quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

O PROCESSO MUNDIAL DE (DES)GLOBALIZAÇÃO (PARTE I)

Como as políticas externas de Donald Trump se inserem na geopolítica mundial


- Por Éder Israel


Disponível em: <http://static.politifact.com.s3.amazonaws.com/politifact/photos/AP_AZAB126_TRUMP.JPG> Acesso em 06 dez. 2017

Desde a eleição do 45ºpresidente dos Estados Unidos, o noticiário internacional informa ao mundo diariamente sobre a mais nova polêmica envolvendo o governante máximo da maior potência do mundo.

Ainda durante o pleito eleitoral, a caminhada de Donald Trump rumo à Casa Branca foi repleta de discursos, promessas, ações e falas que ainda hoje pontuam seu mandato, e colocam os Estados Unidos na situação de país que se afasta de acordos anteriormente firmados, ou ainda evite firmar novos compromissos multilaterais.

A promessa de campanha, de construir um muro na fronteira com o México e impedir o acesso dos latinos ao seu país foi recebida com temor pela mídia e pela maioria dos governos internacionais, porém encontrou ressonância no país e se converteu em votos de uma camada significativa da população estadunidense, que coloca sob os ombros dos imigrantes e peso do desemprego e de uma recessão econômica, que nasceu na verdade nos Estados Unidos (!) em 2008, quando “explodiu a bolha imobiliária”.

Soma-se a esta responsabilização indevida dos imigrantes latinos, o medo permanente que é cultivado na/pela população do país desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. O pavor da repetição de ações como aquela realizada pela Al Qaeda, assim como o senso comum de que o Islamismo é responsável pelos atos terroristas, levou os cidadãos estadunidenses a verem com “bons olhos” a restrição da entrada de “potenciais terroristas” no país, como insiste sempre em repetir, o presidente Trump ao se referir aos povos árabes.


 Disponível em: <https://www.dinheirovivo.pt/(...)3_USA_TRUMP_IMMIGRATION-1060x594.jpg> Acesso em 06 dez. 2017

Vivemos hoje um momento da geopolítica mundial em que as relações entre diferentes povos e lugares têm sido cada vez mais intensas, e os intercâmbios comerciais ou culturais se tornam peças vitais para que a economia/sociedade-mundo se estabeleça e consequentemente se expanda. Portanto, os fluxos (de qualquer espécie) regem atualmente o processo de globalização e consequentemente determinam o sucesso ou o fracasso de uma nação em seu processo de integração global.

Ora! Portanto, o fluxo crescente de pessoas, sejam latinos ou árabes para os Estados Unidos nas últimas décadas, atestam a efetivação da inserção do país americano no contexto da globalização, e qualquer ação que venha a proibir/barrar tal movimento migratório atua em um caminho contrário. Esta contramão é hoje academicamente chamada de “desglobalização”. Assim sendo, Donald Trump tem se destacado por uma política que pode levar a maior potência econômica do mundo a um relativo isolamento geopolítico, podendo impactar direta e negativamente na busca “americana” da superação da crise de 2008.

Ainda nos trilhos do estabelecimento de uma globalização ampla e que seja capaz de integrar todas as nações do globo, embora saibamos que apesar de integrados, os benefícios não serão oferecidos na mesma escala para as nações ricas e pobres (...), há a partir da década de 1990 (período pós Guerra Fria) a ampliação do processo de criação dos mercados regionais, também conhecidos como blocos econômicos. Notou-se isso com clareza na formação do North American Free Trade Agreement – NAFTA, composto por Estados Unidos, Canadá e México, que estabeleceu uma zona de livre comércio entre estas nações, visando uma colaboração maior entre estas economias e o desenvolvimento regional colaborativo.

Em relação ao NAFTA, Donald Trump é taxativo a respeito do que julga ser inviável aos Estados Unidos, que seria a permanência d do país nesse agrupamento regional, tendo manifestado abertamente a intenção de deixar o bloco futuramente. Seria outro passo na direção do isolamento geopolítico da nação americana. Seria outro passo no caminho da “desglobalização”.

