quinta-feira, 27 de novembro de 2025

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - UEG 2026

 

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O mapa ilustra a hierarquia urbana do Brasil. As cidades brasileiras são classificadas em cinco categorias segundo: “Nível de articulação que a cidade tem com outros centros urbanos, realizado por meio de atividades de gestão pública e empresarial, e ainda o nível de atração que a cidade possui para suprir bens e serviços para populações de outros centros urbanos”.

A partir da análise do mapa e da definição apresentada, nota-se que:

a) capital regional: é uma cidade com alta concentração de atividades de gestão do território, com presença de instituições públicas e empresas que atuam em várias cidades de uma determinada região. Normalmente, são cidades muito populosas e relativamente conhecidas nos estados em que se situam. No mapa, podemos identificar a cidade de Goiânia como exemplo

â.CORRETO-    As capitais regionais o metrópoles regionais correspondem às cidades mais desenvolvidas economicamente e com maior poder de influência política dentro de uma unidade da federação. Geralmente representam a capital do estado, ou alguma cidade média do interior, que polariza em si a influência na dinâmica urbana. A cidade de Goiânia corresponde a um desses exemplos, uma vez que exerce influência para além do estado de Goiás, abrangendo áreas nos estados circunvizinhos.

b) metrópole: é a cidade que constitui o nível mais elevado da hierarquia urbana. Subdividem-se em três níveis: grande metrópole nacional, metrópole nacional e metrópole. Todas as cidades distantes até mil quilômetros recebem influência direta das metrópoles, independentemente de seu nível. No mapa, é possível identificar apenas as metrópoles nacionais.

â.INCORRETO-   Entende-se por metrópole a cidade de maior desenvolvimento e com maior poder de influência na dinâmica urbana de uma determinada localidade; porém, o tipo de metrópole que representa o topo da hierarquia urbana de um país ou região vai depender do grau de desenvolvimento dessa localidade, como por exemplo no caso do Brasil, onde o topo da hierarquia é a cidade de São Paulo, considerada uma metrópole nacional, ao passo que nos Estados Unidos, o topo é representado por Nova Iorque, uma metrópole global. Cabe ainda mencionar que não necessariamente todas as cidades num raio de mil quilômetros sofrerão influência direta das metrópoles.

c) centro sub-regional: é uma cidade com pouca ou nenhuma atividade voltada para a gestão do território, não se observa a presença de empresas que atuam nos municípios próximos. Tais cidades realizam articulações externas e exercem ampla influência regional comparadas com as capitais regionais e até mesmo as metrópoles. No mapa, pode-se identificar as capitais dos estados como exemplo.

â.INCORRETO-   Um centro sub-regional atua numa condição abaixo das grandes metrópoles regionais na hierarquia urbana de uma localidade; porém, para exercer esse papel dentro de uma parte da região esse tipo de cidade carece de um certo nível de desenvolvimento econômico e da presença marcante de atividades produtivas e geradoras de riquezas. Cabe mencionar ainda que o centro sub-regional realiza articulações principalmente internas, com os espaços urbanos imediatamente próximos.

d) centro local: é uma categoria de cidade que não exerce nenhum tipo de influência nem mesmo nos próprios limites territoriais. Apresenta forte articulação com outras cidades para atividades de gestão do território, empresariais e de gestão pública. Os centros locais são a minoria das cidades do país em função do processo de metropolização. No mapa, não é possível identificar essa categoria de cidade.

â.INCORRETO-   Os centros locais são cidades de relativamente baixo desenvolvimento, capazes de exercer influência apenas no seu entorno imediatamente próximo. Essas cidades não dispõe de muita articulação com os grandes centros empresariais, e também não são a minoria das cidades do país, uma vez que apenas um pequeno número das cidades do Brasil já tenha passado de fato pelo processo de metropolização.

e) centro de zona: são cidades que não exercem polaridade às cidades vizinhas. Por não oferecerem atividades comerciais e serviços básicos, não promovem a atração de pessoas dos centros urbanos do entorno. Pode-se dizer que nas cidades classificadas como centros de zona predominam as relações de proximidade diretas com as metrópoles. No mapa não é possível identificar essa categoria de cidade.

â.INCORRETO-   Os centros de zona correspondem às cidades que polarizam em si grande parte da influência exercida na dinâmica urbana de uma localidade, alcançando essa função em detrimento da concentração relativa de atividades comerciais e prestação de serviços, que as torna capazes de exercer um certo grau de comando em seu entorno.

