duas estações bem definidas, sendo
o verão quente e chuvoso e o inverno seco. As características do clima revelam
uma vegetação baixa e aberta, com árvores com troncos e galhos retorcidos,
folhas pequenas e tronco cascudo. Após os anos 60, torna-se a região celeiro do
Brasil, com uma importante agricultura mecanizada.
( ) Paisagem monótona, de relevo
relativamente plano conhecido por coxilhas. A vegetação predominante é
rasteira, formada por uma camada de pastagem natural. Nesse ambiente de clima
bastante frio e chuvas bem distribuídas ao ano, desenvolveu-se a atividade
econômica ligada à criação de gado nas conhecidas estâncias.
( ) Neste bioma, encontra-se uma
muralha no litoral que dificultou por muito tempo a ocupação do interior,
predominando planaltos muito elevados de eras pré-cambrianas mamelonares. A
região é marcada pela presença de pequenas áreas de floresta fechada,
latifoliada e muito devastada pela ocupação econômica. Hoje a região é o centro
econômico do país.
A
sequência correta da enumeração das afirmações com base no mapa, é:
a)
2 – 3 – 5 – 6 – 4 – 1.
b)
3 – 2 – 5 – 4 – 1 – 6.
c)
4 – 5 – 2 – 1 – 6 – 3.
d)
5 – 4 – 1 – 2 – 6 – 3.
e)
6 – 1 – 4 – 2 – 5 – 3.
Resposta:
E
Comentário:
No mapa apresentado na questão, os
principais domínios morfoclimáticos do Brasil aparecem listados e nomeados de 1
a 6. A partir dessa apresentação tem-se que o número:
(1) representa o bioma da Amazônia,
que recobre a maior parte do território brasileiro, principalmente na Região
Norte do país, se estendendo por relevos de terras baixas e planas, onde se
localiza a maior bacia hidrográfica do mundo. O clima nessa área é do tipo
equatorial úmido, com temperaturas constantemente elevadas, chuvas abundantes e
bem distribuídas ao longo do ano. A vegetação é de grande porte, composta
principalmente por estratos arbóreos de espécies latifoliadas, adaptadas às
altas temperaturas e umidades equatoriais. Atualmente a expansão da fronteira agropecuária,
principalmente a pecuária de corte e a soja tem promovido um intenso processo
de desmatamento e devastação nesse bioma.
(2) representa o bioma do Cerrado,
que recobre a porção do Planalto Central brasileiro, se estendendo pelas
regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. O relevo dessa região
é composto por extensos tabuleiros ou chapadas sedimentares, muito planos, o
que favoreceu a expansão da agricultura mecanizada a partir da Revolução Verde
ocorrida nas décadas de 1960/70, onde a calagem corrigiu os solos ácidos da
região, possibilitando a adaptação dos cultivos de soja, provenientes da região
sul do país. O clima tropical semiúmido desse bioma apresenta duas estações bem
definidas, sendo o verão quente e úmido e o inverno ameno e seco. A vegetação
se adaptou a essa sazonalidade dos períodos chuvosos e ao excesso de alumínio
que tornou o solo ácido, desenvolvendo o escleromorfismo oligotrófico em sua
fisionomia, materializado nos troncos e galhos retorcidos, cascas grossas,
raízes profundas e folhas pilosas/cerosas.
(3) representa o bioma da Mata
Atlântica, também chamado de Mares de Morro ou Floresta Latifoliada de Encosta,
que recobre a maior parte das feições litorâneas do Brasil, se estendendo desde
o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Como o processo de colonização e
ocupação do país se deu do litoral em direção ao interior, esse bioma é o mais
devastado ao longo do tempo, o que faz com que atualmente resistam apenas cerca
de 7% de sua cobertura original, espalhados por vários isolados e pequenos
nichos vegetacionais preservados ao longo do litoral. O relevo dessa região é
composto por rochas cristalinas muito antigas e desgastadas pela ação do
intemperismo, o que deu origem a planaltos arredondados, chamados de morros ou
serras, com feições mamelonares ou de meias-laranjas. O clima é do tipo
tropical úmido, com duas estações bem definidas, sendo o verão quente e seco e
o inverno ameno e úmido, o que cria condições para o estabelecimento de
vegetações de grande porte, com estrato predominantemente arbóreo do tipo
latifoliadas. Trata-se do bioma mais rico em biodiversidade do Brasil e ao
mesmo tempo mais ameaçado, decorrência da concentração das atividades
econômicas nacionais no seu entorno, o que lhe coloca na classificação de área
de alto risco ambiental, conhecida como hotspot.