Além de defender a retirada de um bloco econômico existente há mais de duas décadas, Trump ainda retirou os Estados Unidos de um grande projeto de integração, que seria a criação de uma zona de livre comércio transcontinental, chamada de Trans-Pacific Partnership – TPP, que contaria com a participação de nações da América, da Ásia e da Oceania. Em janeiro de 2017, o presidente dos Estados Unidos se retirou dessa proposta de criação de um “superbloco” com o risco colateral de ter rompido relações comerciais com antigos e importantes parceiros, e perdendo talvez a chance de realizar novas e vantajosas parcerias com outras nações.

A desistência do TPP e a política de defesa do fim do NAFTA tem levado o mundo a questionar o quão integrados e globalizados os Estados Unidos pretendem estar no século XXI. Isso acaba também por abalar a confiança de nações que têm alianças (de qualquer natureza) com o governo estadunidense, uma vez que há uma crescente incerteza de qual será a próxima associação política/econômica que Donald Trump abandonará.


Disponível em: <http://cdn.cnn.com/cnnnext/dam/assets/161118053613-cnnmoney-trump-trade-tpp-super-tease.jpg> Acesso em 06 dez. 2017

Nem mesmo a questão ambiental escapou deste rompante isolacionista do atual governo da Casa Branca, uma vez que Trump abandonou ainda o Acordo Climático de Paris, o qual foi negociado durante a COP-21, realizada na França em 2015. Este acordo previa a redução das emissões de CO2 para a atmosfera, ampliando as metas propostas na década de 1990 pelo Protocolo de Kyoto. Porém, para os Estados Unidos a redução do consumo de combustíveis fósseis poderia afetar negativamente o crescimento da economia nacional, amplamente dependente de petróleo. Esse pensamento motivou a saída da nação deste acordo climático global.

Na condição de uma das nações mais poluidoras da atmosfera na atualidade, os Estados Unidos com sua saída deste acordo do clima abra um precedente perigoso para a busca da sustentabilidade ambiental e por um maior equilíbrio entre as ações antrópicas e a natureza, uma vez que outras nações, menos poluidoras, podem se sentir desobrigadas/desresponsabilizadas a reduzir seu consumo de combustíveis fósseis e a liberação de gases poluente da atmosfera, tornando assim esse acordo global inviável ou mesmo insignificante.


Disponível em: <https://patricecarvalho.files.wordpress.com/2017/06/trump_climatosceptique.jpg?w=624> Acesso em 06 dez. 2017

Portanto, seja pela proposta de construção de um muro na fronteira com o México, ou ainda pelas restrições à entrada de imigrantes latinos ou árabes, ou mesmo pela ameaça de encerramento do NAFTA, ou também pelo abandono precoce do TPP, ou quem sabe pela não-aceitação dos termos do Acordo de Paris, os Estados Unidos têm se afastado cada vez mais de outras nações e tomando decisões cada vez mais unilaterais, na intensão de quem sabe um dia alcançar a tão sonhada (desde a Guerra Fria) unipolaridade mundial.

E olha que nem falamos, ainda, sobre a Coreia do Norte...


segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

CORREÇÃO COMENTADA DE GEOGRAFIA - FUVEST 2018



Questão 47

Nas últimas décadas, descobriu-se que os volumosos e inadequados descartes de resíduos plásticos e de outros materiais sintéticos, mesmo quando realizados nos continentes, podem resultar em consideráveis depósitos em áreas distantes nos oceanos e mares, seja em seu fundo, na coluna d’água, ou na sua superfície. Como consequência, ocorrem mudanças físicas, químicas e ecológicas nesses oceanos e mares, em que alguns desses depósitos já atingem a escala planetária, como é o caso dos materiais plásticos flutuantes representados na figura.


www.revistapesquisafapesp.br, maio de 2016.