 RESPOSTA - A                                                                    

 COMENTÁRIO  No processo de urbanização das nações as cidades se desenvolvem política e economicamente com o tempo, assumindo papéis de maior ou menor destaque na interação no espaço nacional. Desse modo, algumas áreas urbanas passam a exercer grande influência sobre a dinâmica das demais áreas urbanas do seu entorno, passando essas a ser conhecidas como metrópoles. O grau de influência dessas áreas metropolitanas pode se inserir no contexto estadual, regional, nacional ou até mesmo global, a depender do grau de desenvolvimento e geração de riqueza alcançado por elas.

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No livro As veias abertas da América Latina, Eduardo Galeano afirma:

A divisão internacional do trabalho significa que alguns países se especializam em ganhar e outros em perder. Nossa comarca no mundo, que hoje chamamos América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se aventuraram pelos mares e lhe cravaram os dentes na garganta. Passaram-se os séculos e a América Latina aprimorou suas funções [...]. Mas a região continua trabalhando como serviçal, continua existindo para satisfazer as necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo e ferro, de cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que, consumindo-os, ganham muito mais do que ganha a América Latina ao produzi-los. [...] É a América Latina, a região das veias abertas. Do descobrimento aos nossos dias, tudo sempre se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula nos distantes centros do poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de produção e a estrutura de classes de cada lugar foram sucessivamente determinados, do exterior, por sua incorporação à engrenagem universal do capitalismo.

A análise de Eduardo Galeano indica que a formação socioespacial da América Latina foi marcada por

a) inserção no sistema mundo de forma periférica, voltada para a exportação de matéria prima, mas acompanhada de processos internos de redistribuição de riquezas que reduziram as desigualdades dos países.

â.INCORRETO-   Apesar de ter passado verdadeiramente por uma inserção periférica na economia mundial, pautada na exportação de produtos de baixo valor agregado, ainda não houve a mencionada distribuição de riquezas e nem a redução das desigualdades nos países latino-americanos até o presente.

b) desenvolvimento, desde o período colonial, de uma economia autônoma, cujos excedentes produtivos foram investidos majoritariamente na criação de infraestrutura e diversificação produtiva regional.

â.INCORRETO-   Desde o período colonial a economia das nações da América Latina se mostra dependente das grandes potências, e não autônoma; cabe mencionar ainda que os investimentos na diversificação produtiva regional foram incipientes, condicionando um quadro de grandes disparidades entre suas regiões geográficas.

c) dependência estrutural de centros externos para os quais a acumulação de riquezas foi direcionada, reforçando elites locais associadas ao capital estrangeiro e perpetuando desigualdades internas na região.

â.CORRETO-   Apesar da Independência colonial ainda é latente hoje a dependência estrutural dos países latino-americanos em relação às grandes potências mundiais, seja para exportação de suas commodities de baixo valor agregado ou a importação de tecnologias avançadas, assim como o acesso a empréstimos, financiamentos e investimentos produtivos, ampliando ainda mais as históricas desigualdades internas observadas nessa região.

d) fortalecimento de estados nacionais independentes, que historicamente priorizaram a superação das desigualdades por meio de reformas estruturantes que neutralizaram a dependência externa da região.

â.INCORRETO-   Não houve verdadeiramente um fortalecimento dos Estados Nacionais, uma vez que estes se mostram historicamente dependentes das grandes potências mundiais, apesar da Independência colonial alcançada. As reformas estruturantes observadas foram incipientes e incapazes de superar as desigualdades ou mesmo suprimir a dependência externa dessa região.

e) predomínio de um modelo de desenvolvimento endógeno que permitiu a construção de uma economia regional autônoma e capaz de integrar periferias e centros regionais de forma equilibrada.

â.INCORRETO-   O modelo de desenvolvimento observado nos países da América Latina é um modelo exógeno e amplamente dependente dos aportes de capital estrangeiro ao longo da história. Esse processo de dependência impediu a verdadeira autonomia dessas nações e impossibilitou uma real integração proveitosa com as grandes potências que lhes permitissem relações verdadeiramente equilibradas economicamente.

 RESPOSTA - C                                                                    

 COMENTÁRIO  Os aspectos econômicos ligados ao desenvolvimento dos países da América Latina no presente em grande parte encontram-se relacionado ao contexto histórico de colonização e posterior desenvolvimento dessas nações, uma vez que a histórica exploração de seus recursos pelas potências europeias, combinada à dependência econômica e tecnológica até os dias presentes, impõe a essa parte do mundo pouca autonomia e liberdade para traçar seus próprios caminhos na promoção do real crescimento econômico e social, bem como no combate às desigualdades latentes em seus territórios.