(4) representa o bioma da Caatinga,
que abrange a porção interior da Região Nordeste do Brasil, chamada de Sertão. Nessa
área o clima é do tipo tropical semiárido, com chuvas escassas e irregulares,
concentradas principalmente nos meses de verão, apresentando altas temperaturas
ao longo do ano. O fator predominante para a ocorrência das secas históricas dessa
região é a presença de um extenso planalto no sentido norte-sul ao longo do
litoral, chamado de Chapada da Borborema, que atua como barreira orográfica
impedindo a penetração das massas de ar úmido provenientes do Oceano Atlântico.
A umidade advinda do oceano é interceptada por essa formação do relevo, se
condensando e precipitando nas porções chamadas de Zona da Mata e Agreste
nordestinos, não chegando ao interior semiárido. A falta de umidade limita o
processo de intemperismo, que por sua vez impede o desenvolvimento pleno dos
solos, os quais se tornam rasos e pedregosos, e mesmo apresentando boa
fertilidade natural, a falta de umidade os torna pouco produtivos. A vegetação
se adapta a essas condições adversas, estabelecendo o xeromorfismo, possuindo
pequeno porte e troncos e galhos recobertos por espinhos e com poucas
folhagens, sendo regionalmente conhecida como “mata branca”. As condições
ambientais desfavoráveis refletem nos níveis de desenvolvimento socioeconômico
da região, tornando-a a mais pobre do Brasil, onde a fome, a miséria, a
concentração de renda e a falta de políticas sérias e eficientes voltadas para
a minimização dos problemas criam condições para que o Sertão Nordestino seja a
principal área de repulsão de emigrantes para as outras regiões brasileiras ao
longo dos tempos.
(5) representa o bioma dos Pampas,
também conhecido como Campanha Gaúcha ou Campos Sulinos, recobre a porção
extremo-sul do estado do Rio Grande do Sul, abrangendo territórios dentro da
zona de clima temperado ou subtropical úmido, com quatro estações bem
definidas, sendo verões quentes e úmidos e invernos muito frios e também
úmidos. Essa região apresenta as maiores amplitudes térmicas dentro do
território brasileiro. O relevo, intensamente desgastado pelas chuvas
constantes apresenta altitudes muito modestas e superfícies muito planas
chamadas coxilhas, entremeadas por pequenas elevações chamadas regionalmente de
colinas. A vegetação é típica das Pradarias, compostas predominantemente por
estratos herbáceos rasteiros, historicamente utilizados como pastagens naturais
para rebanhos bovinos de corte, desde o Ciclo do Ouro no Sudeste. O histórico
uso da região como pastagem trouxe consigo a compactação do solo, através do
pisoteio do gado, causando o fenômeno da arenização, que se configura como
estágio inicial para um processo de desertificação em curso nessa região
brasileira.
(6) representa o Complexo do
Pantanal, que pelo fato de apresentar uma mistura de espécies e feições
presentes na maioria dos demais biomas do Brasil, não pode ser considerado um
bioma em si, mas sim uma faixa de transição, cientificamente classificada como
sendo um Ecótono. O clima dessa região, localizada na fronteira dos estados de
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é do tipo tropical semiúmido, assim como o
Cerrado, o que condiciona à concentração das chuvas durante os meses de verão.
O relevo dessa área é de baixas altitudes e muito plano, o que dá origem a uma
grande planície inundável durante os meses chuvosos, originando um ambiente “pantanoso”,
de onde vem o nome “Pantanal”. A vegetação apresenta uma mescla de espécies de
todos os demais biomas brasileiros (exceto das Matas de Araucárias), sendo visíveis
exemplares savânicos do cerrado, campestres dos pampas, latifoliados da Amazônia
e Mata Atlântica, e mesmo xerófilos da Caatinga. Economicamente as principais
atividades se relacionam à pecuária de corte, que ocupa as pastagens das
regiões mais baixas durante a vazante de inverno e que se desloca para as
pastagens mais elevadas durante as cheias de verão. Ambientalmente, o desmatamento
e a expansão da fronteira agrícola para o Cerrado, a partir da Revolução Verde,
tem gerado a contaminação dos solos e dos recursos hídricos por agrotóxicos e
fertilizantes, além do assoreamento dos rios por conta da erosão dos solos
expostos às chuvas.
