segunda-feira, 6 de maio de 2019

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - UFU - 2019




Questão 21

Terceira maior economia mundial da atualidade, o Japão observou um processo de desaceleração econômica, acentuadamente na década de 1990.

A principal causa desse processo deve-se

a) à queda nas exportações dos produtos japoneses destinados a seus vizinhos asiáticos, aos Estados Unidos e à Europa.

b) ao endividamento excessivo das famílias e das empresas, o que produziu um aumento artificial dos imóveis e de outros ativos no final de 1980.

c) à concorrência tecnológica e industrial imposta por países como Vietnã, Malásia e Tailândia, que passaram a dominar o mercado consumidor europeu.

d) ao crescimento demográfico excessivo e à falta de alimentos necessários à população crescente, aumentando a importação de gêneros agrícolas.

Resposta: B

Comentário:

A partir do final do século XIX e principalmente início do século XX a economia japonesa experimentou períodos de massivo crescimento e desenvolvimento técnico, relacionados diretamente com o processo de industrialização pelo qual passou o país a partir da chamada Era Meiji, sob o comando do então líder, o Imperador Matsuhito.

Nesse contexto de mudança de século o país asiático inicia o desenvolvimento que o levaria à condição de nação mais poderosa daquela região do mundo, o que motivou uma política intensa de expansionismo territorial do Japão, que enfrentava severos problemas estruturais e físicos em seu território, limitado em área e pobre em recursos minerais. Nesse processo deram-se as guerras com a China, pela conquista da Manchúria e com a Coreia, pela conquista da região peninsular.

Esse processo de crescimento econômico e o expansionismo territorial motivou a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) ao lado da Alemanha nazista e da Itália fascista, no grupo de países do Eixo. Isso colocou os interesses japoneses em choque frontal com os interesses de outra potência em crescimento, os Estados Unidos, que aspirava a hegemonia econômica no pós-guerra e participava (embora ainda não diretamente) dos conflitos ao lado de União Soviética, Inglaterra e França, no grupo dos países Aliados. Ao término do conflito o Japão sai derrotado, juntamente com os demais países do Eixo, e passa a ser controlado politicamente pelos Estados Unidos.

Durante o período de controle estadunidense, a nação asiática passa a sofrer severas sanções políticas, ao mesmo tempo em que tem acesso a vultosos investimentos, tanto aqueles especulativos (através dos empréstimos do Plano Colombo) quanto aqueles produtivos (através da chegada de filiais de multinacionais dos Estados Unidos, em busca da mão de obra especializada, disciplinada e barata). Assim, mesmo sendo dominado por uma potência externa o Japão conseguiu manter um ritmo de crescimento acelerado no pós-guerra, o que se tornou ainda mais amplo com a redução do poder mandatário dos Estados Unidos no país a partir da década de 1970, quando o Japão retoma e mais do que isso, acelera seu crescimento econômico/industrial nas décadas de 1970 e 1980.

Esse crescimento acima da média mundial trouxe consigo consequências nefastas para a economia japonesa a partir do final da década de 1980, decorrente principalmente da criação de uma “super-bolha” de crédito nos bancos, que confiantes no pleno crescimento da economia concediam empréstimos e financiamentos a juros muito baixos e longos prazos de amortização, tanto para pessoas quanto para empresas, o que por sua vez trouxe à sociedade um grande endividamento familiar e fabril, que “explodiu” em uma grande cascata de inadimplência e implodiu a economia do país, que deixava de experimentar os ciclos sucessivos e constantes de crescimento, desde a Era Meiji.

Com a “explosão da bolha especulativa” no Japão, o Estado passou a direcionar vultosos capitais para a recuperação de bancos, sem lastro (uma vez que haviam concedido empréstimos indistintamente e não estavam recebendo-os) e de indústrias (endividadas e com reduções de ganhos, uma vez que as famílias endividadas reduziram seu poder de compra e automaticamente seu nível de consumo). Desse modo, a crise econômica japonesa na década de 1990, também chamada de “Década Perdida” resultou de um período anterior de franco crescimento que valorizou de modo artificial e não sustentado várias coisas no país, principalmente as ações das indústrias nacionais e os imóveis no país.

Portanto, os fatores determinantes para a década perdida japonesa são representados pela desvalorização repentina dos imóveis (até então falsamente valorizados), endividamento das famílias (que confiaram na estabilidade artificial da economia e contraíram grandes empréstimos), e a redução do valor de mercado das indústrias nacionais (que passavam a ter concorrência e principalmente enfrentar medidas protecionistas em mercados externos outrora liberalizados). Desse modo chegou ao fim o período de constante e acentuado crescimento nipônico, que era até então batizado de “Milagre Econômico”.


Questão 22

O conflito árabe-israelense e a questão da Palestina consistem num processo de caráter político, religioso, econômico e socioambiental.

Considerando-se os recursos hídricos e a geopolítica local, é correto afirmar que,

a) com a ocupação de territórios vizinhos, Israel teve acesso a novas fontes hídricas na Cisjordânia e no Rio Yarnuk, resolvendo o problema da falta de água.

b) em todo o território original ocupado, a utilização da água subterrânea em Israel tem beneficiado os palestinos.

c) para Israel, a água é um problema de segurança nacional e representa um dos maiores obstáculos para um acordo de paz com os palestinos.

d) para os judeus, primeiros sionistas que chegaram à Palestina, a questão da água deixou de ter dimensão ideológica-religiosa.

Resposta: C

Comentário:

Indiscutivelmente os conflitos na região do Oriente Médio encontram-se diretamente relacionados e motivados por questões étnico-religiosas entre os povos que ali habitam. Na atualidade têm-se dois importantes focos de tensão e guerras (declaradas ou não) nessa porção do continente asiático, que são a guerra civil na Síria e o conflito árabe-judaico na região de Israel. Interessa-nos o segundo.

Desde a partilha dos territórios árabes, que eram ocupados por palestinos, em 1948 pela Organização das Nações Unidas, dando origem ao estado de Israel, uma reinvindicação antiga do povo judeus, que acabara de passar pelos horrores do holocausto nazista, essa porção do Oriente Médio se tornou um grande “barril de pólvora” no contexto geopolítico mundial, em decorrência da combinação entre a intransigência da ONU no processo de partilha, da não aceitação dos povos árabes da existência de um estado judeu na região e da política expansionista de Israel, que expande seus territórios para localidades além das fronteiras definidas em 1948.

Por localizar-se em uma região de grande aridez, o Estado de Israel enfrenta, juntamente à resistência dos povos árabes, a limitação quantitativa de acesso aos recursos hídricos, que de modo geral se resumem principalmente às Águas do rio Jordão, que nasce nas Colinas de Golã e deságua no mar Morto. Portanto, o controle das águas do único grande rio que corta uma região desértica se torna uma questão estratégia e até mesmo vital para os povos envolvidos no conflito, conforme se observou na Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel invadiu e conquistou esse território na fronteira da Síria, embora sua soberana não seja de fato reconhecida.

Os maiores entraves contemporâneos para a chegada a acordos definitivos de paz entre árabes e judeus encontram-se relacionados às disputas pelas águas do rio Jordão, vitais para o abastecimento urbano e para a irrigação agrícola da região, assim como a recente e controversa transferência de órgãos políticos israelenses e estadunidenses da cidade de Tel-Aviv (considerada capital do país judeu desde a criação do Estado em 1948), para a cidade de Jerusalém, tida como sagrada para árabes, cristãos e judeus, e mantida em regime de administração internacional desde a partilha dos territórios pela ONU, mas que é atualmente considerada pelo governo israelense e alguns de seus aliados como a nova capital da nação.


Questão 23

A partir da década de 1970, surgiu uma nova forma de organização espacial da indústria, tanto em países desenvolvidos quanto em subdesenvolvidos: os tecnopolos, também denominados no Brasil de Centros de Alta Tecnologia.

A respeito da formação, da importância e da localização dos tecnopolos no Brasil é correto afirmar que

a) esses estão em fase de implantação, visto que há necessidade de ampliar a rede de infraestrutura básica para que esses polos sejam conectados a todo o território nacional.

b) existem dezenas de polos tecnológicos, criados por fatores de atração como, por exemplo, mão de obra barata e disponível à indústria.

c) para a instalação de um tecnopolo, há necessidade de que a cidade apresente um forte setor industrial de base, que forneça matéria-prima abundante e um sólido mercado consumidor.

d) esses concentram as atividades industriais de alta tecnologia como telecomunicação, aeroespacial, informática e biotecnologia em universidades e em centros de pesquisa e de desenvolvimento.

Resposta: D

Comentário:

No transcorrer das inovações e evoluções técnicas das indústrias capitalistas no período após a Segunda Guerra Mundial, ocorreu a Terceira Revolução Industrial, responsável pelo aprimoramento dos processos de produção e de acumulação de riquezas através das atividades fabris. Essa revolução veio como mecanismo propulsor, capaz de fortalecer o sistema econômico das nações ocidentais, na disputa ideológica travada com as nações orientais, que aderiram à ideologia socialista, apregoada pela União Soviética a partir da Revolução Russa de 1917.