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A fragmentação de habitat é um processo que promove a divisão de uma área contínua em partes menores, eliminando ou reduzindo a quantidade de um tipo de habitat e isolando os fragmentos remanescentes (Wilcove et al., 1986). Um fragmento, por sua vez, é uma mancha remanescente de uma paisagem que sofreu fragmentação. A fragmentação pode ter causas naturais ou antrópicas. [...] Em virtude da grande expansão da população humana, o tipo mais frequente e relevante de fragmentação é o de origem antrópica [...] Os avanços tecnológicos e o grande crescimento da população humana aumentaram, generalizaram e aceleraram esse tipo de fragmentação, o que tem gerado inúmeros problemas ambientais.

Sobre as consequências da fragmentação de habitat no domínio de natureza do Cerrado, verifica-se que

a) no Cerrado, a fragmentação de habitat contribui para a estabilidade das populações remanescentes, diminuindo os riscos de extinção de espécies raras ou de baixa fecundidade, pois diminui a competição entre espécies.

â.INCORRETO-   A fragmentação que promove o isolamento gera forte instabilidade das populações remanescentes e amplia o risco de extinção, em decorrência dos cruzamentos consanguíneos entre parentes próximos, o que se associa à intensa disputa e competição pelos recursos necessários à vida.

b) a matriz agropecuária circundante a um fragmento de habitat do Cerrado não atua como barreira para a dispersão e a colonização de espécies entre os fragmentos, não tendo, portanto, impactos na perda de biodiversidade.

â.INCORRETO-   As atividades estabelecidas no entorno de um fragmento remanescente de vegetação nativa atuam como uma barreira física capaz de limitar a livre circulação de animais e a dispersão de sementes, atuando decisivamente para restringir ainda mais as possibilidades de perpetuação das espécies nessas regiões.

c) a perda de conectividade dos habitats, provocada pela fragmentação, diminui a incidência de queimadas e dificulta a invasão de gramíneas exóticas, não comprometendo a regeneração natural das espécies nativas.

â.INCORRETO-   Não é possível traçar uma relação direta, seja ela positiva ou negativa, entre a ocorrência de queimadas e incêndios e a perda de conectividade entre enclaves isolados de vegetação nativa, uma vez que os impactos e consequências mais observáveis neste tipo de ambiente são aqueles relacionados diretamente a fauna e a flora endêmicas do local.

d) a matriz agropecuária circundante a um fragmento de habitat de Cerrado funciona como barreira natural contra zoonoses, pois diminui o contato entre espécies naturais remanescentes e espécies exóticas.

â.INCORRETO-   A matriz agropecuária no entorno dos enclaves de isolamento geográfico atua na verdade como uma barreira contra a livre circulação de animais e dispersão de sementes, diminuindo com isso o contato entre as espécies remanescentes endêmicas destes ambientes degradados. Não há como se traçar uma relação direta entre a proliferação da zoonoses e a existência desse isolamento geográfico, bem como essas patologias não podem ser associadas apenas às espécies exóticas de um ambiente.

e) a maior ameaça à biodiversidade é a diminuição e a alteração das áreas onde os organismos estão adaptados a viver, pois diversas espécies são sensíveis à redução da área de seus habitats.

â.CORRETO-   A diminuição das áreas de biodiversidade nativa, combinada às mudanças impactos gerados pela ação antrópica no ambiente natural atuam como importantes fatores de degradação das espécies animais e vegetais, uma vez que além do isolamento geográfico, que conduz aos cruzamentos consanguíneos e à baixa variabilidade das espécies, ocorre também o aumento na disputa por alimentos e outros recursos, bem como desequilíbrios nas cadeias alimentares.

 RESPOSTA - E                                                                    

 COMENTÁRIO  Uma das grandes consequências dos processos de desmatamento e devastação dos biomas nativos é a promoção de processos de isolamento geográfico de espécies animais e vegetais, que permanecem restritas a pequenos enclaves residuais das vegetações originárias, minimizando sobremaneira o intercâmbio de material genético e a consequente perpetuação das espécies. Esse isolamento geográfico é um dos grandes responsáveis pela extinção plena de várias espécies endémicas ao redor do mundo, e poderia ser minimizado através de práticas ambientalmente corretas, como a construção dos chamados corredores ecológicos.