Questão 50
A
seguir, temos a figura do Brasil com a indicação da produção de soja em
toneladas no ano de 2015:
(Fonte:
IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola
Municipal, 2015. Disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000027422109112016210223405721.pdf.
Consultado em 17/02/19.)
Assinale
a alternativa correta sobre a soja no Brasil:
a)
A soja é o principal produto do agronegócio brasileiro, sendo produzida
principalmente para atender as necessidades do mercado interno, sendo o
Sudeste, principalmente São Paulo, o grande centro consumidor, com indústrias
ligadas ao setor de ração e óleos vegetais. O excedente da produção é exportado
para o mercado argentino e europeu.
b)
O Centro-Oeste tornou-se o grande centro da produção de soja do país, nos anos
70, quando houve a mecanização da produção e a correção do solo (calagem), além
da presença de planaltos suaves na região. As áreas, que eram vazias e baratas,
tornaram-se ocupadas e valorizadas, e a soja tornou-se o principal produto
agrícola das exportações brasileiras.
c)
Após o ano 2000, surge um novo grande centro produtor de soja. A nova expansão
tem suas linhas para a região sul da Amazônia, como Rondônia, Acre e Piauí,
como mostra a figura acima.
d)
A agricultura mecanizada da soja, monocultura de elevada produtividade,
resolveu os problemas ambientais como: perda de solos, retirada da vegetação
original, poluição dos solos e das águas, extinção das nascentes, morte de
animais silvestres que consomem cereais com substâncias químicas, dentre
outros.
e)
A soja é uma leguminosa que se adaptou bem ao clima subtropical do
Centro-Oeste, como mostra a mancha de maior produção dos estados de Mato
Grosso, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Ceará. Hoje, ocupa um lugar de destaque
dentro do mercado Agribusiness no Planeta.
Resposta:
B
Comentário:
A produção brasileira de soja passou
por um intenso e marcante processo de evolução e expansão a partir da
ocorrência da Revolução Verde na transição das décadas de 1960/70, quando a
atividade agrícola de modo geral passou ou uma grande modernização, tendo em
vista a ampliação da produção, em vista do atendimento dos grandes mercados
consumidores das grandes potências mundiais capitalistas após a Segunda Guerra
Mundial.
No Brasil, até a Revolução Verde os
cultivos de soja eram praticamente restritos à Região Sul, de clima subtropical
úmido, porém com a chegada da modernização agrícola iniciou-se o processo de
correção dos solos ácidos do Centro-Oeste do país, onde o excesso de alumínio
tornava o pH muito baixo (em torno de 4,3) e impróprio aos cultivos. A adição
de calcário, através da calagem, conseguiu neutralizar o pH desse solo,
tornando-o propício aos cultivos. A região dos cerrados que já apresentava
relevos muito planos, por conta dos planaltos sedimentares (chapadas), vastas
extensões de terras disponíveis e clima tropical com estações bem definidas,
com verões quentes e úmidos, e invernos amenos e secos, passa a contar agora
também com um solo de pH equilibrado, ideal portanto para a prática da
agricultura moderna.
A grande disponibilidade de terras
agricultáveis disponíveis, e consequentemente baratas, atrai grandes levas de
imigrantes provenientes do Sudeste e principalmente do Sul do Brasil, que levam
consigo os cultivos de soja, praticados até então em sua região de origem. Com
as manipulações genéticas, principalmente as sementes híbridas, a soja se
adapta facilmente à zona intertropical do país e o Centro-Oeste se torna o
maior celeiro de grãos da agricultura brasileira, que passa a produzir em larga
escala, visando o abastecimento dos mercados externos, principalmente da Ásia
(Japão) e América do Norte (Estados Unidos), reafirmando o caráter e a tradição
agroexportadora da economia brasileira.
Questão 51
O
mapa a seguir é uma projeção cartográfica, e vem encontrando resistência no
meio científico pois os cartógrafos dizem que, na verdade, tal projeção não
possui efeito prático.
Assinale a alternativa que melhor define a projeção
apresentada:
(Fonte:
https://www.wired.com/2016/11/weird-globe-folding-map-isnt-perfect-close/.)
a)
Cilíndrica de Mercator, favorece os países desenvolvidos, longe do Equador.
b)
Plana ou Azimutal, favorece os países subdesenvolvidos, localizados na Zona
Temperada Norte.
c)
Authagraph, de Hajime Narukawa, com base nos origamis.
d)
Cônica, paralelos em círculos e meridianos retos, convergentes no polo.
e)
Cilíndrica de Peters, mapa solidário, dos pobres terceiro-mundista.
