Como as políticas externas de Donald Trump se inserem na geopolítica mundial
- Por Éder
Israel
Disponível
em: <http://static.politifact.com.s3.amazonaws.com/politifact/photos/AP_AZAB126_TRUMP.JPG>
Acesso em 06 dez. 2017
Desde
a eleição do 45ºpresidente dos Estados Unidos, o noticiário internacional
informa ao mundo diariamente sobre a mais nova polêmica envolvendo o governante
máximo da maior potência do mundo.
Ainda
durante o pleito eleitoral, a caminhada de Donald Trump rumo à Casa Branca foi
repleta de discursos, promessas, ações e falas que ainda hoje pontuam seu
mandato, e colocam os Estados Unidos na situação de país que se afasta de
acordos anteriormente firmados, ou ainda evite firmar novos compromissos
multilaterais.
A
promessa de campanha, de construir um muro na fronteira com o México e impedir
o acesso dos latinos ao seu país foi recebida com temor pela mídia e pela
maioria dos governos internacionais, porém encontrou ressonância no país e se
converteu em votos de uma camada significativa da população estadunidense, que
coloca sob os ombros dos imigrantes e peso do desemprego e de uma recessão
econômica, que nasceu na verdade nos Estados Unidos (!) em 2008, quando “explodiu
a bolha imobiliária”.
Soma-se
a esta responsabilização indevida dos imigrantes latinos, o medo permanente que
é cultivado na/pela população do país desde os atentados terroristas de 11 de
setembro de 2001. O pavor da repetição de ações como aquela realizada pela Al Qaeda,
assim como o senso comum de que o Islamismo é responsável pelos atos
terroristas, levou os cidadãos estadunidenses a verem com “bons olhos” a restrição
da entrada de “potenciais terroristas” no país, como insiste sempre em repetir,
o presidente Trump ao se referir aos povos árabes.
Disponível
em: <https://www.dinheirovivo.pt/(...)3_USA_TRUMP_IMMIGRATION-1060x594.jpg>
Acesso em 06 dez. 2017
Vivemos
hoje um momento da geopolítica mundial em que as relações entre diferentes
povos e lugares têm sido cada vez mais intensas, e os intercâmbios comerciais
ou culturais se tornam peças vitais para que a economia/sociedade-mundo se estabeleça
e consequentemente se expanda. Portanto, os fluxos (de qualquer espécie) regem
atualmente o processo de globalização e consequentemente determinam o sucesso
ou o fracasso de uma nação em seu processo de integração global.
Ora!
Portanto, o fluxo crescente de pessoas, sejam latinos ou árabes para os Estados
Unidos nas últimas décadas, atestam a efetivação da inserção do país americano
no contexto da globalização, e qualquer ação que venha a proibir/barrar tal
movimento migratório atua em um caminho contrário. Esta contramão é hoje
academicamente chamada de “desglobalização”. Assim sendo, Donald Trump tem se
destacado por uma política que pode levar a maior potência econômica do mundo a
um relativo isolamento geopolítico, podendo impactar direta e negativamente na
busca “americana” da superação da crise de 2008.
Ainda
nos trilhos do estabelecimento de uma globalização ampla e que seja capaz de
integrar todas as nações do globo, embora saibamos que apesar de integrados, os
benefícios não serão oferecidos na mesma escala para as nações ricas e pobres (...),
há a partir da década de 1990 (período pós Guerra Fria) a ampliação do processo
de criação dos mercados regionais, também conhecidos como blocos econômicos.
Notou-se isso com clareza na formação do North American Free Trade Agreement –
NAFTA, composto por Estados Unidos, Canadá e México, que estabeleceu uma zona
de livre comércio entre estas nações, visando uma colaboração maior entre estas
economias e o desenvolvimento regional colaborativo.
Em
relação ao NAFTA, Donald Trump é taxativo a respeito do que julga ser inviável
aos Estados Unidos, que seria a permanência d do país nesse agrupamento
regional, tendo manifestado abertamente a intenção de deixar o bloco
futuramente. Seria outro passo na direção do isolamento geopolítico da nação
americana. Seria outro passo no caminho da “desglobalização”.
Além
de defender a retirada de um bloco econômico existente há mais de duas décadas,
Trump ainda retirou os Estados Unidos de um grande projeto de integração, que
seria a criação de uma zona de livre comércio transcontinental, chamada de Trans-Pacific
Partnership – TPP, que contaria com a participação de nações da América, da
Ásia e da Oceania. Em janeiro de 2017, o presidente dos Estados Unidos se
retirou dessa proposta de criação de um “superbloco” com o risco colateral de
ter rompido relações comerciais com antigos e importantes parceiros, e perdendo
talvez a chance de realizar novas e vantajosas parcerias com outras nações.
A
desistência do TPP e a política de defesa do fim do NAFTA tem levado o mundo a
questionar o quão integrados e globalizados os Estados Unidos pretendem estar no
século XXI. Isso acaba também por abalar a confiança de nações que têm alianças
(de qualquer natureza) com o governo estadunidense, uma vez que há uma
crescente incerteza de qual será a próxima associação política/econômica que
Donald Trump abandonará.
Disponível
em: <http://cdn.cnn.com/cnnnext/dam/assets/161118053613-cnnmoney-trump-trade-tpp-super-tease.jpg>
Acesso em 06 dez. 2017
Nem
mesmo a questão ambiental escapou deste rompante isolacionista do atual governo
da Casa Branca, uma vez que Trump abandonou ainda o Acordo Climático de Paris,
o qual foi negociado durante a COP-21, realizada na França em 2015. Este acordo
previa a redução das emissões de CO2 para a atmosfera, ampliando as metas
propostas na década de 1990 pelo Protocolo de Kyoto. Porém, para os Estados
Unidos a redução do consumo de combustíveis fósseis poderia afetar
negativamente o crescimento da economia nacional, amplamente dependente de
petróleo. Esse pensamento motivou a saída da nação deste acordo climático
global.
Na
condição de uma das nações mais poluidoras da atmosfera na atualidade, os
Estados Unidos com sua saída deste acordo do clima abra um precedente perigoso
para a busca da sustentabilidade ambiental e por um maior equilíbrio entre as
ações antrópicas e a natureza, uma vez que outras nações, menos poluidoras,
podem se sentir desobrigadas/desresponsabilizadas a reduzir seu consumo de
combustíveis fósseis e a liberação de gases poluente da atmosfera, tornando
assim esse acordo global inviável ou mesmo insignificante.
Disponível
em: <https://patricecarvalho.files.wordpress.com/2017/06/trump_climatosceptique.jpg?w=624>
Acesso em 06 dez. 2017
Portanto,
seja pela proposta de construção de um muro na fronteira com o México, ou ainda
pelas restrições à entrada de imigrantes latinos ou árabes, ou mesmo pela
ameaça de encerramento do NAFTA, ou também pelo abandono precoce do TPP, ou quem
sabe pela não-aceitação dos termos do Acordo de Paris, os Estados Unidos têm se
afastado cada vez mais de outras nações e tomando decisões cada vez mais
unilaterais, na intensão de quem sabe um dia alcançar a tão sonhada (desde a
Guerra Fria) unipolaridade mundial.
E
olha que nem falamos, ainda, sobre a Coreia do Norte...
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