Os principais avanços advindos dessa revolução, na década de 1970, se relacionam à evolução dos meios de transportes e telecomunicações, que deram origem ao chamado meio técnico-científico-informacional, responsável direto pela ampliação dos fluxos globais e da ampliação das relações de interdependência entre as nações que se tornaram cada vez mais integradas e interligadas. Uma das consequências imediatas dessa evolução dos transportes e telecomunicações foi o processo de desconcentração industrial, verificado através das indústrias multinacionais, que começavam a atravessar as fronteiras de seus países de origem (invariavelmente ricos e desenvolvidos) em direção às nações de menor desenvolvimento, onde os custos produtivos fossem mais baixos.

Porém, essa desconcentração se deu de forma seletiva, uma vez que as atividades de maior valor agregado e de maior desenvolvimento tecnológico permaneceram nas nações mais desenvolvidas, uma vez que essas demandavam uma mão de obra de alta especialização, que não estava disponível nas nações mais pobres, assim como garantiriam às nações de Primeiro Mundo o controle da economia, mesmo com a saída de parte de sua cadeia produtiva para outras nações. OS aglomerados de indústrias modernas que passam a se formar nesse contexto, em algumas zonas dessas nações de alto desenvolvimento dariam origem aos polos tecnológicos, que posteriormente evoluiriam para os chamados tecnopolos.

A estrutura necessária para que em uma determinada região se desenvolva um tecnopolos está relacionada à oferta de condições diretas de produção de mercadorias de alta tecnologia, associada com a disponibilidade de mão de obra de alta especialização, capaz de operar processos produtivos cada vez mais modernos e pensantes, assim como instituições de pesquisa e desenvolvimento (P&D), que fomentem e ofereçam suporte contínuo e constante para a criação e evolução permanente da tecnologia e das mercadorias. Portanto, a existência de um tecnopolo depende diretamente da presença de indústrias de tecnologia de ponta, de grandes centros de pesquisa científica e de universidades de renome, de onde provém a mão de obra necessária para seu funcionamento.


Questão 24

A circulação atmosférica resulta da movimentação geral do ar, proporcionada pelo movimento de rotação da Terra e pela desigual distribuição de energia solar. É um movimento de grande escala, responsável pelo aquecimento da superfície terrestre.


Circulação da Atmosfera Terrestre



FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 3”. Ed. São Paulo: Moderna, 2010. p. 4. (Adaptado)


Considerando-se a circulação atmosférica terrestre, assinale a alternativa correta.

a) Nas latitudes subtropicais, nos dois hemisférios, o ar seco explica a concentração de desertos, situados ao longo da latitude de 30°, devido à grande amplitude térmica anual que caracteriza essas regiões.

b) Na latitude de 60°, em ambos os hemisférios, formam-se zonas de baixa pressão que atraem ventos provenientes das latitudes subtropicais, originando ventos de oeste.

c) O encontro entre os ventos orientais e o ar frio originário dos polos produz a zona de convergência intertropical, de instabilidade climática, que se desloca de acordo com as estações do ano.

d) Nas regiões polares, o ar frio e denso forma um centro de baixa pressão que é atraído para a zona de maior pressão das regiões tropicais, formando o fenômeno da friagem.

Resposta: B

Comentário:

Na circulação geral da atmosfera terrestre tem-se a ação de dois importantes fatores relacionados aos ventos que varrem a superfície do planeta, sendo a variação da pressão atmosférica e a força de coriolis. A variação da pressão é responsável pelo deslocamento dos ventos, partindo de zonas onde essa pressão é maior em direção a locais onde essa grandeza seja menos, enquanto a força de coriolis, resultante da rotação que a terra realiza em torno do seu próprio eixo, responsável pela trajetória curva desses ventos, durante seu deslocamento.

Desse modo tem-se que as áreas onde os ventos se originam, sempre com alta pressão atmosférica, são chamadas de zonas dispersoras ou zonas anticiclonais, ao passo que as zonas de baixa pressão atmosférica são as receptoras desses ventos, também chamadas de zonas ciclonais. Nas zonas anticilonais, a saída dos ventos acaba por retirar a umidade presente na atmosfera, criando áreas bastante secas, que dão origem a grandes desertos terrestre, com destaque para as faixas tropicais nos hemisférios norte e sul. Do mesmo modo, as zonas ciclonais recebem grande parte dessa umidade, formando ali locais de climas chuvosos, com destaque para a faixa equatorial. Esse movimento dos ventos, entre as áreas dispersoras e receptoras criam áreas de grande circulação de ar, chamadas de células atmosféricas, com destaque para a Célula de Hadley (que se forma entre os trópicos e o equador, onde circulam os ventos alísios), a Célula de Ferrel (que se forma entre os trópicos e os círculos polares, onde circulam os ventos de oeste) e a Célula Polar (que se forma entre os polos e os círculos polares, onde circulam os ventos de leste).

Portanto, tem-se como principais zonas relativas às pressões atmosféricas o equador, que é chamado de “zona de calmaria” por ser de baixa pressão, recebendo os ventos; os trópicos, que se configuram como zonas de alta pressão, dispersando os ventos alísios que convergem no equador; aos círculos polares, de baixa pressão, onde convergem os ventos de oeste, nos dois hemisférios; e os centros polares, que apresentam altas pressões, de onde se originam os ventos de leste, em direção às baixas pressões dos círculos polares.


Questão 25

Composto por espécies muito utilizadas e exploradas pela indústria; estende-se por vasta região de terras baixas e pelas costas montanhosas da Europa, da Ásia e da América do Norte, de elevada amplitude térmica anual e por invernos longos e frios; abriga um número relativamente pequeno de espécies vegetais.

O bioma descrito refere-se

a) à Taiga ou Floresta Boreal.

b) às Florestas Temperadas.

c) às Estepes.

d) à Tundra

Resposta: A

Comentário:

No excerto apresentado na questão faz-se menção a um bioma localizado nas áreas de média-altas latitudes no hemisfério norte, onde se encontra Europa, Ásia e América do Norte. Nessas faixas terrestres as vegetações predominantes se dividem entre as Tundras, as Florestas de Coníferas (Taigas) e as Florestas Temperadas.

A Tundra, vegetação característica das altas latitudes circunvizinhas aos polos terrestres se caracteriza como uma vegetação de baixo porte (rasteira), de ciclo de vida muito curto, decorrente dos invernos longos e muito rigorosos dessa região sempre muito fria, onde as espécies que se destacam são os liquens e os musgos, porém em termos econômicos é uma zona de baixo interesse, primeiramente pela baixa biomassa, o que não favorece à indústria de modo geral, e pelo clima excessivamente frio, que somado ao solo, chamado de Permafrost, cujo interior encontra-se permanentemente congelado, impossibilitam as práticas agrícolas.

A Taiga, apesar de localizar-se também nessas áreas próximas aos polos, recobre uma região de latitudes um pouco menores, e consequentemente menos gélidas que as Tundras. Porém, os rigores dos invernos longos e intensos também se manifestam e estabelecem severas limitações para as poucas espécies vegetais que são capazes de ali se desenvolverem. Porém, nessas latitudes a vegetação desenvolve um porte maior, com árvores muito altas, cujas copas apresentam formato cuneiforme, o que impede o acúmulo de neve sobre sua estrutura, assim como folhas finas e longas (aciculifoliadas) que possuem menor superfície de contato e menor possibilidade de acúmulo de gelo e peso excessivo sobre os galhos. Por serem árvores de grande porte, os pinheiros desse bioma foram amplamente devastados no passado para a obtenção de madeira para a indústria e principalmente para a construção civil, e na atualidade essa devastação se relaciona ainda com a indústria madeireira e a indústria de papel, dependente da celulose dali retirada.

A Floresta Temperada localiza-se em latitudes mais modestas, entre os círculos polares 66º e os trópicos 23º, onde as temperaturas apresentam-se bem mais amenas que nas áreas próximas aos polos. Nessa região têm-se climas com as quatro estações bem definidas, portanto apesar dos invernos continuarem muito frios, os verões apresentam temperaturas bastante elevadas, o que por sua vez permite e facilita a adaptação de mais espécies, posto que as condições climáticas não sejam tão limitantes quanto nos biomas anteriores. A vegetação desse bioma apresenta relativa biodiversidade, com predomínio de espécies arbóreas que perdem as folhas durante o outono (caducifoliadas), o que impede o congelamento ou acúmulo de gelo nos galhos durante os invernos. Essas florestas, assim como as Taigas, apresentam elevado grau de devastação e grande importância para atividades industriais nesses países.

Assim, como o enunciado da questão mencionou que o referido bioma localiza-se em uma região de costas montanhosas (logo, de temperaturas muito baixas, pelo fator altitude), com invernos muito rigorosos (portanto, próxima ao polo) e de baixa biodiversidade (decorrente dos rigores climáticos dos invernos extremos), trata-se das Florestas de Coníferas ou Taigas, que podem ser ainda chamadas de Florestas Boreais, pelo fato de predominarem no hemisfério norte da Terra.