Resposta:
C
Comentário:
As projeções cartográficas
representam possibilidades de representação da realidade tridimensional
observada no globo terrestre em um plano bidimensional, representado pelo papel,
onde o mapa será projetado/desenhado. De acordo com os interesses do
cartógrafo, essa projeção pode se dar de diversos modos, com base no modo como
o papel será posicionado sobre o globo terrestre, para a transferência das
informações da superfície terrestre. As principais técnicas de projeção dão
chamadas de cilíndrica, cônica e azimutal/plana. Porém, como se tratam de
representações 2D de uma realidade 3D, todas as projeções produzirão mapas
distorcidos ou deformados, podendo esses ser classificados como mapas conformes
(fidelidade nos contornos, mas com deformações nas proporções e distâncias);
mapas equivalentes/proporcionais (fidelidade nas proporções/áreas, mas com
deformações nos contornos e distâncias) e mapas equidistantes (fidelidade nas
distâncias, mas com deformações nos contornos e nas proporções).
Em 2016 o arquiteto japonês Hajime
Narukawa criou através da milenar técnica de origami (dobraduras em papel) uma
nova projeção, à qual batizou de Authagraph, realizada a partir da divisão da
superfície terrestre em 96 triângulos, os quais foram desenhados em um tetraedro
(poliedro de 4 faces), que por sua vez foi “desdobrado” em um retângulo, representando
com grande precisão as proporções e formas das superfícies dos continentes e
oceanos da Terra.
A projeção Authagraph por um lado
solucionou um problema dos mapas-múndi cilíndricos, criados por Mercator e
Peters, que nas grandes latitudes deformava enormemente os polos,
principalmente a Antártida, que agora é representada “dentro do mapa”
respeitando seu formato e sua proporção em relação às demais áreas
continentais. Porém, por outro lado, essa nova projeção recebe críticas em
decorrência pelo fato de apresentar orientações completamente fora das direções
dos pontos cardeais e colaterais, o que torna completamente inviável a sua
utilização para fins práticos de orientação e localização.
Questão 52
Sobre
o processo de urbanização no Brasil, observe as afirmativas a seguir:
I.
A urbanização no Brasil teve início com a industrialização, nos anos 30 do
governo Vargas. Avançou fortemente nos anos 60 com o êxodo rural provocado pela
mecanização do campo e se consolidou nos anos 70 com a intensa industrialização
do Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
II.
A urbanização brasileira foi marcada pelo êxodo rural, fenômeno caracterizado
pela intensa fuga da população da cidade para o campo, por melhores condições
de vida. Exemplo é a maior taxa de crescimento das grandes cidades como São
Paulo e Rio de Janeiro em relação às cidades médias como Campinas, Ribeirão
Preto, Londrina, Uberlândia e Campina Grande.
III.
Nas grandes cidades brasileiras, os movimentos sociais se tornaram pouco
expressivos devido às conquistas sociais, à redução da especulação do solo
urbano e à redução das favelas e cortiços.
IV.
As intensas urbanização e metropolização são responsáveis pela formação de
megacidades, como é o caso de São Paulo.
V.
A forma de urbanização brasileira, pelo êxodo rural e metropolização, gerou o
fenômeno da conurbação.
São
corretas apenas as afirmativas:
a)
I – III – V.
b)
II – IV – V.
c)
I – IV – V.
d)
II – III – IV.
e)
III – IV – V.
Resposta:
C
Comentário:
O processo de urbanização de uma dada
localidade deve ser entendido como um estágio de desenvolvimento em que a
população urbana cresce em um ritmo mais acelerado do que a população total, ou
seja, a urbanização depende mais do fluxo migratório do que das taxas de
natalidade e mortalidade da população.
Desse modo, o processo observado no Brasil
teve seu período de início mais massivo a partir da década de 1930, quando
começou de modo efetivo o processo de industrialização, que funcionou como
importante fator de atração para a população que até então vivia no campo e
começou a se transferir para as cidades que cresciam, em busca de oportunidades
econômicas e facilidades sociais da vida urbana. Dessa forma, a partir da
década de 1930 tem início um importante movimento migratório em direção aos centros
urbanos, chamado de êxodo rural.
Um segundo fluxo intenso de migração
campo-cidade no país se deu a partir das décadas de 1960/70, decorrente da
Revolução Verde, que trouxe ao Brasil a modernização da agricultura, através da
mecanização do campo, responsável pelo desemprego estrutural (substituição do
homem pela máquina) na zona rural, levando grandes contingentes em direção às
cidades e às oportunidades de emprego que a indústria em expansão oferecia,
principalmente nas grandes capitais da Região Sudeste nesse período.