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Protesto contra bloqueio de redes sociais deixa 19 mortos no Nepal

Governo nepalês bloqueou Facebook e Instagram no país na semana passada. Manifestantes protestaram contra o governo em frente ao Parlamento nessa segunda (8/9/2025) e entraram em confronto com a polícia. Os manifestantes protestavam em frente ao parlamento e tentaram invadir a casa legislativa, quando a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, composta em sua maioria de jovens. Mais de 100 pessoas, incluindo 28 policiais, ficaram feridas, afirmou um oficial da polícia à agência de notícias Reuters.

Sobre as manifestações ocorridas no Nepal, afirma-se:

a) O Nepal é um país que, apesar de ter enfrentado instabilidade política e econômica na década de 1990, superou a condição de país pobre e permitiu aos jovens de todas as classes sociais engajamento para lutar por igualdade social.

â.INCORRETO-   Ainda hoje no Nepal são latentes os problemas sociais e a pobreza econômica de grande parte das populações nacionais, o que desencadeia um quadro grave de desigualdades principalmente para os setores mais excluídos e marginalizados de seus habitantes. Essa desigualdade interna, combinada à vida luxuosa de filhos de políticos no exterior, motivou uma série de protestos internos de jovens, reivindicando melhorias nas condições de vida do país.

b) O bloqueio das redes sociais foi apenas o estopim para deflagrar o conflito no Nepal. A desigualdade social, corrupção, e o contraste entre a vida dos políticos e das pessoas comuns foram os principais pontos de descontentamento que levaram ao conflito.

â.CORRETO-   Ao adotar uma política de bloqueio das redes sociais, na tentativa de conter os protestos populares, o governo nepalês expôs ainda mais sua incapacidade de lidar com as questões sociais e políticas do país, principalmente aquelas ligadas às reivindicações da população mais jovem. Problemas históricos como a corrupção, a pobreza e os baixos investimentos sociais se tornaram alvo direto das manifestações recentes, que culminaram na derrubada de grande parte da elite política do país, abrindo caminho para a busca de um novo período de maior estabilidade equidade sociais.

c) A democracia no Nepal, mesmo sendo recente, está consolidada. O conflito deflagrado no país em setembro de 2025 pode ser considerado um caso isolado sem relação direta com questões de ordem política, econômicas e sociais do país.

â.INCORRETO-   Em grande parte a política atual do Nepal ainda demonstra traços de regimes autoritários que se perpetuaram por décadas no país ao longo do século XX, enfraquecendo a jovem democracia nacional, suscitando constantes movimentos sociais e protestos no país em busca do combate às mazelas socioeconômicas, ampliando ainda mais o autoritarismo do governo contra parcelas da população. Cabe mencionar que a mobilização de populações mais jovens e a conexão, possibilitada pelas redes sociais, ampliaram o potencial transformador dos protestos nesse e em vários outros países do mundo.

d) As manifestações desencadeadas no Nepal foram organizadas por jovens da "Geração Z". Esse grupo, mesmo não sendo o mais conectado e tendo limitações no acesso à rede de internet e a smartphones, se revoltou contra o bloqueio das redes sociais.

â.INCORRETO-   De fato grande parte das manifestações observadas em 2025 no Nepal foram organizadas e contaram com a participação de jovens da chamada “Geração Z”, que se valeu de sua intensa ligação com as tecnologias digitais, principalmente a internet, para se conectar e concretizar protestos por todo o país, que inicialmente levou o governo a bloquear as redes sociais, mas posteriormente culminou com a queda do próprio governo.

e) O bloqueio das redes sociais imposto pelo governo nepalense foi motivado pela tentativa de proteger a população local da disseminação de golpes financeiros, roubo de dados e da influência cultural de outros países.

â.INCORRETO-   Na realidade o bloqueio das redes sociais foi uma estratégia do governo para promover uma censura política no país, impedindo a conexão entre os manifestantes e principalmente a divulgação de fatos que afetavam a imagem do Estado, e ampliavam as expressões populares. Cabe mencionar que o objetivo desse bloqueio foi defender o governo e não a própria população de qualquer ameaça.

 RESPOSTA - B                                                                    

 COMENTÁRIO  Uma onda de violentos protestos populares foi observada nos últimos meses no território do Nepal, no continente asiático, associados há uma grande mobilização de jovens em torno de reivindicações ligadas à liberdade e políticas de desenvolvimento social. Um dos principais estopins para essas revoltas foi a constante divulgação em redes sociais de um padrão de vida muito acima da média nacional por filhos e parentes de membros do governo do país que vivem no exterior, apelidados de Nepokids. Após os protestos iniciais a tentativa de contenção do movimento foi feita através do bloqueio das redes sociais por parte do governo, o que ampliou ainda mais as tensões entre a população e as lideranças estatais.