Questão 26

A transição de uma economia estatizada para uma economia de mercado nos países da Europa Centro-Oriental gerou uma grave crise econômica, social e o fim do equilíbrio geopolítico estruturado pela Guerra Fria. Desde então, tornou-se necessária uma série de reformas econômicas com base no modelo neoliberal dominante no mundo pós-Guerra Fria. Tais medidas levaram, ao longo dos últimos anos, à queda da generalização da produção, do consumo e da renda familiar e, consequentemente, ao desemprego. Apesar disso, muitos desses países hoje fazem parte da União Europeia.

A respeito do processo descrito e da inserção desses países na União Europeia, afirma-se que

a) na Bósnia-Herzegovina, o fim da Guerra Fria promoveu vários conflitos, vitimou centenas de milhares de pessoas e gerou milhões de refugiados. Com a interferência de tropas da OTAN e com os Acordos de Dayton, a estabilidade econômica, política e social foi retomada e hoje o país compõe o bloco econômico europeu.

b) Polônia, Hungria e República Tcheca apresentaram expressivos índices de crescimento econômico graças a uma base econômica mais sólida e a uma relativa homogeneidade cultural que os livraram de tensões étnicos-nacionalistas. Por isso, foram os primeiros do grupo a se candidatarem e a serem aceitos para integrar a União Europeia.

c) o maior conflito étnico-nacionalista ocorrido na região foi o que resultou da desintegração da antiga Iugoslávia. O fim do regime socialista levou à separação das seis repúblicas que formaram o Estado Federal lugoslavo. Contudo, o crescente desenvolvimento dos estados federados permitiu o ingresso dessas repúblicas na União Europeia.

d) Bulgária, Eslováquia e Romênia estão entre os vários países da Europa Centro-Oriental em que se verificam tensões ligadas a minorias étnico-nacionais. Na Bulgária, a maioria envolvida é de origem turca; na Eslováquia e na Romênia, é de origem húngara. Os conflitos étnico-nacionalistas e o desejo de autonomia excluíram esses países da União Europeia.

Resposta: B

Comentário:

No contexto geopolítico do intervalo entre 1947 e 1991 se desenrolou no mundo a chamada Guerra Fria, marcada pela disputa ideológica entre o capitalismo defendido e propagado pelos Estados Unidos e o socialismo, implantado e defendido pela União Soviética. Desse modo, o mundo foi dividido em dois grupos dominantes, sendo o chamado “mundo ocidental” formado por aquelas nações afeitas ao ideário estadunidense, e o “mundo oriental” composto pelas nações que se aproximavam da doutrina soviética. A divisão prática entre esses “mundos” se realizava por uma divisa imaginária, chamada de Cortina de Ferro, que em alguns locais se materializou concretamente, sendo chamada de Muro de Berlim.

Porém, havia um terceiro grupo de nações, que se convencionou a chamar de “países não alinhados”, formados por nações que embora adotassem ao ideal socialista, não abandonara de fato e completamente feições típicas do mundo capitalista. Esse conjunto de nações europeias se juntou e deu origem a uma única região geopolítica batizada de Iugoslávia. Como membros dessa região não alinhada tínhamos Sérvia, Montenegro, Eslovênia, Macedônia, Croácia e Bósnia-Herzegovina, as quais permaneceram agrupadas até 1991, quando iniciou-se o processo de desintegração, tal qual se observava também na União Soviética nesse período.

Após o processo de desintegração, as nações independentes (tanto da ex-URSS como da ex-Iugoslávia) iniciaram um processo de conversão aos preceitos da economia capitalistas, que tornaria hegemônica após o encerramento do período de bipolaridade, porém no caso das antigas repúblicas soviéticas a transição se deu de modo mais eficiente e proveitoso, enquanto nas antigas nações não alinhadas, como a dissolução se deu através de guerras e conflitos separatistas, os resultados econômicos alcançados foram bem inferiores se comparados com aqueles obtidos pela ex-URSS.

Desse modo, várias nações que compunham o bloco socialista durante a Guerra Fria, conseguiram atingir níveis econômicos e sociais que as colocassem em condições de ser aceitas pela União Europeia, tais como a Bulgária, Polônia, Hungria, Romênia, República Checa, Eslováquia, Letônia, Estônia e Lituânia. Porém, das nações que compunham a Iugoslávia, a única que alcançou a condição de ser aceita como membro da União Europeia após a adesão plena ao modelo capitalista foi a Croácia, enquanto Sérvia, Montenegro e Macedônia do Norte (chamada de Macedônia até 2018, quando mudou de nome) apresentaram suas candidaturas, mas ainda não foram aprovadas as suas adesões ao bloco regional, principalmente pelas tensões étnicas constantes observadas entre seus povos, nessa região, que no passado era conhecida como República Socialista Federativa da Iugoslávia, e que atualmente é conhecida como Península Balcânica, considerada o “barril de pólvora” da Europa.


Questão 27

Escala é um dos elementos fundamentais da cartografia, pois representa a relação entre o tamanho original da área e o tamanho representado no mapa cartografado.
Num mapa, cuja escala é de 1:500.000 e a distância entre duas cidades é representada por 15 cm, a distância real entre as duas cidades é de

a) 1.500 Km.

b) 225 Km.

c) 750 Km.

d) 75 Km.

Resposta: D

Comentário:

A questão versa a respeito dos conhecimentos cartográficos, mais precisamente o entendimento acerca de escala cartográfica, que representa a relação entre as distâncias representadas em um mapa ou carta e as distâncias que existem na realidade naquela área mapeada/cartografada. Portanto, a escala informa ao usuário quantas vezes a realidade foi reduzida para que ela coubesse no mapa e o mapa fosse desenhado.

Com base nos dados apresentados no enunciado (Escala [E] = 1 : 500.000 e Distância no mapa [d] = 15 centímetros), foi perguntado o valor da Distância real [D] cartografada. O cálculo é realizado através da equação da escala, representada por E = d / D. Desse modo tem-se que:

1 / 500.000 = 15 / D
D = 7.500.000 cm

Convertendo-se para quilômetros tem-se que:

D = 7.500.000 / 100.000
D = 75 Km


Questão 28

Segundo o IBGE, dentre os 5.564 municípios existentes no país, 4.625 não são considerados centros de gestão. Essas informações foram obtidas por meio de pesquisas realizadas pelo instituto que investigou as principais ligações de transporte em direção aos centros de gestão, bem como os principais destinos dos moradores até as metrópoles para obterem bens e serviços.


https:/ww2.ibge.gov.br/home/geociencias/ geografia/regic.shtm?c= 7. Acesso em 05. fev .2019.


Considerando-se a hierarquia urbana brasileira, é correto afirmar que

a) devido à distância do centro econômico e administrativo do país, as metrópoles regionais, a exemplo de Manaus, têm pouca importância na rede urbana brasileira.

b) a hierarquia entre as cidades deixou de ser relevante devido à homogeneização dos fluxos entre as cidades e ao atendimento às necessidades básicas da população.

c) as populações, que vivem em regiões com redes urbanas menos adensadas, têm o mesmo acesso aos bens devido ao desenvolvimento dos meios de comunicação e de transportes.

d) essa hierarquia apresenta grande concentração de serviços nas metrópoles e nas capitais regionais, o que dificulta o acesso aos serviços públicos essenciais aos moradores de cidades menores.

Resposta: D

Comentário:

O processo de urbanização do território brasileiro se deu de modo tardia, assim como se notou com a industrialização, o que o fez ocorrer de modo acelerado e sem planejamento efetivo, ocasionando graves problemas socioeconômicos, os quais refletem diretamente na eficiência da rede urbana nacional, criando condições que não favoreçam à plena integração dos espaços urbanizados nas regiões nacionais.

Sendo diretamente relacionado, e até mesmo definido, pelo processo de industrialização, o desenvolvimento urbano do Brasil se deu de modo concentrado na Região Sudeste, o que criou condições de uma rápida metropolização nas grandes capitais estaduais dessa região, levando as regiões mais afastadas desse centro econômico da nação a apresentar um processo urbano muito mais rarefeito e menos integrado ao contexto geral do país.

A distância física e o distanciamento econômico entre a região concentrada (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e as regiões Norte e Nordeste fazem com que essas duas últimas apresentem relativo isolamento estrutural das primeiras, tornando os centros regionais (como no caso de Manaus – AM e Belém - PA) de suma importância para a economia regional, servindo às populações locais naqueles serviços essenciais, que externamente seriam possíveis apenas no Centro-Sul.

Porém , embora esses centros regionais ofereçam bens e serviços às populações ali viventes, essa condição de isolamento tornou ainda mais evidente a hierarquia urbana do país, uma vez que os desníveis dos poderes políticos e econômicos entre as cidades se mostrem cada vez mais evidentes, quando se comparam centros da Amazônia e Nordeste com centros da chamada região concentrada, mesmo porque, embora tenham acesso a bens e serviços outrora indisponíveis nessas áreas até as últimas décadas isoladas, sua oferta ainda se encontra muito aquém dos centros urbanos tradicionais, e mesmo os meios de transportes e telecomunicações, que poderiam favorecer a redução desses desníveis, atingem anda de modo rarefeito e impreciso essas regiões recentemente inseridas no contexto geopolítico nacional.