Os depósitos flutuantes representados na figura apresentam-se

a) com padrões concentrados na parte interna dos giros oceânicos do Pacífico norte e sul, locais de menor atividade das grandes correntes marinhas.
b) com maior acumulação no litoral de ambos os hemisférios, devido à atuação de importantes correntes marinhas nessas áreas.
c) mais volumosos no hemisfério norte, em função das menores temperaturas de suas águas, o que faz aumentar a velocidade de correntes, como a do Peru e a do Japão.
d) com concentrações idênticas em ambos os hemisférios, devido à forte atuação de importantes correntes marinhas que transitam do hemisfério norte ao sul.
e) mais concentrados e abundantes no hemisfério norte, devido à grande mobilidade de importantes correntes marinhas, como a de Humboldt e a de Madagascar.

Resposta: A

Comentário:
O acúmulo de lixo nos oceanos encontra-se relacionado a dois aspectos primordiais, dos quais um é de caráter social, representado pelo padrão de consumo das sociedades capitalistas contemporâneas, que despejam toneladas de rejeitos (principalmente plásticos) no meio ambiente diariamente; e o outro aspecto é ambiental, representado pela dinâmica das águas continentais, que carreiam grande parte destes rejeitos até os rios, e posteriormente para os oceanos. Uma vez no oceano, estes rejeitos são transportados pelas correntes marinhas que circulam pelos oceanos em todas as latitudes. O lixo geralmente se concentra em regiões chamadas de “vórtices marinhos”, que podem ser entendidos como sendo o centro dos movimentos circulares das correntes marinhas, onde o processo de turbilhonamento das águas gera uma área “passiva”, onde o lixo chega e não é mais retirado. Em regiões de grande acúmulo destes rejeitos chegam a se formar verdadeiras “ilhas” de plástico nos oceanos, o que pode comprometer de maneira drástica a fauna aquática destes locais.

Questão 48

Às vésperas da Cúpula do G20, que teve início em 07 de julho de 2017, em Hamburgo, na Alemanha, a chanceler alemã, Angela Merkel, discursou no Parlamento e referiu-se a atores políticos importantes no cenário mundial, conforme os trechos transcritos a seguir.

Quem pensa que os problemas deste mundo podem ser resolvidos com o isolacionismo e o protecionismo está cometendo um enorme erro. Somente juntos podemos encontrar as respostas certas às questões centrais dos nossos tempos (...) Não podemos esperar até que a última pessoa na Terra esteja convencida da evidência científica das mudanças climáticas. Em outras palavras: o acordo climático (de Paris) é irreversível e não negociável.

www.jb.com.br/pais/notícias.


Analise as três afirmações seguintes, quanto aos objetivos e ao teor desses trechos do discurso.

I. Podem ser entendidos como uma crítica à saída dos EUA do acordo sobre as mudanças climáticas construído na COP21 de 2015, em Paris, à época assinado pelo ex-presidente Barack Obama. A saída foi justificada pelo atual presidente Donald Trump, afirmando que o acordo seria prejudicial à economia americana.

II. Trata-se de um elogio à recente postura de algumas autoridades do Reino Unido, o qual, em seu processo denominado Brexit, pretende proteger a economia britânica, mas sem afetar seus compromissos financeiros com o acordo de Paris de 2015 e os relacionados com as questões estratégicas coletivas da Comunidade Europeia.

III. Faz-se uma crítica direta à França, que, mesmo tendo sido a sede da COP21 de 2015, vem continuamente desobedecendo a esse acordo, pois contraria as metas firmadas de emissão de CO2 em suas atividades industriais. Está correto o que se afirma em

a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

Resposta: A

Comentário:
A crítica de Angela Merkel foi direcionada às ações do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Tais ações trouxeram à tona as ideias da “desglobalização”, uma vez que têm provocado um processo de “isolamento” geopolítico da potência americana. A retirada do país do Acordo Climático de Paris (razão da crítica da chanceler alemã) demonstra que a maior potência econômica do mundo pretende trilhar um caminho que diverge da atual fase da globalização, na qual as nações  têm buscado cada vez mais a aproximação e a interdependência geopolítica.