Porém, o modo como se deu essa
urbanização, acelerada e sem planejamento, levou para as cidades enormes
contingentes populacionais, maiores do que a capacidade desses espaços urbanos
oferecerem as vantagens urbanas que tais pessoas esperavam receber. Daí tem-se
a ampliação dos problemas urbanos, principalmente aqueles de ordem estrutural,
responsáveis pela ampliação das desigualdades socioeconômicas nesses espaços,
motivando as ações cada vez mais crescentes dos movimentos sociais urbanos.
Como as atividades industriais
permaneceram por muito tempo concentradas nos grandes centros urbanos
(geralmente capitais industriais do Sudeste), para essas áreas foram
direcionados durante décadas os maiores fluxos migratórios, oriundo
inicialmente do campo e posteriormente das menores cidades. Com isso tem-se em
um primeiro estágio o processo de metropolização dessas cidades e
posteriormente a macrocefalia urbana, podendo essas populações alcançar valores
acima de 10 milhões de habitantes, o que lhes permite a classificação como megacidades.
Nesse espaço urbano macrocefálico, muitas vezes conturbado, proliferam-se
problemas, tais como a especulação imobiliária, que gera inevitavelmente a favelização
nas zonas periféricas desses grandes centros.
Questão 53
Observe
o excerto a seguir:
“A
Venezuela é um país desgovernado com dois presidentes. Desde 23 de janeiro, a
Assembleia Nacional, parlamento eleito em 2015 após a vitória esmagadora da
oposição nas últimas eleições legislativas, busca reafirmar o poder alcançado
nas urnas em torno da figura de Juan Guaidó. Sobre o líder do partido Vontade
Popular, que prestou juramento há duas semanas como presidente interino, gira
toda a estratégia dos críticos a Nicolás Maduro. Sua presença atrai a atenção e
não são poucos os que querem ver nele uma espécie de Obama caribenho, no
físico, nos gestos, no carisma.”
(Disponível
em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/06/internacional/1549460663_
954127.html)
Sobre
o atual cenário da Venezuela, assinale a alternativa correta:
a)
O governo dos EUA reconheceu rapidamente o novo governo venezuelano
autoproclamado (Guaidó), seguido pelos governos da Colômbia, Cuba e Brasil, em
detrimento do governo eleito Maduro.
b)
O governo dos EUA, juntamente com os governos da Colômbia, Argentina, Brasil e
parte dos governos da União Europeia, reconheceu o novo governo de Guaidó,
diferentemente dos russos e chineses que não aceitam a queda do governo Maduro.
c)
O Brasil, com o presidente eleito Jair Bolsonaro, apoia o governo de Nicolás
Maduro e não aceita o governo do autointitulado Guaidó, divergindo abertamente
do governo dos EUA.
d)
Desde o início deste ano, a ONU tem enviado ajuda humanitária para a Venezuela
sob a forma de remédios e alimentos, os quais são rapidamente distribuídos para
a população que se encontra em estado de miséria.
e)
Russos e chineses desejam a queda de Maduro e patrocinam a saída da Venezuela
da OPEP, facilitando, assim, a exploração do lítio e do petróleo.
Resposta:
B
Comentário:
Atualmente a Venezuela atravessa um
intenso quadro de crise política e econômica, que coloca os aspectos sociais do
país em estado de calamidade pública, afetando direta e negativamente a
qualidade de vida da população, a qual se mostra cada vez mais insatisfeita com
o governo chavista do presidente Nicolás Maduro, que por sua vez tem aumentado
de maneira sistemática a repressão e a violência contra seus opositores, tanto
populares quanto políticos.
Juntamente com a decadência do
chavismo bolivariano de Maduro, observa-se na Venezuela o fortalecimento de
movimentos opositores internos, sempre apoiados por governos externos, que
pedem a saída do presidente e o reestabelecimento das vias democráticas no
país. À frente dessa crescente oposição encontra-se atualmente Juan Guaidó,
deputado desde 2016 pelo Partido Vontade Popular.
Com apoio de importantes aliados
externos, principalmente Estados Unidos, países da União Europeia e Brasil,
Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro de 2019, tendo sido
rapidamente reconhecido pelos seus aliados e por significativa parcela da
população nacional, porém a ação foi considerada uma tentativa de golpe de
Estado pelo presidente Nicolás Maduro e pelo alto comando das forças armadas
venezuelana, que apoia o governo chavista.