Questão 29

“ l .. ] é um fenômeno natural e possibilita a vida humana na Terra. Parte da energia solar que chega ao planeta é refletida diretamente de volta ao espaço ao atingir o topo da atmosfera terrestre - e parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície da Terra [...]. Uma parcela desse calor é irradiada de volta ao espaço, mas é bloqueada pela presença de gases [...] que, apesar de deixarem passar a energia vinda do Sol (emitida em comprimentos de onda menores), são opacos à radiação terrestre, emitida em maiores comprimentos de onda. Essa diferença nos comprimentos de onda se deve às diferenças nas temperaturas do Sol e da superfície terrestre.”


Ministério do Meio Ambiente. Disponível em http://www.mma.gov.br/informma/item/195. Acesso em 25.mar.2019.


O processo descrito acima refere-se

a) ao efeito estufa.

b) ao aquecimento global.

c) à camada de ozônio.

d) à ilha de calor.

Resposta: A

Comentário:

Vários são os aspectos e mecanismos que garantem as condições de existência e manutenção da vida na Terra, porém, a quase totalidade desses aspectos se relaciona diretamente à temperatura média apresentada pelo planeta, que se encontra no nível ideal para que animais e vegetais desenvolvam seus processos bioquímicos e se estabeleçam no ambiente. Essa temperatura média, em torno de 17ºC, cria os requisitos básicos para que haja um dos mais importantes ciclos biogeoquímicos do planeta, que é o Ciclo da Água, transitando esse recurso essencial pelos três estados físicos básicos.

Sabe-se que a Terra possui duas fontes básicas de energia/calor, que são representadas internamente pelo núcleo terrestre e externamente pela radiação proveniente do sol. Porém, dessas duas, aquela externa é mais impactante e mais decisiva para que se alcance essa média de 17ºC, vital para fauna e flora. A incidência da radiação solar acontece apenas na fase de claro (dia) e durante a fase de escuro (noite) a Terra realiza um processo de perda de calor para a atmosfera, o que poderia ocasionar um planeta aquecido durante o dia, pelos raios solares, mas gélido durante a noite, pela perda de calor pela superfície.

Esse resfriamento excessivo não ocorre em decorrência da presença dos chamados Gases do Efeito Estufa – GEEs na atmosfera, os quais tem a capacidade de reter e armazenar calor proveniente da radiação solar diurna, e mantê-lo próximo à superfície durante o período noturno. Esses gases, dos quais se destacam o CO2, o CH4 e o H2O(v) podem ser liberados de maneira natural ou antropogênica, e são essenciais para a vida na Terra, desde que estejam presentes nas concentrações ideais, pois seu excesso torna-se tão ou até mais nocivo do que sua ausência.

Estando nas concentrações ideais esses gases criam o Efeito Estufa, que mantém a temperatura média ideal no planeta, porém, quando ações antropogênicas, principalmente ligadas à queima de combustíveis fósseis ou o desmatamento, aumentam suas concentrações, origina-se um impacto negativo que é conhecido como Aquecimento Global, que na mais é do que a potencialização do Efeito Estufa. Esse aumento das concentrações desses GEEs na atmosfera e o aumento das temperaturas médias originam nos grandes centros urbanos outro fenômeno antropogênico conhecido como Ilha de Calor, que também prejudica as condições para a vida no ambiente.

Mas embora todos esses fenômenos sejam generalizados como “fenômenos atmosféricos”, na verdade eles se concentram apenas na camada mais baixa da atmosfera terrestre, chamada de Troposfera, que se estende da superfície até 12 quilômetros de altitude. Em uma camada superior, que vai desses 12 quilômetros até os 50 quilômetros, chamada de Estratosfera, encontra-se concentrado o gás ozônio, que forma a camada homônima, responsável pela filtragem das radiações ultravioletas, dos tipos UVA e UVB, nocivas à saúde humana, por serem cancerígenas. Porém, embora se relacione com a radiação solar, a Camada de Ozônio não exerce qualquer influência direta sobre as temperaturas da Terra.


Questão 30

Observe os gráficos e as informações abaixo.

Gráfico I



FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 3ª. Ed. São Paulo: Moderna, 2010. p. 113. (Adaptado)


No verão, a atuação da mEa provoca o aquecimento da temperatura com chuvas rápidas e torrenciais; no inverno, ocorre o domínio das mEc, com possibilidade de atuação da mPa, provocando queda brusca da temperatura.


Gráfico II



FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 3ª. Ed. São Paulo: Moderna, 2010. p. 113. (Adaptado)


O verão é caracterizado pela atuação da mTa e da mTc, com períodos quentes e chuvas regularmente distribuídas; no inverno, além da atuação da mTa, também ocorre a atuação da mPa, ocasionando quedas na temperatura.

A partir da análise dos gráficos e das características apresentadas, é correto afirmar que os Gráficos I e II representam, respectivamente, os climas

a) Litorâneo Úmido e Tropical de Altitude.

b) Equatorial Subúmido e Litorâneo Úmido.

c) Equatorial Úmido e Subtropical Úmido.

d) Litorâneo Úmido e Equatorial Úmido.

Resposta: SEM RESPOSTA

Comentário:

A questão trouxe dois gráficos representativos de dois tipos climáticos observados no território brasileiro, que apresenta ao todo seis climas diferentes em suas cinco regiões políticas, climas estes que se relacionam diretamente com as condições de latitude dessas regiões, altitudes de seus respectivos relevos e atuação as massas de ar que se formam, tanto nas porções interiores quanto nas porções litorâneas do Brasil.

Na porção norte do país, nas faixas de baixas latitudes equatoriais, onde se localiza o bioma da Floresta Amazônica, observa-se o clima Equatorial Úmido, caracterizado por apresentar apenas uma estação bem definida ao longo do ano, sendo quente e úmido durante todos os meses, com chuvas abundantes, regulares e bem distribuídas, apresentando baixa amplitude térmica. No que tange à atuação das massas de ar, tem-se a MEC atuando tanto no verão quanto no inverno.

Na porção central do país, nas faixas de latitudes intertropicais, onde se localiza o bioma do Cerrado e o ecótono do Pantanal, observa-se o clima Tropical Semiúmido ou Típico, caracterizado por apresentar duas estações bem definidas, sendo um verão quente e úmido e um inverno ameno e seco, com média amplitude térmica. No que tange à atuação das massas de ar, tem-se a MEC, a MTA e a MTC no verão; a MTA e a MPA no inverno.

Nessa mesma porção central do país, nas regiões serranas nos limites entre o Sudeste e o Sul, onde a vegetação mistura Mata Atlântica, Mata de Araucária e Cerrados, observa-se o clima Tropical de Altitude, caracterizado por apresentar duas estações bem definidas, sendo um verão ameno e úmido e um inverno frio e seco. No que tange à ação das massas de ar, tem-se a MTA no verão; a MTA e a MPA no inverno.

Na porção litorânea, que se estende do Sudeste até o Nordeste, nas latitudes intertropicais, onde se localiza o bioma da Mata Atlântica, observa-se o clima Tropical Úmido ou Litorâneo, caracterizado por apresentar duas estações bem definidas, sendo um verão quente e seco e um inverno ameno e úmido. No que tange à ação das massas de ar, tem-se a MEA e a MTA no verão; a MEA, a MTA e a MPA no inverno.

Na porção interior do nordeste, conhecida como Sertão Nordestino, nas baixas latitudes intertropicais, onde se localiza o bioma da Caatinga, observa-se o clima Tropical Semiárido, caracterizado por apresentar duas estações bem definidas, sendo um verão quente e seco e um inverno ameno/quente e muito seco, com chuvas escassas e irregulares ao longo do ano. No que tange à ação das massas de ar, tem-se a MEA e a MEC no verão; e a MEA no inverno, porém ambas chegam secas à região. No caso da MEA a umidade é perdida na barreira orográfica do Planalto da Borborema (barlavento) e da MEC a úmida é perdida ao longo do deslocamento desde a Floresta Amazônica.

Na porção sul do país, nas médias latitudes subtropicais (temperadas), onde se localizam os biomas da Mata Atlântica, dos Pampas e da Mata de Araucária, observa-se o clima Subtropical Úmido, caracterizado por apresentar quatro estações bem definidas, sendo verões quentes e úmidos e invernos frios e também úmidos. O clima apresenta a maior amplitude térmica do Brasil, e chuvas abundantes e regularmente distribuídas ao longo do ano. No que tange à ação das massas de ar, tem-se a MTA no verão; a MTA e MPA no inverno.