Questão 49

Contemporaneamente, pode-se definir a sociedade mundial como a do petróleo, devido à participação desta matéria prima em inúmeros produtos e atividades humanas. A utilização deste recurso natural data de muitos séculos, mas sua exploração e beneficiamento se expandiram somente a partir do século XX. A respeito desse recurso natural, é correto afirmar:

a) Houve uma forte redução do preço do barril, no início da década de 1970, por conta dos resultados das pesquisas envolvendo novos procedimentos de extração e refino.
b) A estatização, no Brasil, do transporte e do refino de petróleo iniciou-se no final dos anos 1930 sob o governo de Juscelino Kubitschek.
c) O início de seu uso como fonte de energia se deu em 1920, na Inglaterra, com a descoberta de reservas pouco profundas.
d) No final dos anos 1920, sete empresas petrolíferas mundiais constituíram um cartel controlador da extração, transporte, refino e distribuição do petróleo.
e) Os Estados Unidos possuem reservas ilimitadas de petróleo, o que ocasiona independência em relação aos países participantes da OPEP.

Resposta: D

Comentário:
Grande parte da produção econômica contemporânea das sociedades capitalistas se encontra pautada no uso do petróleo, principalmente no setor industrial. Este recurso fóssil foi definitivamente inserido nos processos produtivos a partir da II Revolução Industrial, em meados do século XIX, e hoje é a base de sustentação da maioria das cadeias produtivas, tanto para a geração energética, como para a utilização de seus vários subprodutos como matérias primas.
A maior parte das jazidas petrolíferas exploráveis do mundo se localiza no Oriente Médio, o que torna a região estratégica para a economia global, assim como palco para conflitos intensos ao longo do tempo. Até a década de 1960 o controle da exploração/produção/refino/comercialização do petróleo era exercido por um grupo de empresas dos Estados Unidos e da Europa, que foi batizado de Cartel das Sete Irmãs. Porém, como reação a essa exploração externa as nações que detinham as reservas se uniram e fundaram nessa mesma década a Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP, monopolizando a produção e controlando o preço deste recurso no mercado mundial.

Questão 50

Países europeus, como França e Alemanha, têm valorizado, principalmente nas duas últimas décadas, o estabelecimento da menor distância possível entre as áreas de produção agrícola e de consumo, o que se denomina circuito curto. Na França, o circuito curto é reconhecido por integrar, no máximo, um intermediário entre o produtor e o consumidor, quando não se trata de venda direta. No Brasil, ainda que não haja uma definição oficial, o circuito curto é identificado pela proximidade entre produtor e consumidor.


Moacir R. Darolt et al. A diversidade dos circuitos curtos de alimentos ecológicos: ensinamentos do caso brasileiro e francês. Agriculturas, v.10, n.2. Adaptado.


Considere a definição apresentada e analise as três afirmações:

I. A proximidade entre área de produção agrícola e de consumo pode contribuir para a redução da emissão de CO2.

II. O objetivo fundamental do circuito curto é a ampliação da lucratividade das grandes indústrias alimentícias, com ganhos advindos da redução dos custos de transporte.

III. Com o circuito curto, são geradas novas relações sociais, pelas quais se pode atingir o preço justo das mercadorias, tanto para o consumidor como para o produtor.

Está correto apenas o que se afirma em

a) I. b
b) II.
c) I e II.
d) II e III.
e) I e III.

Resposta: E

Comentário:
Embora haja um permanente crescimento e desenvolvimento técnico das atividades agrícolas do mundo, principalmente a partir da Revolução Verde (1950), muitos países desenvolvidos tentam reduzir os gastos produtivos, retomando em certas etapas do processo, ações simples, típicas de períodos anteriores à atual agricultura moderna. Os chamados Circuitos Curtos exemplificam essa estratégia, uma vez que visa estabelecer as áreas produtoras próximas dos centros consumidores, tendo em vista a eliminação de estágios intermediários entre a produção da mercadoria e seu consumo pela população. Esses intermediários (atravessadores) acabam agregando valor ao preço final do produto, automaticamente tornando-o mais caro e menos acessível ao consumidor final, tendo o “atravessador” ganhado um aparcela dos lucros que deveria/poderia ser conferida ao produtor. A implantação dos circuitos curtos  ainda é capaz de reduzir as despesas com transportes, assim como o consumo de combustíveis, e consequentemente a liberação de poluentes, ao mesmo tempo que garante ao produtor local uma parcela maior sobre os lucros do bem produzido, além de oferecer ao consumidor final uma mercadoria com preço mais baixo, dinamizando e ampliando o consumo/comércio.