As propostas de Juan Guaidó vão de
encontro com os interesses neoliberais dos governos de centro-direita que se
expandem pela América do Sul após a derrocada do Bolivarianismo em países como
Brasil, Argentina e Uruguai, e atendem aos objetivos econômicos das grandes
potências econômicas, como Estados Unidos e nações líderes da União Europeia,
bem como de seus aliados latinos, como Brasil, Chile e Colômbia. Por outro
lado, o governo Maduro recebe apoio externo declarado de importantes nações de
orientação política de centro-esquerda, como a Rússia, a China e Cuba, o que
torna a situação interna da Venezuela um problema que pode trazer
desdobramentos políticos e militares para muito além das fronteiras sul-americanas.
Questão 54
Observe
o texto e a imagem a seguir para responder a questão:
“O
conceito foi proposto pela primeira vez na obra ‘A Galáxia de Gutenberg’, de
1962 (posteriormente expandido em ‘Os meios de comunicação como extensão do
homem’, de 1964). Nesse contexto, McLuhan falava principalmente da televisão. O
conceito, entretanto, está voltando à tona com a ampliação do acesso à
internet, já que a comunicação é uma via de mão dupla, e agora é possível uma
comunicação bidirecional global de fato.
Marhsall
McLuhan foi o primeiro a estudar como as novas tecnologias afetam a comunicação
humana e ficou conhecido por prever a internet e suas implicações trinta anos
antes de sua criação. Alguns o apontam
como ‘guru da comunicação’; é conhecido por ter cunhado a máxima ‘o meio é a
mensagem’; é influenciador de inúmeros críticos culturais, pensadores e
teóricos da mídia. Faleceu em 1980, mas sua obra é mais atual do que nunca.”
(Disponível
em: https://escolaeducacao.com.br/aldeia-global/. Acesso em 17/02/2019.)
(HARVEY,
David. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1993, p. 220.)
Legenda da imagem:
1500 – 1840 – Velocidade
das carruagens e dos barcos a vela: 16 km/h.
1850 – 1930 – Velocidade
das locomotivas a vapor: 100 km/h; barcos a vapor: 57 km/h
Anos 1950 – Aviões a
propulsão: 480-640 km/h
Anos 1960 – Jatos de
passageiros: 800-1100 km/h
Assinale
a alternativa correta sobre o mundo globalizado:
a)
Permite a liberalização das fronteiras econômicas através dos blocos comerciais
pelo sistema mundo e da livre circulação de pessoas, pois a globalização
necessita da mão-de-obra barata circulando, principalmente nos países
desenvolvidos, para substituir a falta de trabalhadores dos grandes centros
tecnológicos.
b)
No mundo globalizado, o neoliberalismo e a desburocratização da economia
geraram a melhoria da qualidade de vida da maioria da população do globo
terrestre, com a redução das diferenças socioeconômicas devido aos princípios
da Aldeia Global, como a redução do tempo-espaço.
c)
Com a Aldeia Global, ocorre o avanço da cultura dos países mais importantes do
ponto de vista econômico, como os países europeus e EUA, para todos os povos,
homogeneizando o consumo, hábitos, música, comida, etc. Assim, da mesma forma,
os países mais ricos também recebem cultura de países do mundo todo, tornando a
globalização um acontecimento democrático e enriquecendo a cultura dos povos.
d)
Com a terceira revolução industrial, houve o avanço da revolução dos
transportes, das telecomunicações e da informação. As indústrias tornaram-se
mais flexíveis, gerando o espaço do criar (países desenvolvidos) e o do fazer
(países subdesenvolvidos), buscando mão-de-obra barata pelo mundo,
principalmente no sudeste asiático.
e)
Os EUA, ao sair do TPP (Parceria Transpacífica), trava uma guerra comercial com
os chineses, promete reestruturar o NAFTA e construir um muro na divisa com o
México. Com isso, está seguindo os rumos da própria globalização, o
isolacionismo econômico.
Resposta:
D
Comentário:
No atual estágio do processo de
desenvolvimento da economia capitalista, o comércio passa por seu período de
maior dinamismo e expansão, alcançando a cada dia mercados anteriormente
considerados inacessíveis, tanto por questões físicas (como a distância) como
por questões políticas (como ideologias e sistemas econômicos antagônicos).