A partir disso, observando os climogramas apresentados na questão conclui-se que o “Gráfico I” e sua descrição trazida pelo enunciado relacionam-se com o clima Tropical Semiúmido ou Tropical Típico, característico da porção central do Brasil, principalmente estados do Sudeste e do Centro Oeste. Já o “Gráfico II” e sua subsequente descrição se relacionam com o clima Subtropical Úmido, característico da Região Sul do país.

Ao se analisar as assertivas propostas pela questão, não há nenhuma alternativa que possa responder de modo correto aquilo que foi pedido ao candidato, estando assim a questão furada.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - MEDICINA FACERES - 2019



Questão 49

Observe a figura a seguir, sobre biomas do Brasil:



Área de ocorrência dos biomas brasileiros e sua participação percentual em relação à área total do Brasil. (Disponível em: http:/www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/geografia. Acesso em: Jan. 2013.)


Agora, enumere as afirmações a seguir de acordo com as características dos seis biomas indicados no mapa:

(           ) Região muito plana, considerada a verdadeira planície, apresenta clima tropical, cheias periódicas e vegetação caracterizada por florestas, cerrados e campos. Tal bioma é importante pela fragilidade e variedade na biodiversidade. A pecuária extensiva é a principal atividade econômica no bioma, que vem sofrendo com o assoreamento dos rios e contaminação por agrotóxicos e fertilizantes, provenientes da região conhecida por celeiro agrícola brasileiro.

(           ) Região muito plana, estreita planície que margeia o rio, predomina clima quente e úmido com vegetação fechada, latifoliada, perene e elevada biodiversidade. A região foi ocupada principalmente após os anos 60 com apoio governamental. O desmatamento tem sido um grande problema, devido à expansão do agronegócio.

(           ) Bioma marcado pelo solo raso e ressecado. Predomina um relevo planáltico com chapadas que formam uma barreira, dificultando a entrada da umidade para o interior. Seu clima é predominantemente seco no interior, que se caracteriza por uma vegetação espinhenta, embora no litoral as chuvas sejam frequentes. Historicamente, trata-se de uma região repulsora de população com grande concentração de renda.

(           ) Bioma marcado por planaltos sedimentares em forma tabular, com clima de duas estações bem definidas, sendo o verão quente e chuvoso e o inverno seco. As características do clima revelam uma vegetação baixa e aberta, com árvores com troncos e galhos retorcidos, folhas pequenas e tronco cascudo. Após os anos 60, torna-se a região celeiro do Brasil, com uma importante agricultura mecanizada.

(           ) Paisagem monótona, de relevo relativamente plano conhecido por coxilhas. A vegetação predominante é rasteira, formada por uma camada de pastagem natural. Nesse ambiente de clima bastante frio e chuvas bem distribuídas ao ano, desenvolveu-se a atividade econômica ligada à criação de gado nas conhecidas estâncias.

(           ) Neste bioma, encontra-se uma muralha no litoral que dificultou por muito tempo a ocupação do interior, predominando planaltos muito elevados de eras pré-cambrianas mamelonares. A região é marcada pela presença de pequenas áreas de floresta fechada, latifoliada e muito devastada pela ocupação econômica. Hoje a região é o centro econômico do país.

A sequência correta da enumeração das afirmações com base no mapa, é:

a) 2 – 3 – 5 – 6 – 4 – 1.

b) 3 – 2 – 5 – 4 – 1 – 6.

c) 4 – 5 – 2 – 1 – 6 – 3.

d) 5 – 4 – 1 – 2 – 6 – 3.

e) 6 – 1 – 4 – 2 – 5 – 3.

Resposta: E

Comentário:

No mapa apresentado na questão, os principais domínios morfoclimáticos do Brasil aparecem listados e nomeados de 1 a 6. A partir dessa apresentação tem-se que o número:

(1) representa o bioma da Amazônia, que recobre a maior parte do território brasileiro, principalmente na Região Norte do país, se estendendo por relevos de terras baixas e planas, onde se localiza a maior bacia hidrográfica do mundo. O clima nessa área é do tipo equatorial úmido, com temperaturas constantemente elevadas, chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano. A vegetação é de grande porte, composta principalmente por estratos arbóreos de espécies latifoliadas, adaptadas às altas temperaturas e umidades equatoriais. Atualmente a expansão da fronteira agropecuária, principalmente a pecuária de corte e a soja tem promovido um intenso processo de desmatamento e devastação nesse bioma.

(2) representa o bioma do Cerrado, que recobre a porção do Planalto Central brasileiro, se estendendo pelas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. O relevo dessa região é composto por extensos tabuleiros ou chapadas sedimentares, muito planos, o que favoreceu a expansão da agricultura mecanizada a partir da Revolução Verde ocorrida nas décadas de 1960/70, onde a calagem corrigiu os solos ácidos da região, possibilitando a adaptação dos cultivos de soja, provenientes da região sul do país. O clima tropical semiúmido desse bioma apresenta duas estações bem definidas, sendo o verão quente e úmido e o inverno ameno e seco. A vegetação se adaptou a essa sazonalidade dos períodos chuvosos e ao excesso de alumínio que tornou o solo ácido, desenvolvendo o escleromorfismo oligotrófico em sua fisionomia, materializado nos troncos e galhos retorcidos, cascas grossas, raízes profundas e folhas pilosas/cerosas.

(3) representa o bioma da Mata Atlântica, também chamado de Mares de Morro ou Floresta Latifoliada de Encosta, que recobre a maior parte das feições litorâneas do Brasil, se estendendo desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Como o processo de colonização e ocupação do país se deu do litoral em direção ao interior, esse bioma é o mais devastado ao longo do tempo, o que faz com que atualmente resistam apenas cerca de 7% de sua cobertura original, espalhados por vários isolados e pequenos nichos vegetacionais preservados ao longo do litoral. O relevo dessa região é composto por rochas cristalinas muito antigas e desgastadas pela ação do intemperismo, o que deu origem a planaltos arredondados, chamados de morros ou serras, com feições mamelonares ou de meias-laranjas. O clima é do tipo tropical úmido, com duas estações bem definidas, sendo o verão quente e seco e o inverno ameno e úmido, o que cria condições para o estabelecimento de vegetações de grande porte, com estrato predominantemente arbóreo do tipo latifoliadas. Trata-se do bioma mais rico em biodiversidade do Brasil e ao mesmo tempo mais ameaçado, decorrência da concentração das atividades econômicas nacionais no seu entorno, o que lhe coloca na classificação de área de alto risco ambiental, conhecida como hotspot.

(4) representa o bioma da Caatinga, que abrange a porção interior da Região Nordeste do Brasil, chamada de Sertão. Nessa área o clima é do tipo tropical semiárido, com chuvas escassas e irregulares, concentradas principalmente nos meses de verão, apresentando altas temperaturas ao longo do ano. O fator predominante para a ocorrência das secas históricas dessa região é a presença de um extenso planalto no sentido norte-sul ao longo do litoral, chamado de Chapada da Borborema, que atua como barreira orográfica impedindo a penetração das massas de ar úmido provenientes do Oceano Atlântico. A umidade advinda do oceano é interceptada por essa formação do relevo, se condensando e precipitando nas porções chamadas de Zona da Mata e Agreste nordestinos, não chegando ao interior semiárido. A falta de umidade limita o processo de intemperismo, que por sua vez impede o desenvolvimento pleno dos solos, os quais se tornam rasos e pedregosos, e mesmo apresentando boa fertilidade natural, a falta de umidade os torna pouco produtivos. A vegetação se adapta a essas condições adversas, estabelecendo o xeromorfismo, possuindo pequeno porte e troncos e galhos recobertos por espinhos e com poucas folhagens, sendo regionalmente conhecida como “mata branca”. As condições ambientais desfavoráveis refletem nos níveis de desenvolvimento socioeconômico da região, tornando-a a mais pobre do Brasil, onde a fome, a miséria, a concentração de renda e a falta de políticas sérias e eficientes voltadas para a minimização dos problemas criam condições para que o Sertão Nordestino seja a principal área de repulsão de emigrantes para as outras regiões brasileiras ao longo dos tempos.

(5) representa o bioma dos Pampas, também conhecido como Campanha Gaúcha ou Campos Sulinos, recobre a porção extremo-sul do estado do Rio Grande do Sul, abrangendo territórios dentro da zona de clima temperado ou subtropical úmido, com quatro estações bem definidas, sendo verões quentes e úmidos e invernos muito frios e também úmidos. Essa região apresenta as maiores amplitudes térmicas dentro do território brasileiro. O relevo, intensamente desgastado pelas chuvas constantes apresenta altitudes muito modestas e superfícies muito planas chamadas coxilhas, entremeadas por pequenas elevações chamadas regionalmente de colinas. A vegetação é típica das Pradarias, compostas predominantemente por estratos herbáceos rasteiros, historicamente utilizados como pastagens naturais para rebanhos bovinos de corte, desde o Ciclo do Ouro no Sudeste. O histórico uso da região como pastagem trouxe consigo a compactação do solo, através do pisoteio do gado, causando o fenômeno da arenização, que se configura como estágio inicial para um processo de desertificação em curso nessa região brasileira.