Questão 51


O Brasil possui um território extenso, com 92% pertencentes à zona intertropical. As massas de ar que atuam em território brasileiro possuem influências oceânicas e continentais. Sobre as características dessas massas de ar, é correto afirmar:

a) W representa a Massa Equatorial Atlântica de ar quente e úmido, responsável pela grande umidade na Amazônia.
b) Y indica a Massa Polar Atlântica, que se desloca a partir do sul em direção ao norte do território brasileiro e tem como característica a presença de ar frio, podendo atingir a região Centro-Oeste no inverno.
c) Z indica a Massa Tropical Continental, que tem como característica a presença de ar quente e úmido, ocasionando alagamentos no Centro-Oeste no inverno.
d) X indica a Massa Equatorial Continental de ar quente e seco, que atua no nordeste do litoral brasileiro.
e) V representa a Massa Temperada Atlântica de ar frio e seco, que atua no sul do litoral brasileiro.

Resposta: B

Comentário:
Os climas observados no território brasileiro são influenciados principalmente pela atuação das massas de ar ao longo de todo o ano. Tais massas interferem nos climas regionais, modificando as condições de temperatura e umidade das regiões em que atual. São 5 as massas que atuam no país, das quais a Massa Equatorial Continental – MEC (W no mapa) é quente e úmida, e atua em quase todo o território nacional, aumentando a umidade e as temperaturas. Sua atuação é mais ampla nos meses de verão; a Massa Equatorial Atlântica – MEA (X no mapa) é quente e úmida, atinge os litorais norte e nordeste, trazendo a estes locais o calor e a umidade do oceano onde se forma; a Massa Tropical Continental – MTC (Z no mapa) que apresenta=se quente e seca, sendo ativa principalmente nos meses de verão, provocando calor e estiagem no centro-oeste brasileiro; a Massa Tropical Atlântica – MTA (V no mapa) que é quente e úmida, atuando nos litorais e interiores das regiões sul e sudeste, podendo chegar até mesmo no litoral do nordeste, provocando nestas regiões calor no verão e elevação dos índices pluviométricos no inverno; e a Massa Polar Atlântica – MPA (Y no mapa) que é a única massa fria que atua no Brasil, sendo também úmida. Esta massa, proveniente da Antártida, causa quedas de temperaturas nas regiões sul, sudeste, centro-oeste, podendo atingir até mesmo o norte e o litoral nordeste do país. A MPA atua apenas durante os meses de inverno.

Questão 52

No mundo virtual, milhões de pessoas falam, compram, compartilham dados e se reúnem para tratar dos mais variados assuntos.
Nas figuras, os números mostram a movimentação média, em 1 minuto, de algumas das principais empresas e ferramentas de internet nos anos de 2015 e 2017.



Sobre a internet e os números mostrados nas figuras, é correto afirmar:


a) Após um crescimento até a primeira década do século XXI, as ferramentas na internet apresentaram estagnação de utilização nos últimos anos.
b) Para todos os governos do mundo, independentemente do regime, a democratização da internet é uma ação estratégica.
c) O controle de dados e informações é descentralizado, o que confere equanimidade aos países membros da ONU.
d) A internet está em constante e rápida mudança, com novas ferramentas aparecendo com contribuições relevantes, enquanto outras vão perdendo espaço.
e) Empresas do ramo de serviços têm apresentado crescimento acentuado, o que não é observado em relação a empresas do ramo de entretenimento.

Resposta: D

Comentário:
A atual fase de desenvolvimento das sociedades capitalistas é pautada na fluidez e na volatilidade das ações/relações, sejam elas políticas, econômicas, sociais ou de qualquer natureza. Este período, inaugurado a partir da década de 1990 (pós Guerra Fria) teve na verdade o pós Segunda Guerra Mundial seu marco histórico inicial, pois nesse período o mundo passava pela III Revolução Industrial e a evolução rápida dos sistemas de transportes e principalmente de telecomunicações causou um “encurtamento” das distâncias e houve a ampliação das interações entre lugares e/ou povos. A fluidez, marca registrada deste atual momento, leva a uma constante e acelerada renovação de todos os aspectos sociais, como sistemas de serviços expostos nas imagens da questão, e esta renovação dinâmica acaba por trazer novidades diárias, em termos de aplicações/soluções para a vida moderna, assim como a superação/obsolescência daquelas que não se mostram tão eficientes.