Nesse contexto o período que se
inaugura após a Segunda Guerra Mundial, conhecido como Terceira Revolução Industrial,
trouxe consigo a evolução massiva dos meios de transportes e telecomunicações,
dando origem ao chamado meio técnico-científico-informacional, em que as ideias
de espaço-tempo foram profundamente alteradas, assim como a percepção de
distância física entre os lugares passou a ser repensada e revista.
Porém, embora as distâncias tenham
sido “encurtadas” e os vários elementos têm circulado com muito mais
intensidade e velocidade pelo globo, nem tudo é positivo nesse processo, e nem
todos passaram a ter os mesmos benefícios com a expansão da globalização. Muito
embora o acesso a bens e mercadorias tenha aumentado de maneira substancial, as
desigualdades econômicas entre os países e principalmente entre as pessoas
aumentaram de maneira robusta, fazendo com que os impactos e os ganhos do
aumento da integração econômica não tenham trazido ganhos sociais equitativos e
homogêneos a todos os povos e espaços.
Notadamente as mercadorias têm
circulado com mais intensidade, os capitais e as informações tem conseguido
romper fronteiras nacionais e os fluxos claramente se tornaram mais preponderantes
na economia que os fixos. Mas no que tange aos fluxos populacionais as restrições
tem se tornado cada vez mais severas e restritivas. No passado havia
importantes fluxos migratórios de trabalhadores de baixa qualificação que
partiam das nações menos desenvolvidas em direção às nações mais desenvolvidas,
em busca de emprego e renda, porém na atualidade nota-se que há um grande fluxo
de indústrias de menor tecnologia, migrando das nações mais desenvolvidas em
direção aos países menos desenvolvidos, em busca da mão de obra barata e de
baixa qualificação, que ainda existe ali.
Em suma, antes as pessoas partiam em
busca dos empregos nas indústrias, mas atualmente é a indústria que parte em
busca da mão de obra barata que deseja explorar, fora de seus territórios. Desse
modo, nota-se claramente que existe hoje uma separação entre o “saber produtivo”
relacionado aos setores de administração
produtiva, assim como de desenvolvimento tecnológico, que permanece nos países
mais desenvolvidos, e o “fazer produtivo” relacionado às fábricas em si, onde
se dá a produção das mercadorias a serem comercializadas, o qual migra para as
nações de baixo desenvolvimento que oferecem custos mais baixos, principalmente
relativos a impostos e mão de obra.
Questão 55
Os
chamados “Coletes Amarelos” constituem um movimento de protestos e
manifestações.
A respeito desse assunto, assinale a alternativa correta:
(Fonte:
https://www.papagoiaba.com/charges/coletes-amarelos.)
a)
São franceses, aposentados, desempregados, camareiras, diaristas, artesãos e
pequenos empresários, que protestam contra o presidente Emmanuel Macron. O
movimento começou pelo aumento do preço dos combustíveis.
b)
O grupo dos Coletes Amarelos está na Bélgica, formado por pequenos fazendeiros de
leite e pequenos agricultores que protestam contra o presidente Emmanuel Macron
pelo aumento do preço dos combustíveis e o desemprego no país.
c)
Os Coletes Amarelos, assim denominados na Itália, são formados por pequenos
fazendeiros do sul do país que lutam contra a alta dos combustíveis, inflação e
a crise política do país entre o Norte e o Sul.
d)
São irlandeses que iniciaram protestos contra o governo britânico de Thereza
May pelo BREXIT, já que vai abalar a economia na fronteira entre os dois países.
Os manifestantes, que usam coletes amarelos para identificação, pedem também a
renúncia da primeira ministra britânica.
e)
São formados por alemães, vestidos com coletes amarelos por identidade. São
formados por jovens desempregados e xenófobos, protestando contra os
imigrantes, principalmente os franceses.
Resposta:
A
Comentário:
Os protestos que ocorrem na França
nos últimos meses mobilizam grandes contingentes de manifestantes no país,
pertencentes a vários segmentos sociais, que em comum partilham do
descontentamento com as propostas e políticas econômicas do presidente Emmanuel
Macron. Inicialmente os protestos se originaram em decorrência da elevação dos
preços dos combustíveis no país, considerada abusiva por vários segmentos
franceses.
Os protestos vinham desde o início
ocorrendo de modo planejado e organizado, criando grandes mobilizações nas
áreas centrais da cidade de Paris, sempre aos sábados. Porém nas últimas
semanas, a violência passou a fazer parte das manifestações populares, o que trouxe
consigo uma repressão por parte das forças militares do país, gerando uma
escalada de violência nas manifestações até então pacíficas.