(6) representa o Complexo do Pantanal, que pelo fato de apresentar uma mistura de espécies e feições presentes na maioria dos demais biomas do Brasil, não pode ser considerado um bioma em si, mas sim uma faixa de transição, cientificamente classificada como sendo um Ecótono. O clima dessa região, localizada na fronteira dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é do tipo tropical semiúmido, assim como o Cerrado, o que condiciona à concentração das chuvas durante os meses de verão. O relevo dessa área é de baixas altitudes e muito plano, o que dá origem a uma grande planície inundável durante os meses chuvosos, originando um ambiente “pantanoso”, de onde vem o nome “Pantanal”. A vegetação apresenta uma mescla de espécies de todos os demais biomas brasileiros (exceto das Matas de Araucárias), sendo visíveis exemplares savânicos do cerrado, campestres dos pampas, latifoliados da Amazônia e Mata Atlântica, e mesmo xerófilos da Caatinga. Economicamente as principais atividades se relacionam à pecuária de corte, que ocupa as pastagens das regiões mais baixas durante a vazante de inverno e que se desloca para as pastagens mais elevadas durante as cheias de verão. Ambientalmente, o desmatamento e a expansão da fronteira agrícola para o Cerrado, a partir da Revolução Verde, tem gerado a contaminação dos solos e dos recursos hídricos por agrotóxicos e fertilizantes, além do assoreamento dos rios por conta da erosão dos solos expostos às chuvas.


Questão 50

A seguir, temos a figura do Brasil com a indicação da produção de soja em toneladas no ano de 2015:


(Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal, 2015. Disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000027422109112016210223405721.pdf. Consultado em 17/02/19.)


Assinale a alternativa correta sobre a soja no Brasil:

a) A soja é o principal produto do agronegócio brasileiro, sendo produzida principalmente para atender as necessidades do mercado interno, sendo o Sudeste, principalmente São Paulo, o grande centro consumidor, com indústrias ligadas ao setor de ração e óleos vegetais. O excedente da produção é exportado para o mercado argentino e europeu.

b) O Centro-Oeste tornou-se o grande centro da produção de soja do país, nos anos 70, quando houve a mecanização da produção e a correção do solo (calagem), além da presença de planaltos suaves na região. As áreas, que eram vazias e baratas, tornaram-se ocupadas e valorizadas, e a soja tornou-se o principal produto agrícola das exportações brasileiras.

c) Após o ano 2000, surge um novo grande centro produtor de soja. A nova expansão tem suas linhas para a região sul da Amazônia, como Rondônia, Acre e Piauí, como mostra a figura acima.

d) A agricultura mecanizada da soja, monocultura de elevada produtividade, resolveu os problemas ambientais como: perda de solos, retirada da vegetação original, poluição dos solos e das águas, extinção das nascentes, morte de animais silvestres que consomem cereais com substâncias químicas, dentre outros.

e) A soja é uma leguminosa que se adaptou bem ao clima subtropical do Centro-Oeste, como mostra a mancha de maior produção dos estados de Mato Grosso, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Ceará. Hoje, ocupa um lugar de destaque dentro do mercado Agribusiness no Planeta.

Resposta: B

Comentário:

A produção brasileira de soja passou por um intenso e marcante processo de evolução e expansão a partir da ocorrência da Revolução Verde na transição das décadas de 1960/70, quando a atividade agrícola de modo geral passou ou uma grande modernização, tendo em vista a ampliação da produção, em vista do atendimento dos grandes mercados consumidores das grandes potências mundiais capitalistas após a Segunda Guerra Mundial.

No Brasil, até a Revolução Verde os cultivos de soja eram praticamente restritos à Região Sul, de clima subtropical úmido, porém com a chegada da modernização agrícola iniciou-se o processo de correção dos solos ácidos do Centro-Oeste do país, onde o excesso de alumínio tornava o pH muito baixo (em torno de 4,3) e impróprio aos cultivos. A adição de calcário, através da calagem, conseguiu neutralizar o pH desse solo, tornando-o propício aos cultivos. A região dos cerrados que já apresentava relevos muito planos, por conta dos planaltos sedimentares (chapadas), vastas extensões de terras disponíveis e clima tropical com estações bem definidas, com verões quentes e úmidos, e invernos amenos e secos, passa a contar agora também com um solo de pH equilibrado, ideal portanto para a prática da agricultura moderna.

A grande disponibilidade de terras agricultáveis disponíveis, e consequentemente baratas, atrai grandes levas de imigrantes provenientes do Sudeste e principalmente do Sul do Brasil, que levam consigo os cultivos de soja, praticados até então em sua região de origem. Com as manipulações genéticas, principalmente as sementes híbridas, a soja se adapta facilmente à zona intertropical do país e o Centro-Oeste se torna o maior celeiro de grãos da agricultura brasileira, que passa a produzir em larga escala, visando o abastecimento dos mercados externos, principalmente da Ásia (Japão) e América do Norte (Estados Unidos), reafirmando o caráter e a tradição agroexportadora da economia brasileira.


Questão 51

O mapa a seguir é uma projeção cartográfica, e vem encontrando resistência no meio científico pois os cartógrafos dizem que, na verdade, tal projeção não possui efeito prático. 

Assinale a alternativa que melhor define a projeção apresentada:



(Fonte: https://www.wired.com/2016/11/weird-globe-folding-map-isnt-perfect-close/.)

a) Cilíndrica de Mercator, favorece os países desenvolvidos, longe do Equador.

b) Plana ou Azimutal, favorece os países subdesenvolvidos, localizados na Zona Temperada Norte.

c) Authagraph, de Hajime Narukawa, com base nos origamis.

d) Cônica, paralelos em círculos e meridianos retos, convergentes no polo.

e) Cilíndrica de Peters, mapa solidário, dos pobres terceiro-mundista.

Resposta: C

Comentário:

As projeções cartográficas representam possibilidades de representação da realidade tridimensional observada no globo terrestre em um plano bidimensional, representado pelo papel, onde o mapa será projetado/desenhado. De acordo com os interesses do cartógrafo, essa projeção pode se dar de diversos modos, com base no modo como o papel será posicionado sobre o globo terrestre, para a transferência das informações da superfície terrestre. As principais técnicas de projeção dão chamadas de cilíndrica, cônica e azimutal/plana. Porém, como se tratam de representações 2D de uma realidade 3D, todas as projeções produzirão mapas distorcidos ou deformados, podendo esses ser classificados como mapas conformes (fidelidade nos contornos, mas com deformações nas proporções e distâncias); mapas equivalentes/proporcionais (fidelidade nas proporções/áreas, mas com deformações nos contornos e distâncias) e mapas equidistantes (fidelidade nas distâncias, mas com deformações nos contornos e nas proporções).

Em 2016 o arquiteto japonês Hajime Narukawa criou através da milenar técnica de origami (dobraduras em papel) uma nova projeção, à qual batizou de Authagraph, realizada a partir da divisão da superfície terrestre em 96 triângulos, os quais foram desenhados em um tetraedro (poliedro de 4 faces), que por sua vez foi “desdobrado” em um retângulo, representando com grande precisão as proporções e formas das superfícies dos continentes e oceanos da Terra.

A projeção Authagraph por um lado solucionou um problema dos mapas-múndi cilíndricos, criados por Mercator e Peters, que nas grandes latitudes deformava enormemente os polos, principalmente a Antártida, que agora é representada “dentro do mapa” respeitando seu formato e sua proporção em relação às demais áreas continentais. Porém, por outro lado, essa nova projeção recebe críticas em decorrência pelo fato de apresentar orientações completamente fora das direções dos pontos cardeais e colaterais, o que torna completamente inviável a sua utilização para fins práticos de orientação e localização.


Questão 52

Sobre o processo de urbanização no Brasil, observe as afirmativas a seguir:

I. A urbanização no Brasil teve início com a industrialização, nos anos 30 do governo Vargas. Avançou fortemente nos anos 60 com o êxodo rural provocado pela mecanização do campo e se consolidou nos anos 70 com a intensa industrialização do Sudeste, principalmente São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

II. A urbanização brasileira foi marcada pelo êxodo rural, fenômeno caracterizado pela intensa fuga da população da cidade para o campo, por melhores condições de vida. Exemplo é a maior taxa de crescimento das grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro em relação às cidades médias como Campinas, Ribeirão Preto, Londrina, Uberlândia e Campina Grande.

III. Nas grandes cidades brasileiras, os movimentos sociais se tornaram pouco expressivos devido às conquistas sociais, à redução da especulação do solo urbano e à redução das favelas e cortiços.

IV. As intensas urbanização e metropolização são responsáveis pela formação de megacidades, como é o caso de São Paulo.
V. A forma de urbanização brasileira, pelo êxodo rural e metropolização, gerou o fenômeno da conurbação.

São corretas apenas as afirmativas:

a) I – III – V.

b) II – IV – V.

c) I – IV – V.

d) II – III – IV.

e) III – IV – V.