Questão 53

As casinhas eram alugadas por mês e as tinas por dia; e tudo pago adiantado. O preço de cada tina, metendo a água, quinhentos réis; sabão à parte. As moradoras do cortiço tinham preferência e não pagavam nada para lavar.
(...) E, mal vagava uma das casinhas, ou um quarto, um canto onde coubesse um colchão, surgia uma nuvem de pretendentes a disputa-los.
E aquilo se foi constituindo numa grande lavanderia, agitada e barulhenta, com as suas cercas de varas, as suas hortaliças verdejantes e os seus jardinzinhos de três e quatro palmos, que apareciam como manchas alegres por entre a negrura das limosas tinas transbordantes e o revérbero das claras barracas de algodão cru, armadas sobre os lustrosos bancos de lavar.


Aluísio Azevedo, O cortiço.


Nas cidades brasileiras, particularmente no último quartel do século XIX, novas formas urbanas são constituídas, como os cortiços e as favelas. Sobre esse fenômeno, é correto afirmar:

a) A expansão periférica no século XIX, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, teve significativa presença de cortiços, devido à chegada massiva de imigrantes japoneses.
b) A primeira favela carioca teve sua origem no forte empobrecimento da população no contexto da crise cafeeira na região serrana do Rio de Janeiro.
c) A maior concentração dos cortiços da cidade de São Paulo, presentes no último quartel do século XIX, localizava-se na porção mais central da aglomeração urbana.
d) As primeiras favelas brasileiras se originaram devido à expansão da atividade industrial, no centro da cidade de São Paulo, no início do último quartel do século XIX.
e) Nas cidades do Vale do Paraíba, durante a expansão cafeeira, os cortiços eram muito frequentes, por conta da presença de imigrantes italianos empobrecidos.

Resposta: C

Comentário:
O texto utilizado pela questão faz menção às condições das moradias de grande parte das populações dos grandes centros urbanos brasileiros na transição dos séculos XIX e XX. Os cortiços eram moradias quase que comunitárias, onde se concentravam os trabalhadores e populações mais pobres destas cidades. Como a maior parte da demanda por esta mão de obra de baixa remuneração se dava nestes espaços urbanizados, é natural que estes cortiços (moradias dos trabalhadores) se localizassem nestas porções centrais, o que facilitava o acesso do funcionário à empresa /função que exercia.

Questão 54

O conceito de erosão apresenta definições mais amplas ou mais restritas. A mais abrangente envolve os processos de denudação da superfície terrestre de forma geral, incluindo desde os processos de intemperismo de todos os tipos até os de transporte e deposição de material. Outro conceito, mais restrito, envolve apenas o deslocamento do material intemperizado, seja solo ou rocha, por agentes de transporte como a água corrente, o vento, o gelo ou a gravidade, produzindo formas erosivas características.


R. Fairbridge. The Encyclopedia of Geomorphology, 1968. Adaptado.


Exemplo de processo ao qual se aplica o conceito mais restrito de erosão é

a) a formação de rochas.
b) a oxidação de rochas.
c) a formação de sulcos no solo.
d) a formação de concreções no solo.
e) o vulcanismo da crosta.

Resposta: C

Comentário:
Dos processos erosivos fazem parte da dinâmica natural da natureza e dos ambientes, porém as atividades antrópicas possuem um caráter potencializador deste processo, tornando-o mais presente, mais intenso e mais danoso de que aquele que se dá de modo natural. Por tratar-se de um processo, a erosão deve ser vista como um fenômeno que inicialmente ocorre de modo pequeno e pouco intenso, porém quando negligenciado pode tornar-se mais intenso e mais difícil de ser controlado/contornado. Assim, inicialmente a erosão se encontra na fase chamada de “efeito splash”, quando a gota de chuva impacta sobre o solo, movimentando lateralmente pequenas frações deste. Posteriormente tem-se a “erosão laminar”, que seria a evolução do processo, quando a camada mais superficial do solo é retirada pela enxurrada. Em seguida tem-se a criação de sulcos de fluxo preferencial da água, em um estágio erosivo chamado de “ravinamento”. Por fim, o processo erosivo atinge grandes profundidades e extensões, criando grandes buracos no solo, no estágio mais avançado, conhecido como “voçoroca”.

