sábado, 10 de outubro de 2015

O QUE HÁ DE NOVO NA PARCERIA TRANSPACÍFICO? Parte 1

Enquanto você dorme (ou nem tanto...) a geopolítica do século XXI se desenha.




Disponível em: <http://innerself.com/content/images/2015/540/tpp-1-5.jpg>


Por Éder Israel

Nessa semana foi anunciada a assinatura de um acordo multilateral entre Estados Unidos, Japão e um monte de países muito animados, pensando que vão se dar bem, seja no âmbito comercial ou econômico. Pobres países, tão jovens e já tão iludidos...

O tratado comercial assinado nesse início de outubro entre algumas das nações da bacia do Oceano Pacífico simbolizou na verdade um primeiro passo efetivo em uma ideia que era proposta ainda desde a Conferência de Seattle em 1993, quando foi batizado, antes mesmo de surgir, de Asia-Pacific Economic Cooperation - APEC. Porém uma das maiores novidades que se observa hoje no "novo" bloco de Estados Unidos e Japão é a ausência da China, simplesmente o maior mercado consumidor (ainda potencial) e o maior exército de reserva de mão de obra do mundo, além da Rússia, que é o maior país russo do mundo... Outros membros a APEC foram também dispensados deste novo tratado.

Este novo bloco, chamado agora de Parceria Transpacífico congrega um número menor de países, sendo 12 contra os 21 membros da APEC, mas as intenções são por demais ambiciosas. aspiram mais do que criar uma zona de livre comércio, onde as mercadorias circulam sem o pagamento de impostos, ou pagando valores mínimos de tarifas alfandegárias, querem frear a China...

Membros da APEC

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Membros da Parceria Transpacífico


Disponível em: <http://static01.nyt.com/images/2014/02/05/opinion/05edsall-map/05edsall-map-articleLarge.png>


O acordo capitaneado pelos Estados Unidos é realizado em um momento tenso, em que a China tem tentado demonstrar seu poder e sua capacidade de assumir a posição de maior potência mundial no século XXI, tal qual os estadunidenses fizeram no século passado. Porém, os estadunidenses sabem muito bem o que pode acontecer caso os chineses logrem êxito nessa empreitada, pois fizeram a mesma coisas no final da Segunda Guerra Mundial, embora por meios diferentes...

Meus alunos me perguntaram insistentemente essa semana que estamos vivendo uma nova Guerra Fria, e eu torci o nariz em todas as vezes, mas agora já começo a rever meus conceitos, embora o termo Guerra Fria não se enquadre no tipo de conflito que se desenha atualmente,porém o 'modus operandi' da disputa geopolítica que se configura entre Estados Unidos e China nesse início de século XXI conduz cada vez mais para uma bipolaridade econômica, diferente, em termos, daquela bipolaridade político-ideológica vista no pós Segunda Guerra Mundial.


Esta nova disputa que se trava atualmente tende a tomar contornos cada vez mais tensos nos próximos anos, principalmente pelas alianças que vêm sendo realizadas, pois por um lado tem-se a manutenção da proximidade entre Estados Unidos e Japão, estabelecida logo após a derrota do país asiático frente à potência americana na Segunda Guerra Mundial. Por outro lado a China volta a se aproximar política e economicamente da Rússia, tal qual viu-se na Guerra Fria, porém agora com contornos antagônicos, pois no período de bipolaridade mundial o lado mais forte da relação era o russo, mas dessa vez é a candidata a potência asiática.

E nessa semana houveram eventos importantes relacionados a essa "Guerra Fria", e todos por coincidência ou não, localizados no Oriente Médio. Teria a corrida espacial dado lugar a uma corrida petrolífera?

Vai saber...


Continua...