O fato de os manifestantes utilizarem
coletes amarelos se deve ao fato de que na França os motoristas precisem por
lei manter em seus veículos esses coletes e usá-los em condições de emergências
ou problemas mecânicos nas vias, como meio de sinalização e prevenção contra
acidentes. Como a motivação inicial dos protestos foi a elevação dos preços dos
combustíveis, os que primeiro se manifestaram foram os motoristas, tendo os
coletes amarelos sido adotados como símbolo da resistência às ações do governo
e do descontentamento contra o presidente Macron.
Questão 56
A
seguir, está representado o Brasil e suas bacias hidrográficas. De acordo com a
numeração presente na figura, assinale a alternativa que indica as bacias
hidrográficas e suas respectivas usinas hidrelétricas:
(Fonte:
http://www.pampekids.net - Adaptado)
a)
(1) São Francisco (UH de Sobradinho) – (2) Tocantins (UH de Tucuruí) – (3)
Amazônica (UH de Jirau).
b)
(1) São Francisco (UH de Serra da Mesa) – (2) Tocantins (UH de Três Marias) –
(3) Amazônica (UH de Paulo Afonso).
c)
(1) Tocantins (UH de Tucuruí) – (2) Amazônica (UH de Santo Antônio) – (3) São
Francisco (UH de Xingó).
d)
(1) Paraná (UH de Sobradinho) – (2) Tocantins (UH de Tucuruí) – (3) São
Francisco (UH d e Três Marias).
e)
(1) Paraguai (UH de Serra da Mesa) – (2) Paraná (UH de Primavera) – (3) São
Francisco (UH de Serra da Mesa).
Resposta:
A
Comentário:
O mapa apresentado na questão mostra
o território brasileiro subdividido nas chamadas regiões hidrográficas ou
simplesmente Bacias Hidrográficas, das quais destacam-se como mais importantes
as bacias do Amazonas, Araguaia-Tocantins, do Paraná, do São Francisco e do
Paraguai. Os aproveitamentos econômicos dessas bacias estão relacionados à
produção de hidroeletricidade naquelas de relevo predominantemente de
planaltos, ou ao transporte hidroviário, naquelas de relevo predominantemente
de planície.
No mapa trazido pela questão, a bacia
demarcada com “1” trata-se da Bacia do São Francisco, cujo rio principal nasce
no interior do estado de Minas Gerais e corre em direção ao nordeste, atravessando
grandes áreas de clima semiárido, tanto no estados de Minas Gerais quanto em
estados nordestinos. Seu aproveitamento hidrelétrico é realizado nas porções de
médio e baixo cursos, com destaques para as usinas de Sobradinho, Paulo Afonso,
Xingó, Moxotó, Três Marias e Itaparica.
A bacia demarcada com o número “2”
trata-se da bacia Araguaia-Tocantins, a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira,
que localiza-se na faixa limítrofe entre as regiões Centro-Oeste, Norte e
Nordeste do país. Embora apresente grandes potenciais hidrelétricos e
hidroviários, a grande distância em relação aos grandes centros econômicos do
Centro-Sul limita seu aproveitamento econômico no presente. Seu potencial
hidrelétrico é aproveitado principalmente nas usinas de Luiz Eduardo Magalhães
e de Tucuruí, sendo essa última a maior usina totalmente nacional em quantidade
de energia produzida, até o pleno funcionamento da recém-construída Usina de
Belo Monte. A Usina de Tucuruí faz parte do Projeto Grande Carajás, associado à
exploração das jazidas mineralógicas na região homônima, no estado do Pará.
A bacia demarcada com o número “3”
trata-se da Bacia do Amazonas, a maior bacia do mundo, porém abrange terras em
outros países sul-americanos, além das fronteiras brasileiras. Apresenta o
maior potencial hidrelétrico inventariado (não utilizado) do Brasil, localizado
nos rios afluentes do rio Amazonas, assim como o maior potencial hidroviário
inventariado, localizado principalmente no rio principal da bacia. A distância em
relação aos importantes centros econômicos do país faz com que o aproveitamento
de ambos os potenciais aconteça apenas de maneira pontual em algumas
localidades específicas da região norte. Porém, nos últimos anos, a
desconcentração econômica do Centro-Sul e a expansão da fronteira agrícola em
direção à Floresta Amazônica tem aumentado a demanda energética e logística da
região, fazendo com que os potenciais inventariados se tornem gradativamente
potenciais instalados. No que tange à geração de eletricidade, se destacam as
usinas de Balbina, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.
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