Questão 55

As primeiras práticas de agricultura datam de, aproximadamente, 10.000 anos. Neste período, ocorreram inúmeras transformações na sua base técnica, mas é, no decorrer da segunda metade do século XX, que a revolução agrícola contemporânea, fundada na elevada motorização mecanização, na seleção de variedades de plantas e de raças de animais e na ampla utilização de corretores de pH dos solos, de fertilizantes, de ração animal e de insumos químicos para as plantas e para os animais domésticos, progrediu vigorosamente nos países desenvolvidos e em alguns setores limitados dos países subdesenvolvidos.


Marcel Mazoyer & Laurence Roudart. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea, São Paulo: Unesp; Brasília: NEAD, 2010. Adaptado.


As transformações ocorridas na agricultura após meados do século XX foram reconhecidas como revolução verde, sobre a qual se pode afirmar:

a) Sua concepção foi desenvolvida no Japão e nos Tigres Asiáticos após a II Guerra Mundial.
b) Contribuiu para a ampliação da diversificação das espécies e do controle das sementes pelos pequenos agricultores.
c) Seus parâmetros produtivos estavam fundados, desde sua origem, em preservar e proteger a biodiversidade nas áreas de cultivo.
d) Com sua expansão, na África e no sudeste Asiático, as populações rurais puderam alcançar padrões de consumo semelhantes aos das grandes metrópoles.
e) Foi baseada na inovação científica e está atrelada à grande produção de grãos em extensas áreas de monocultura.

Resposta: E

Comentário:
O processo de desenvolvimento técnico em todas as esferas da economia global observado no pós Segunda Guerra Mundial impactou diretamente as atividades agrícolas, as quais passaram por um momento de grande evolução técnica e produtiva, tendo como intuito o aumento da produtividade, e consequentemente da lucratividade. Ao conjunto de processos atrelados à essa evolução deu-se o nome de Revolução Verde, tendo ocorrido ainda na  década de 1950 nos Estados Unidos (berço desta modernização) e no final da década de 1960 no Brasil. No bojo da Revolução Verde houve o desenvolvimento da biotecnologia e das contribuições laboratoriais/científicas para as atividades primárias, tais como as sementes híbridas, os pesticidas, os fertilizantes, as máquinas e implementos, a correção dos solos e em um estágio mais avançado de modernização os chamados Organismos Geneticamente Modificados – OGMs, popularmente chamados de transgênicos. No Brasil, essa modernização acabou por reproduzir e perpetuar o modelo agrícola dos plantations, que consiste no emprego de monocultoras, em grandes latifúndios, cuja produção se destina ao abastecimento dos mercados externos, tal qual ocorre desde o período colonial.

Questão 56

Observe os mapas referentes à delimitação da bacia hidrográfica do rio Xingu, com o detalhamento da parte sul, onde fica o Parque Indígena do Xingu (PIX).



Com relação às áreas delimitadas nos mapas, está correto o que se afirma em:

a) Devido ao avanço do desmatamento nessa bacia hidrográfica nas últimas quatro décadas, processo iniciado pela atividade pecuária ao longo dos rios e seguido pelo avanço da monocultura de eucalipto, inviabilizam-se quaisquer ações de recuperação e de conservação do bioma Amazônico.
b) O Parque Indígena do Xingu, criado principalmente para proteger diversas etnias indígenas, atua hoje como inibidor do avanço do desmatamento, função esperada para as diversas unidades de conservação previstas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
c) Dentre as grandes bacias hidrográficas amazônicas, a bacia hidrográfica do rio Xingu, na disposição leste-oeste, é uma das bacias da margem esquerda do rio Amazonas com importante conectividade entre dois biomas brasileiros: a Caatinga e o bioma Amazônico, ambos biológica e geologicamente diversos.
d) O desmatamento, observado no mapa, é resultado da monocultura de babaçu, praticada pelos indígenas que extraem seu óleo e vendem-no para indústrias de cosméticos.
e) O avanço do desmatamento nessa área deve-se às monoculturas de cana-de-açúcar e laranja, ambas cultivadas com variedades transgênicas adaptadas ao bioma Amazônico.