Resposta: C

Comentário:

O processo de urbanização de uma dada localidade deve ser entendido como um estágio de desenvolvimento em que a população urbana cresce em um ritmo mais acelerado do que a população total, ou seja, a urbanização depende mais do fluxo migratório do que das taxas de natalidade e mortalidade da população.

Desse modo, o processo observado no Brasil teve seu período de início mais massivo a partir da década de 1930, quando começou de modo efetivo o processo de industrialização, que funcionou como importante fator de atração para a população que até então vivia no campo e começou a se transferir para as cidades que cresciam, em busca de oportunidades econômicas e facilidades sociais da vida urbana. Dessa forma, a partir da década de 1930 tem início um importante movimento migratório em direção aos centros urbanos, chamado de êxodo rural.

Um segundo fluxo intenso de migração campo-cidade no país se deu a partir das décadas de 1960/70, decorrente da Revolução Verde, que trouxe ao Brasil a modernização da agricultura, através da mecanização do campo, responsável pelo desemprego estrutural (substituição do homem pela máquina) na zona rural, levando grandes contingentes em direção às cidades e às oportunidades de emprego que a indústria em expansão oferecia, principalmente nas grandes capitais da Região Sudeste nesse período.

Porém, o modo como se deu essa urbanização, acelerada e sem planejamento, levou para as cidades enormes contingentes populacionais, maiores do que a capacidade desses espaços urbanos oferecerem as vantagens urbanas que tais pessoas esperavam receber. Daí tem-se a ampliação dos problemas urbanos, principalmente aqueles de ordem estrutural, responsáveis pela ampliação das desigualdades socioeconômicas nesses espaços, motivando as ações cada vez mais crescentes dos movimentos sociais urbanos.

Como as atividades industriais permaneceram por muito tempo concentradas nos grandes centros urbanos (geralmente capitais industriais do Sudeste), para essas áreas foram direcionados durante décadas os maiores fluxos migratórios, oriundo inicialmente do campo e posteriormente das menores cidades. Com isso tem-se em um primeiro estágio o processo de metropolização dessas cidades e posteriormente a macrocefalia urbana, podendo essas populações alcançar valores acima de 10 milhões de habitantes, o que lhes permite a classificação como megacidades. Nesse espaço urbano macrocefálico, muitas vezes conturbado, proliferam-se problemas, tais como a especulação imobiliária, que gera inevitavelmente a favelização nas zonas periféricas desses grandes centros.


Questão 53

Observe o excerto a seguir:

“A Venezuela é um país desgovernado com dois presidentes. Desde 23 de janeiro, a Assembleia Nacional, parlamento eleito em 2015 após a vitória esmagadora da oposição nas últimas eleições legislativas, busca reafirmar o poder alcançado nas urnas em torno da figura de Juan Guaidó. Sobre o líder do partido Vontade Popular, que prestou juramento há duas semanas como presidente interino, gira toda a estratégia dos críticos a Nicolás Maduro. Sua presença atrai a atenção e não são poucos os que querem ver nele uma espécie de Obama caribenho, no físico, nos gestos, no carisma.”

(Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/06/internacional/1549460663_ 954127.html)

Sobre o atual cenário da Venezuela, assinale a alternativa correta:

a) O governo dos EUA reconheceu rapidamente o novo governo venezuelano autoproclamado (Guaidó), seguido pelos governos da Colômbia, Cuba e Brasil, em detrimento do governo eleito Maduro.

b) O governo dos EUA, juntamente com os governos da Colômbia, Argentina, Brasil e parte dos governos da União Europeia, reconheceu o novo governo de Guaidó, diferentemente dos russos e chineses que não aceitam a queda do governo Maduro.

c) O Brasil, com o presidente eleito Jair Bolsonaro, apoia o governo de Nicolás Maduro e não aceita o governo do autointitulado Guaidó, divergindo abertamente do governo dos EUA.

d) Desde o início deste ano, a ONU tem enviado ajuda humanitária para a Venezuela sob a forma de remédios e alimentos, os quais são rapidamente distribuídos para a população que se encontra em estado de miséria.

e) Russos e chineses desejam a queda de Maduro e patrocinam a saída da Venezuela da OPEP, facilitando, assim, a exploração do lítio e do petróleo.

Resposta: B

Comentário:

Atualmente a Venezuela atravessa um intenso quadro de crise política e econômica, que coloca os aspectos sociais do país em estado de calamidade pública, afetando direta e negativamente a qualidade de vida da população, a qual se mostra cada vez mais insatisfeita com o governo chavista do presidente Nicolás Maduro, que por sua vez tem aumentado de maneira sistemática a repressão e a violência contra seus opositores, tanto populares quanto políticos.

Juntamente com a decadência do chavismo bolivariano de Maduro, observa-se na Venezuela o fortalecimento de movimentos opositores internos, sempre apoiados por governos externos, que pedem a saída do presidente e o reestabelecimento das vias democráticas no país. À frente dessa crescente oposição encontra-se atualmente Juan Guaidó, deputado desde 2016 pelo Partido Vontade Popular.

Com apoio de importantes aliados externos, principalmente Estados Unidos, países da União Europeia e Brasil, Guaidó se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro de 2019, tendo sido rapidamente reconhecido pelos seus aliados e por significativa parcela da população nacional, porém a ação foi considerada uma tentativa de golpe de Estado pelo presidente Nicolás Maduro e pelo alto comando das forças armadas venezuelana, que apoia o governo chavista.

As propostas de Juan Guaidó vão de encontro com os interesses neoliberais dos governos de centro-direita que se expandem pela América do Sul após a derrocada do Bolivarianismo em países como Brasil, Argentina e Uruguai, e atendem aos objetivos econômicos das grandes potências econômicas, como Estados Unidos e nações líderes da União Europeia, bem como de seus aliados latinos, como Brasil, Chile e Colômbia. Por outro lado, o governo Maduro recebe apoio externo declarado de importantes nações de orientação política de centro-esquerda, como a Rússia, a China e Cuba, o que torna a situação interna da Venezuela um problema que pode trazer desdobramentos políticos e militares para muito além das fronteiras sul-americanas.


Questão 54

Observe o texto e a imagem a seguir para responder a questão:

“O conceito foi proposto pela primeira vez na obra ‘A Galáxia de Gutenberg’, de 1962 (posteriormente expandido em ‘Os meios de comunicação como extensão do homem’, de 1964). Nesse contexto, McLuhan falava principalmente da televisão. O conceito, entretanto, está voltando à tona com a ampliação do acesso à internet, já que a comunicação é uma via de mão dupla, e agora é possível uma comunicação bidirecional global de fato.
Marhsall McLuhan foi o primeiro a estudar como as novas tecnologias afetam a comunicação humana e ficou conhecido por prever a internet e suas implicações trinta anos antes de sua criação.  Alguns o apontam como ‘guru da comunicação’; é conhecido por ter cunhado a máxima ‘o meio é a mensagem’; é influenciador de inúmeros críticos culturais, pensadores e teóricos da mídia. Faleceu em 1980, mas sua obra é mais atual do que nunca.”

(Disponível em: https://escolaeducacao.com.br/aldeia-global/. Acesso em 17/02/2019.)


(HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1993, p. 220.)


Legenda da imagem:


1500 – 1840 – Velocidade das carruagens e dos barcos a vela: 16 km/h.

1850 – 1930 – Velocidade das locomotivas a vapor: 100 km/h; barcos a vapor: 57 km/h

Anos 1950 – Aviões a propulsão: 480-640 km/h

Anos 1960 – Jatos de passageiros: 800-1100 km/h


Assinale a alternativa correta sobre o mundo globalizado:

a) Permite a liberalização das fronteiras econômicas através dos blocos comerciais pelo sistema mundo e da livre circulação de pessoas, pois a globalização necessita da mão-de-obra barata circulando, principalmente nos países desenvolvidos, para substituir a falta de trabalhadores dos grandes centros tecnológicos.

b) No mundo globalizado, o neoliberalismo e a desburocratização da economia geraram a melhoria da qualidade de vida da maioria da população do globo terrestre, com a redução das diferenças socioeconômicas devido aos princípios da Aldeia Global, como a redução do tempo-espaço.

c) Com a Aldeia Global, ocorre o avanço da cultura dos países mais importantes do ponto de vista econômico, como os países europeus e EUA, para todos os povos, homogeneizando o consumo, hábitos, música, comida, etc. Assim, da mesma forma, os países mais ricos também recebem cultura de países do mundo todo, tornando a globalização um acontecimento democrático e enriquecendo a cultura dos povos.

d) Com a terceira revolução industrial, houve o avanço da revolução dos transportes, das telecomunicações e da informação. As indústrias tornaram-se mais flexíveis, gerando o espaço do criar (países desenvolvidos) e o do fazer (países subdesenvolvidos), buscando mão-de-obra barata pelo mundo, principalmente no sudeste asiático.

e) Os EUA, ao sair do TPP (Parceria Transpacífica), trava uma guerra comercial com os chineses, promete reestruturar o NAFTA e construir um muro na divisa com o México. Com isso, está seguindo os rumos da própria globalização, o isolacionismo econômico.