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A luta pela terra e pela reforma agrária, responsável por regularizações fundiárias e desapropriações em Goiás, culminou na criação de 426 assentamentos, com 23.670 famílias assentadas. O latifúndio detém 62% da área e 6,10% dos imóveis rurais em Goiás. Já os minifúndios e as pequenas propriedades controlam 76,23% das propriedades e 17,93% da área dos imóveis.

Com base no trecho e na análise da estrutura fundiária do estado de Goiás, verifica-se que os assentamentos rurais

a) resultaram exclusivamente de políticas estatais centralizadas, sem participação de movimentos sociais, sendo implantados em função da vocação agrícola natural de cada região.

â.INCORRETO-   A criação de assentamentos, voltados para a democratização do acesso à terra, deve ser vista como uma combinação entre a pressão política exercida pelos movimentos camponeses e ações incipientes de um Estado pressionado em prol da manutenção da estabilidade interna do campo, promovendo uma reforma agrária que pode ser até mesmo considerada forçada.

b) foram implantados prioritariamente nas áreas de maior renda fundiária do estado de Goiás, rompendo a lógica histórica de concentração da terra e promovendo a redistribuição equitativa.

â.INCORRETO-   Por haver uma dependência ainda latente da economia brasileira em relação à agroexportação as terras localizadas em regiões de maior produtividade e de interesses econômicos são em sua maioria produtivas, não podendo por lei serem utilizadas para processos de reforma agrária. Assim sendo, os assentamentos são criados principalmente em regiões periféricas, onde as terras sejam menos valorizadas.

c) extinguiram os conflitos no campo, consolidando uma relação de cooperação entre latifundiários, camponeses e Estado, caracterizando o território goiano como exemplo de equidade fundiária.

â.INCORRETO-   Apesar dessa incipiente distribuição de terras com a criação de assentamentos ainda está longe a solução ou a extinção dos conflitos no campo, uma vez que a massa de camponeses em busca de terras ainda é amplamente maior que o pequeno número de pessoas que já foram contemplados pela reforma agrária. Cabe mencionar que não há no Brasil um quadro de cooperação entre os grandes latifundiários e os camponeses, mas sim uma disputa constante, que o Estado tenta mediar.

d) representam conquistas dos movimentos sociais camponeses, mas sua localização em áreas periféricas e de menor valor fundiário limita sua capacidade de alterar a estrutura agrária concentrada.

â.CORRETO-   Verdadeiramente a criação destes assentamentos representa uma vitória para os movimentos sociais do campo em prol da reforma agrária, muito embora as terras utilizadas para esse fim sejam aquelas menos interessantes para as atividades agroexportadoras do país, geralmente localizadas em áreas periféricas e muitas vezes com limitações ambientais para o cultivo e a geração de riquezas.

e) demonstram que a modernização agrícola em Goiás eliminou a necessidade de luta pela terra, visto que os camponeses foram incorporados plenamente como pequenos empresários agrícolas.

â.INCORRETO-   A modernização agrícola do estado de Goiás foi iniciada a partir da Revolução Verde nas décadas de 1960 e 1970, quando tecnologias produtivas desembarcaram no país, permitindo o aumento da produtividade e da lucratividade desta atividade. Porém essa modernização trouxe consigo a elevação dos custos produtivos no campo, ampliando consequentemente a valorização da terra e excluindo ainda mais uma fatia marginalizada da população de seu acesso, o que trouxe à tona uma necessidade latente de atuação dos movimentos sociais em prol de uma distribuição mais equitativa desse recurso.

 RESPOSTA - D                                                                    

 COMENTÁRIO  No Brasil desde o período da colonização a propriedade da terra sempre foi vista como um símbolo responsável pela garantia do poder político e econômico no país, e mesmo hoje, urbano e  industrializado, esse recurso continua concentrado nas mãos de uma elite histórica, e sendo objeto de desejo de grandes grupos excluídos e marginalizados ao longo do desenvolvimento da nação. A violência no campo é um dos aspectos marcantes na dinâmica interna nacional, onde a combinação entre uma histórica elite agrária, que não renuncia às terras, uma massa de camponeses excluídos, que não desiste de ter a sua posse, e um Estado, inoperante na realização de uma reforma agrária, perpetua um quadro histórico que se reproduz desde a criação das Capitanias Hereditárias.

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