Resposta: B

Comentário:
A criação e delimitação de terras indígenas na região norte do Brasil tem como principal finalidade o estabelecimento de zonas de reservas/parques para que as populações de índios que ali habitam, tenham garantidos os seus direitos essenciais e suas condições de subsistência e manutenção de seus traços culturais. No caso do Parque Indígena do Xingu – PIX ele se insere eu uma das principais sub bacias da margem direita do rio Amazonas, em uma região de intenso desenvolvimento econômico, relacionado à expansão da fronteira agrícola na atualidade. Nesta região se estabelece o chamado “arco da devastação da Amazônia”, onde os processos de desmatamento, os conflitos fundiários e os conflitos indigenistas encontram-se mais intensos. A partir da imagem é possível observar que há um intenso processo de desmatamento da vegetação nativa no entorno do parque, porém os limites territoriais das terras indígenas acabam por limitar o avanço dessa devastação, sendo este um dos princípios norteadores para o estabelecimento e aplicação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.

Questão 57

Estuários são ambientes aquáticos em que há a transição entre rio (água doce, com salinidade menor que 0,5 g de NaCl por kg de água) e mar (água salgada, com salinidade maior que 30 g de NaCl por kg de água). Existem diferentes tipos de estuários, dos quais três deles são:

1. Estuário bem misturado: ocorre quando há grandes variações de maré e fortes correntes, causando rápida mistura entre as águas.
2. Estuário parcialmente misturado: ocorre quando o mar tem variações moderadas de maré e há mistura entre as águas, porém com diferenças entre a região superficial e a profunda.
3. Estuário do tipo cunha salina: ocorre quando o rio desemboca no mar, em que este tem pouca variação de maré, gerando grande estratificação.

Medidas de salinidade da água em função da profundidade foram realizadas em um ponto equivalente para esses três tipos de estuários, conforme mostrado no esquema a seguir, gerando os gráficos I, II e III.



A alternativa que relaciona corretamente o gráfico com a respectiva descrição do tipo de estuário é:


1
2
3
a)
I
II
III
b)
II
I
III
c)
II
III
I
d)
III
I
II
e)
III
II
I

Resposta: E

Comentário:

Nas imagens trazidas pela questão é possível observar uma relação direta entre o tipo de foz formado na desembocadura (exutório) de um rio e o nível de salinidade das águas em diferentes profundidades. Esse nível de salinidade encontra-se por sua vez atrelado à velocidade/intensidade com que se dá a mistura entre as águas salgadas dos mares e oceanos e as águas doces trazidas/despejadas pelos rios. Foram mencionados três tipos de foz para três rios hipotéticos, sendo que naquele em que se tem um Estuário bem misturado (1), onde é rápida a combinação entre águas salgadas e águas doces, reduzindo assim as variações nas concentrações de sal, que se tornam “homogêneas” em todas as profundidades, exemplificado pelo gráfico III. Naquele em que se tem um Estuário parcialmente misturado (2), onde ocorre uma relativa mistura entre as águas, fazendo com que na superfície se tenha uma menor concentração de sal, enquanto que nas águas mais profundas tem-se um pequeno aumento da concentração de sal, exemplificado pelo gráfico II. Já naquele com Estuário do tipo cunha salina (3), onde ocorre o contato entre o rio e o mar/oceano sem que haja grande variação do nível marinho, o que acaba por dificultar a mistura das águas por conta do barramento do fluxo que é criado pela resistência da linha de maré “constante”, o que faz com que a água doce permaneça apenas na superfície, mantendo nas porções mais profundas elevadas concentrações de sal, exemplificado pelo gráfico I.