Resposta: D

Comentário:

No atual estágio do processo de desenvolvimento da economia capitalista, o comércio passa por seu período de maior dinamismo e expansão, alcançando a cada dia mercados anteriormente considerados inacessíveis, tanto por questões físicas (como a distância) como por questões políticas (como ideologias e sistemas econômicos antagônicos).

Nesse contexto o período que se inaugura após a Segunda Guerra Mundial, conhecido como Terceira Revolução Industrial, trouxe consigo a evolução massiva dos meios de transportes e telecomunicações, dando origem ao chamado meio técnico-científico-informacional, em que as ideias de espaço-tempo foram profundamente alteradas, assim como a percepção de distância física entre os lugares passou a ser repensada e revista.

Porém, embora as distâncias tenham sido “encurtadas” e os vários elementos têm circulado com muito mais intensidade e velocidade pelo globo, nem tudo é positivo nesse processo, e nem todos passaram a ter os mesmos benefícios com a expansão da globalização. Muito embora o acesso a bens e mercadorias tenha aumentado de maneira substancial, as desigualdades econômicas entre os países e principalmente entre as pessoas aumentaram de maneira robusta, fazendo com que os impactos e os ganhos do aumento da integração econômica não tenham trazido ganhos sociais equitativos e homogêneos a todos os povos e espaços.

Notadamente as mercadorias têm circulado com mais intensidade, os capitais e as informações tem conseguido romper fronteiras nacionais e os fluxos claramente se tornaram mais preponderantes na economia que os fixos. Mas no que tange aos fluxos populacionais as restrições tem se tornado cada vez mais severas e restritivas. No passado havia importantes fluxos migratórios de trabalhadores de baixa qualificação que partiam das nações menos desenvolvidas em direção às nações mais desenvolvidas, em busca de emprego e renda, porém na atualidade nota-se que há um grande fluxo de indústrias de menor tecnologia, migrando das nações mais desenvolvidas em direção aos países menos desenvolvidos, em busca da mão de obra barata e de baixa qualificação, que ainda existe ali.

Em suma, antes as pessoas partiam em busca dos empregos nas indústrias, mas atualmente é a indústria que parte em busca da mão de obra barata que deseja explorar, fora de seus territórios. Desse modo, nota-se claramente que existe hoje uma separação entre o “saber produtivo” relacionado aos setores de  administração produtiva, assim como de desenvolvimento tecnológico, que permanece nos países mais desenvolvidos, e o “fazer produtivo” relacionado às fábricas em si, onde se dá a produção das mercadorias a serem comercializadas, o qual migra para as nações de baixo desenvolvimento que oferecem custos mais baixos, principalmente relativos a impostos e mão de obra.


Questão 55

Os chamados “Coletes Amarelos” constituem um movimento de protestos e manifestações. 

A respeito desse assunto, assinale a alternativa correta:



(Fonte: https://www.papagoiaba.com/charges/coletes-amarelos.)

a) São franceses, aposentados, desempregados, camareiras, diaristas, artesãos e pequenos empresários, que protestam contra o presidente Emmanuel Macron. O movimento começou pelo aumento do preço dos combustíveis.

b) O grupo dos Coletes Amarelos está na Bélgica, formado por pequenos fazendeiros de leite e pequenos agricultores que protestam contra o presidente Emmanuel Macron pelo aumento do preço dos combustíveis e o desemprego no país.

c) Os Coletes Amarelos, assim denominados na Itália, são formados por pequenos fazendeiros do sul do país que lutam contra a alta dos combustíveis, inflação e a crise política do país entre o Norte e o Sul.

d) São irlandeses que iniciaram protestos contra o governo britânico de Thereza May pelo BREXIT, já que vai abalar a economia na fronteira entre os dois países. Os manifestantes, que usam coletes amarelos para identificação, pedem também a renúncia da primeira ministra britânica.

e) São formados por alemães, vestidos com coletes amarelos por identidade. São formados por jovens desempregados e xenófobos, protestando contra os imigrantes, principalmente os franceses.

Resposta: A

Comentário:

Os protestos que ocorrem na França nos últimos meses mobilizam grandes contingentes de manifestantes no país, pertencentes a vários segmentos sociais, que em comum partilham do descontentamento com as propostas e políticas econômicas do presidente Emmanuel Macron. Inicialmente os protestos se originaram em decorrência da elevação dos preços dos combustíveis no país, considerada abusiva por vários segmentos franceses.

Os protestos vinham desde o início ocorrendo de modo planejado e organizado, criando grandes mobilizações nas áreas centrais da cidade de Paris, sempre aos sábados. Porém nas últimas semanas, a violência passou a fazer parte das manifestações populares, o que trouxe consigo uma repressão por parte das forças militares do país, gerando uma escalada de violência nas manifestações até então pacíficas.

O fato de os manifestantes utilizarem coletes amarelos se deve ao fato de que na França os motoristas precisem por lei manter em seus veículos esses coletes e usá-los em condições de emergências ou problemas mecânicos nas vias, como meio de sinalização e prevenção contra acidentes. Como a motivação inicial dos protestos foi a elevação dos preços dos combustíveis, os que primeiro se manifestaram foram os motoristas, tendo os coletes amarelos sido adotados como símbolo da resistência às ações do governo e do descontentamento contra o presidente Macron.


Questão 56

A seguir, está representado o Brasil e suas bacias hidrográficas. De acordo com a numeração presente na figura, assinale a alternativa que indica as bacias hidrográficas e suas respectivas usinas hidrelétricas:



(Fonte: http://www.pampekids.net - Adaptado)

a) (1) São Francisco (UH de Sobradinho) – (2) Tocantins (UH de Tucuruí) – (3) Amazônica (UH de Jirau).

b) (1) São Francisco (UH de Serra da Mesa) – (2) Tocantins (UH de Três Marias) – (3) Amazônica (UH de Paulo Afonso).

c) (1) Tocantins (UH de Tucuruí) – (2) Amazônica (UH de Santo Antônio) – (3) São Francisco (UH de Xingó).

d) (1) Paraná (UH de Sobradinho) – (2) Tocantins (UH de Tucuruí) – (3) São Francisco (UH d e Três Marias).

e) (1) Paraguai (UH de Serra da Mesa) – (2) Paraná (UH de Primavera) – (3) São Francisco (UH de Serra da Mesa).

Resposta: A

Comentário:

O mapa apresentado na questão mostra o território brasileiro subdividido nas chamadas regiões hidrográficas ou simplesmente Bacias Hidrográficas, das quais destacam-se como mais importantes as bacias do Amazonas, Araguaia-Tocantins, do Paraná, do São Francisco e do Paraguai. Os aproveitamentos econômicos dessas bacias estão relacionados à produção de hidroeletricidade naquelas de relevo predominantemente de planaltos, ou ao transporte hidroviário, naquelas de relevo predominantemente de planície.

No mapa trazido pela questão, a bacia demarcada com “1” trata-se da Bacia do São Francisco, cujo rio principal nasce no interior do estado de Minas Gerais e corre em direção ao nordeste, atravessando grandes áreas de clima semiárido, tanto no estados de Minas Gerais quanto em estados nordestinos. Seu aproveitamento hidrelétrico é realizado nas porções de médio e baixo cursos, com destaques para as usinas de Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó, Moxotó, Três Marias e Itaparica.

A bacia demarcada com o número “2” trata-se da bacia Araguaia-Tocantins, a maior bacia hidrográfica totalmente brasileira, que localiza-se na faixa limítrofe entre as regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país. Embora apresente grandes potenciais hidrelétricos e hidroviários, a grande distância em relação aos grandes centros econômicos do Centro-Sul limita seu aproveitamento econômico no presente. Seu potencial hidrelétrico é aproveitado principalmente nas usinas de Luiz Eduardo Magalhães e de Tucuruí, sendo essa última a maior usina totalmente nacional em quantidade de energia produzida, até o pleno funcionamento da recém-construída Usina de Belo Monte. A Usina de Tucuruí faz parte do Projeto Grande Carajás, associado à exploração das jazidas mineralógicas na região homônima, no estado do Pará.

A bacia demarcada com o número “3” trata-se da Bacia do Amazonas, a maior bacia do mundo, porém abrange terras em outros países sul-americanos, além das fronteiras brasileiras. Apresenta o maior potencial hidrelétrico inventariado (não utilizado) do Brasil, localizado nos rios afluentes do rio Amazonas, assim como o maior potencial hidroviário inventariado, localizado principalmente no rio principal da bacia. A distância em relação aos importantes centros econômicos do país faz com que o aproveitamento de ambos os potenciais aconteça apenas de maneira pontual em algumas localidades específicas da região norte. Porém, nos últimos anos, a desconcentração econômica do Centro-Sul e a expansão da fronteira agrícola em direção à Floresta Amazônica tem aumentado a demanda energética e logística da região, fazendo com que os potenciais inventariados se tornem gradativamente potenciais instalados. No que tange à geração de eletricidade, se destacam as usinas de Balbina, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio.